CE: linhas de transmissão elevarão atratividade

Com infraestrutura melhorada, Estado pode atrair mais investimentos para o setor a partir de 2019

Escrito por Bruno Cabral - Repórter ,
Legenda: Dois leilões estão previstos para este ano, sendo um neste primeiro semestre e outro no segundo. A falta de conexão das linhas de transmissão do Estado influenciaram desempenho do Ceará nos últimos leilões de energia

Apesar de não ter obtido sucessos nos dois últimos leilões de energia, realizados em dezembro de 2017, o Ceará pode atrair novos investidores de forma consistente a partir de 2019, conforme sejam implantadas novas linhas de transmissão. Nos leilões A -4 e A -6, realizados nos dias 18 e 20 de dezembro, respectivamente, o Estado não recebeu nenhum projeto. Na ocasião, o Governo do Estado atribuiu o resultado à falta de conexão das linhas de transmissão, à baixa demanda por energia devido à menor atividade industrial e ao preço do megawatt (MW) comercializado no leilão, abaixo da média dos demais certames realizados.

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"No próximo leilão A -4 (para implantação de parques em 4 anos), ainda não vejo o Ceará participando com uma grande expectativa, mas a partir de 2019, sendo bem realista, o Ceará certamente irá competir com mais intensidade, principalmente se for feito um trabalho mais intenso com o Ministério de Minas e Energia para antecipar as obras de transmissão", avalia Joaquim Rolim, coordenador do Núcleo de Energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec). "Acredito que no próximo leilão A -6 (para implantação de parques em 6 anos), a gente já vai competir melhor".

Segundo Rolim, a carência de linha de transmissão foi o maior gargalo para o Ceará no último leilão A-4, uma vez que cerca de 90% dos projetos contratados foram fotovoltaicos e em torno de 2/3 dos projetos solares no Ceará, principalmente na região de Russas e Quixeré, terem restrição de linhas de transmissão. "A subestação de Russas está sem condições de receber novas conexões", diz Rolim.

Para este ano estão previstos dois leilões de transmissão, sendo um no primeiro semestre e um no segundo semestre. "O investimento em linha de transmissão é de longo prazo, em torno de cinco anos. Então não daria para o leilão de energia A-4. Mas para o A-6 a nossa análise é diferente porque já há projetos bem maturados", diz Rolim. "Quem tem linha de transmissão consegue competir melhor, e os empreendedores com financiamento externo acabam sendo beneficiados", afirma.

Cenário

Para 2018, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) prevê, até o momento, dois estudos para expansão de transmissão de energia no Ceará, sendo um na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e outro no sul do Estado que deverão ser concluídos no primeiro semestre. Os estudos visam, sobretudo, o atendimento ao crescimento da carga de energia elétrica, podendo também contribuir para o escoamento da geração de energia, principalmente na região Sul do Estado. De acordo com a EPE, a motivação dos dois estudos é a necessidade de novos pontos de suprimento de energia em Fortaleza e na região do Crato, a partir de 2024, para atendimento às cargas da Enel.

Para o segundo semestre também está prevista a licitação de subestação Jaguaruana, que visa eliminar atuais restrições para a participação de projetos eólicos e solares na região de Russas, Quixeré, Jaguaruana e Aracati nos leilões de energia. "Será muito importante se conseguirmos antecipar para o leilão previsto para o primeiro semestre de 2018", diz Rolim.

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