Alta do emprego será última a dar resposta

Os motivos que devem atrasar a retomada das contratações incluem o ajuste dos estoques na indústria

Escrito por Redação ,
Legenda: Em setembro deste ano, a Região Metropolitana de Fortaleza tinha 245 mil desempregados
Foto: FOTO: MARÍLIA CAMELO

Para o economista Henrique Marinho, existe uma luz no fim do túnel para 2017, mas a saída desta crise profunda ainda será lenta no próximo ano. "A última variável a responder será o emprego. Teremos um índice crescente de desemprego no primeiro trimestre se as taxas não mudaram e o PIB for negativo. No segundo trimestre, deve haver uma reação lenta e gradual se as coisas acontecerem positivamente, como se espera, e se não houver nenhuma pedra no caminho", analisa o especialista.

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A mesma expectativa é compartilhada pelo economista Allisson Martins. "O emprego, infelizmente, será uma das últimas variáveis a apresentar melhora no cenário econômico. Os principais motivos para isso são o ajuste dos estoques na indústria, da fraca demanda no comércio, além da pressão dos custos na margem de lucro dos empresários, que fazem as empresas postergarem a contratação de pessoal", exemplifica.

Balanço

O agravamento, em 2016, da crise nacional reverberou no mercado de trabalho, de acordo com o coordenador de Estudos e Análise de Mercado do IDT, Erle Mesquita. Ao longo do ano, as taxas na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) foram superiores a dois dígitos. Em setembro, representou 13,2% da força de trabalho. "Isso mostra a intensidade que foi percebida nos diferentes setores de atividades, gêneros, faixas etárias e raças. Claramente a falta de emprego se alastrou dos chefes de família aos demais membros", constata.

Em setembro deste ano, eram 245 mil desempregados na Região Metropolitana de Fortaleza, contra 166 mil no mesmo período em 2015.

"São 79 mil pessoa a mais. Em média, sete mil pessoas para fora por mês. Este desemprego afeta diferentes todos os setores e os empresários perdem mão de obra. Perde-se quase R$ 200 milhões por mês de renda que viria do trabalho, o que representa menor arrecadação tributária", analisa.

Cooperação

O aumento do desemprego ocorreu de forma intensa que os que estão empregados buscam gastar menos. Segundo o especialista, "é preciso reverter essa situação, pois em âmbito nacional, 60% do PIB são oriundos do mercado consumidor e da força de trabalho. Se não existir um pacto de cooperação entre trabalhadores, empresários e governo não conseguiremos ver resultados a curto prazo", propõe Erle Mesquita. (CK)

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