Dólar sobe 0,89% sobre o real, com nervosismo sobre política local

Investidores voltaram a comprar divisas após o Congresso adiar novamente a votação de vetos presidenciais com impacto fiscal e antes do julgamento das contas do governo pelo TCU

Escrito por Reuters ,

O dólar fechou em alta de quase 1% sobre o real nesta quarta-feira (7), com investidores voltando a comprar divisas após três dias de queda firme, nervosos com as perspectivas políticas após o Congresso Nacional adiar novamente a votação de vetos presidenciais com impacto fiscal e antes do julgamento das contas do governo pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

O dólar avançou 0,89%, a R$ 3,8771 na venda. O dia foi de sobe e desce, com a moeda chegando a R$ 3,7880 na mínima, menor patamar intradia desde 9 de setembro (R$ 3,7671) e a R$ 3,8902 na máxima. Nas três sessões anteriores, a moeda norte-americana havia acumulado queda de 3,99% contra o real.

"Quem tinha vendido (dólares) nos últimos dias está comprando hoje. Ninguém quer pagar para ver se os problemas políticos vão se resolver", disse o operador de uma corretora nacional.
 
Pelo segundo dia seguido, não houve quórum de deputados e o Congresso adiou novamente sessão em que analisaria os vetos presidenciais que evitam maiores gastos públicos. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), havia afirmado mais cedo que, caso a sessão conjunta entre senadores e deputados fosse novamente cancelada por falta de quórum, caberia ao Executivo articular melhor sua base.
 
Além disso, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux decidiu manter o julgamento das contas públicas do governo federal de 2014 pelo Tribunal de Contas da União (TCU) marcado para esta quarta-feira (7), após o governo pedir o afastamento do relator do caso, o ministro Augusto Nardes. O julgamento pode abrir espaço para o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
 
"Há muito ruído político e o mercado tem dificuldade para operar quando falta clareza", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
 
Com isso, o real descolou de outros mercados emergentes, onde o dólar recuava. Nos últimos dias, uma rodada de indicadores econômicos fracos sobre os Estados Unidos alimentou as apostas de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, pode esperar mais antes de dar início ao aperto monetário, o que aconteceria só em 2016. A manutenção de juros perto de zero na maior economia do mundo pode sustentar a atratividade de investimentos em países como o Brasil, que pagam juros elevados.
 
O Banco Central brasileiro deu continuidade, nesta manhã, à rolagem dos swaps cambiais que vencem em novembro, vendendo a oferta total de até 10.275 contratos, equivalentes à venda futura de dólares. Até agora, a autoridade monetária já rolou US$ 2,558 bilhões, ou cerca de 25% do lote total, que corresponde a US$ 10,278 bilhões.
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