Mudanças visam à redução de despesas

Estudo conjunto da Câmara e Senado apresenta diretrizes para a proposta de reforma Previdenciária

Escrito por Yohanna Pinheiro - Repórter ,
Legenda: A justificativa para a idade mínima leva em conta que apenas 26,8%, com maior renda, se aposentaram por idade em 2013
Foto: Foto: Kiko Silva

Apesar de representantes da equipe econômica do governo se posicionarem frequentemente na mídia a respeito do que poderá ser proposto no âmbito da reforma da Previdência Social, ainda não foi apresentada uma proposta oficial, o que dificulta o discernimento entre quais são as mudanças que efetivamente estão sendo cogitadas das que são somente especulação.

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Ainda assim, um estudo técnico realizado em setembro do ano passado conjuntamente pelas consultorias de Orçamento, Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados e do Senado Federal apontam as diretrizes do que o presidente interino deve apresentar nos próximos meses para discussão no Congresso. O documento lista uma série de medidas para a redução do déficit do Orçamento.

Em relação à Previdência, uma das propostas do estudo é o estabelecimento de uma idade mínima para a aposentadoria, aumentando a carência para o recebimento do benefício por idade de 15 para 20 anos. O acréscimo seria imediato, para 16 anos e, a partir de então, de três meses a cada ano, até chegar à exigência de 20 anos de contribuição. O cálculo do benefício seria 65% mais 1% por cada ano de contribuição.

A justificativa tem base no dado de que, em 2013, apenas 26,8% dos trabalhadores, geralmente com maior renda, se aposentaram com idade média de 54 anos. "O objetivo dos sistemas previdenciários é garantir renda aos segurados que perderam a capacidade de trabalhar (...). No entanto, o que se observa (...) é algo diferente", aponta o estudo, que estima uma redução de despesa de R$ 400 milhões já em 2016 e, em dez anos, de R$ 11,4 bilhões.

Sob a mesmo argumento, o estudo propõe ainda modificar o atual sistema 85/95, que soma a idade e o tempo de serviço do beneficiado, progredindo um ponto a cada dois anos para mulheres e 1 ponto a cada três anos para homens, até chegar em 105 pontos para ambos. A mudança também representaria o fim do fator previdenciário, cálculo que pode reduzir ou elevar o benefício a depender da idade e do tempo de contribuição. A estimativa de redução de despesa já para 2016 é de R$ 1,2 bilhões e, em dez anos, de R$ 64,2 bilhões.

Igualdade de regras

Em outro ponto, o estudo sugere implementar a igualdade entre as regras para homens e mulheres, com elevação, de imediato, da idade de aposentadoria da mulher para 61 anos. A partir de então, o aumento seria de três meses ao ano até chegar aos 65, com possibilidade de antecipação da aposentadoria em até 5 anos, com desconto de 6% ao ano, desde que cumpridos pelo menos 35 anos de contribuição.

Segundo o estudo, a diferença não mais se justifica por, na atualidade, as taxas de fertilidade das mulheres serem mais baixas. "(A diferenciação foi) criada em tempos quando a taxa de fertilidade era muito maior do que a atual, o que alongava substancialmente o período aquisitivo da mulher, além de reduzir sua expectativa de vida", justifica. Prevê-se que a mudança reduza as despesas em R$ 1,3 bilhão em 2016 e em R$ 39,4 bilhões em dez anos.

Negociação

O documento ainda inclui mudanças no regime de previdência dos servidores públicos, militares e pensionistas, mas ainda é difícil dizer o que efetivamente será tratado na proposta oficial do governo. Ela vem sendo negociado com centrais sindicais e representantes do setor produtivo há três meses, mas só deverá ser enviada ao Congresso após as eleições municipais, em outubro deste ano.

Por enquanto, sabe-se que as novas regras atingirão quem tem até 50 anos, idade a partir da qual, como regra de transição, os trabalhadores deverão pagar uma espécie de "pedágio" de 40% ou 50% do período que ainda falta para sua aposentadoria. Por exemplo: se faltar um ano, a pessoa terá de trabalhar mais seis meses para conseguir o benefício. Assim, a tendência é que as pessoas trabalhem e contribuam por mais tempo até poderem se aposentar.

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