Feiras de marcas autorais movimentam até R$ 208 mil

Expositores reúnem-se em espaços dissociados de atividades apenas de consumo para reforçar o conceito de seu trabalho

Escrito por Redação ,
Legenda: O Mercado dos Pinhões, localizado no Centro, sedia, há um ano e meio, uma das feiras mais expressivas de Fortaleza no segmento de produção autoral, o Babado Coletivo
Foto: Foto: Thiago Gadelha

Surgidas como espaço dedicado à exposição de marcas autorais e de pequenos produtores, as feiras e mercados coletivos acabaram se transformando em eventos que, além de consolidarem um público fiel, movimentam recursos que são aplicados diretamente na economia local. Abrigados em locais geralmente dissociados das atividades apenas de consumo, esses eventos, que costumam acontecer em dois dias, ou mesmo durante uma tarde, movimentam até R$ 208 mil por edição.

O Mercado dos Pinhões, no Centro, sedia, há um ano e meio, uma das feiras mais expressivas de Fortaleza nesse segmento, o Babado Coletivo. Na penúltima edição do evento, realizada em um fim de semana de dezembro, foram mais de 40 expositores reunidos, incluindo os de gastronomia, com público médio de seis mil pessoas.

"Tivemos uma marca que vendeu R$ 20 mil no evento, foi o recorde. A média por expositor costuma ser de R$ 4 mil a R$ 6 mil", contabiliza Hadji Aires, organizador do evento. Ao todo, segundo ele, a feira de dezembro movimentou R$ 208 mil. "É um dinheiro que circula na economia local, entre os próprios produtores, para eles crescerem", destaca o organizador.

Para participar, cada expositor precisa desembolsar entre R$ 200 e R$ 600, dependendo do tamanho do estande escolhido - o espaço que pode, ainda, ser dividido entre duas ou três marcas. "Esse valor inclui os custos do evento, que é dividido entre todos os participantes, e envolve mídias sociais, assessoria, fotos, segurança, limpeza, sistema de som, decoração", enumera Hadji.

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Demanda por bons espaços

Antes de se firmar no calendário da cidade, o Babado Coletivo começou com porte bem menor, reunindo apenas 12 expositores em um restaurante na Praia de Iracema, há dois anos. A ideia surgiu a partir da procura de Hadji - que também assina, em parceria com outros sócios, uma marca autoral - por espaços que priorizassem a exposição dos produtos, e não apenas descontos e preços baixos, como acontece em grandes bazares realizados na Capital.

"Fizemos uma seleção de marcas originais, criativas e que, na identidade, conversassem com a cidade. A primeira edição foi uma lotação e logo apareceram várias outras marcas com interesse em participar, não só de vestuário, mas de design, decoração", lembra ele.

Nesse ritmo, a feira, que tinha a intenção de ser um canal de aproximação dos produtores com os clientes, acabou gerando influência até no cronograma de produção dessas marcas.

"Elas foram evoluindo junto com o evento, e hoje já se programa e lançam coleções para serem mostradas lá", aponta Hadji. Sem data fixa para acontecer, o Babado Coletivo conta com até quatro edições por ano, geralmente associadas a grandes datas comemorativas ou eventos culturais da cidade.

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Feiras visavam aproximar os clientes dos produtores, mas acabaram ditando também o ritmo da produção e da realização dos eventos Foto: Thiago Gadelha

Mercado Transversal

Um jardim de um pequeno centro comercial, na Aldeota, também recebe, a cada dois meses, o Mercado Transversal, feira voltada para os produtores criativos e que surgiu a partir dos mesmos anseios que originaram o Babado Coletivo: a necessidade de um local para expôr o trabalho e que se encaixasse no conceito da produção dos expositores.

"A ideia era ter um lugar para mostrar os produtos, e quanto mais a gente participa dessas feiras, mais a marca vai ficando conhecida. Vender é uma consequência", define a designer de moda Lola Sciwinzki, criadora da feira.

O espaço comporta apenas 17 expositores, que pagam uma taxa de R$ 75, em média, relativa aos custos do evento. A lista de inscrições, na qual estão cadastrados os expositores à espera de uma vaga na feira, já soma 350 empreendedores, entre produtores de moda, acessórios e artesanato. "Agora, para janeiro, não tinha feira programada, mas teve tanta procura que acabamos fazendo todos os fins de semana deste mês", revela Lola, acrescentando que o público tem sido crescente no evento.

Clientela disposta

Mesmo sem fazer um levantamento financeiro do quanto circula na feira, ela estima que, a cada edição, as vendas gerem cerca de R$ 10 mil. "A faixa etária de quem vem é entre 20 e 40 anos, tanto homens quanto mulheres, e eles vêm realmente dispostos a comprar", conta.

Há pouco mais de seis meses, em paralelo ao Mercado Transversal, Lola também abriu uma loja física colaborativa, a MT Store, onde são expostos produtos de oito marcas desenvolvidas por pequenos produtores, incluindo a dela, a Dora Doralina, voltada para artigos de mesa e decoração de casa.

Para expôr na loja, os produtores pagam uma taxa mensal, além de repassarem um percentual das vendas. "Os custos são divididos, assim como na feira, e os expositores não têm que lidar com burocracias, só repôr os produtos", aponta.

Mais informações:

Para saber quando acontecem as feiras, é necessário acompanhar o perfil delas nas mídias sociais.

Facebook.com/MercadoTransversal

Facebook.com/babadocol

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