Ceará tem melhor geração de vagas do NE em abril

Maior parte dos empregos formais criados no Estado ficou concentrada na Região Metropolitana

Escrito por Hugo Renan do Nascimento - Repórter ,

O Ceará registrou no mês de abril saldo positivo de 3.098 vagas de emprego formal. O resultado é o melhor entre todos os estados do Nordeste e o oitavo no ranking nacional. Os dados foram divulgados nessa sexta-feira (18) pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e mostram que o Estado teve o melhor abril desde 2015.

O resultado é visto como positivo, mas ainda é pequeno em relação à atual questão do desemprego no Estado, tendo em vista que falta trabalho para 1,39 milhão de cearenses, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última quinta-feira (17).

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"Embora o resultado tenha sido positivo, temos que considerar que o saldo ficou concentrado na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Cerca de 81% desse resultado foi da RMF", analisa o coordenador de Estudos e Análises de Mercado do Instituto do Desenvolvimento do Trabalho (IDT), Erle Mesquita.

No ano, o Estado acumula saldo positivo de 5.811 vagas abertas. No período de 12 meses, o saldo está positivo em 14.833 postos com carteira assinada.

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Setores e subsetores

Segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregos, os setores de serviços (2.695), construção civil (372) e comércio (109) puxaram o saldo positivo de abril. "O subsetor de comercialização e administração de imóveis, valores mobiliários e serviços técnicos foi o principal responsável com a geração de 1.326 vagas formais. São segmentos importantes por conta da verticalização de Fortaleza", acrescenta ele. Também no setor de serviços os destaques foram: serviços de alojamento, alimentação, reparação, manutenção e redação (567) e serviços médicos, odontológicos e veterinários (329). Já o subsetor de comércio varejista gerou 200 vagas formais em abril.

A indústria cearense criou 35 empregos com carteira assinada. Entre os subsetores, a indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos obteve saldo positivo de 120 vagas. Já a indústria metalúrgica gerou 59 postos de trabalho formal.

A construção civil também apresentou resultado positivo. Em abril, foram 312 vagas no segmento. "Mais uma vez conta pela verticalização de Fortaleza", afirma o coordenador do IDT. A administração pública fechou o mês com saldo positivo de 13 empregos.

Na contramão destes resultados, apenas a agropecuária cearense e o setor de serviços industriais de utilidade pública tiveram saldos negativos, de 115 e 42 postos, respectivamente.

Tendências

De acordo com Erle Mesquita, o resultado apontado pelo Caged em abril ainda mostra que há uma volatilidade muito grande de um mês para o outro. "Tem muita oscilação puxada por desempenhos pontuais. O que a gente tem visto é uma vertente que alguns setores têm desempenho mais favoráveis, como no caso dos serviços".

O coordenador do IDT afirma também que, embora o resultado de abril seja positivo, ainda há um déficit muito grande no mercado de trabalho.

"Os dados do IBGE, divulgados nesta semana, mostram que a gente tem uma proporção de trabalhadores excluídos do mercado. Três em cada 10 estão indo para o setor do trabalho por conta própria", explica. Mesquita ressalta que há, de fato, de uma maneira geral, uma paulatina melhora no mercado de trabalho. "Entretanto, em medida insuficiente para dar conta da força de trabalho excluída. Nós temos uma situação preocupante porque há uma crise econômica e a tendência ainda é um pouco pessimista, apesar dos sinais de melhora em relação a 2016 e 2017", disse.

Concentração

O coordenador do IDT chama atenção para a grande concentração de geração de trabalho na RMF. "As atrações de investimento estão cada vez mais fortalecidas na área metropolitana em detrimento do Interior do Estado. São desafios para o poder público alocar mais investimentos nessas áreas. Precisamos de políticas públicas para descentralizar isso", diz.

De acordo com os dados de abril do Caged, a RMF foi responsável pela geração de 2.520 vagas formais, o melhor resultado entre as áreas metropolitanas pesquisadas do Nordeste, estando à frente de Salvador (-2.117) e Recife (-105). Já o Interior do Ceará abriu 578 postos de trabalho com carteira assinada.

Entre os 10 municípios, com mais de 30 mil habitantes, que mais geraram empregos formais estão: Fortaleza (1.980), Sobral (316), Quixeramobim (270), Maracanaú (269), Eusébio (265), Crato (195), Caucaia (118), Morada Nova (113), Tauá (70) e Pacatuba (54).

Já os 10 municípios cearenses que mais encerraram vagas se encontram São Gonçalo do Amarante (-143), Itapipoca (-97), Maranguape (-69), Barbalha (-61), Aracati (-61), Horizonte (-55), Russas (-41), Itapajé (-34), Limoeiro do Norte e Juazeiro do Norte (-25).

Nordeste

Entre os estados do Nordeste, o Ceará foi o que mais gerou empregos formais. Em seguida, aparecem Bahia (1.976), Maranhão (1.332), Piauí (579), Sergipe (266) e Paraíba (154). Os estados que perderam mais vagas foram Alagoas (-2.565), Pernambuco (-270) e Rio Grande do Norte (-123).

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