Na linha do controle financeiro

Após um ano em que gastou mais do que o habitual, a família pretende voltar a se organizar

Escrito por Redação ,
Legenda: A família quebra o estilo de consumo associado às famílias de classe alta
Foto: Foto: Tuno vieira

Com vista panorâmica para a cidade iluminada, amplas áreas de convivência e decoração simples, a residência dos Pamplona Magalhães reflete bem o espírito da família: prezam por uma vida confortável, esbanjam jovialidade e estão sempre abertos a receber amigos em casa. Esse estilo de vida não significa, contudo, um orçamento generoso e que dispense planejamento financeiro. Influenciados principalmente pela única mulher da família, a professora Débora Andrade Pamplona, 50, eles quebram o estereótipo consumista geralmente associado às famílias de classe alta e seguem, quase à risca, a máxima de gastar somente com aquilo que realmente precisam.

Esse posicionamento financeiro, aliás, é quase uma característica pessoal de Débora, e que vem sendo absorvido pelo marido, o engenheiro civil Joaquim Magalhães, 49, e pelo filho, o universitário Juan Cândido Pamplona Bezerra, 22. "Meu pai é muito controlado, então ele sempre trouxe isso para dentro de casa, a consciência de como gastar dinheiro. Mas acho que isso é uma coisa da minha natureza mesmo, meu sobrenome é economia", brinca Débora, lembrando que, ainda solteira, seguia a regra de gastar apenas 10% do salário, e guardar os outros 90%.

Ensinamentos de família

Para o marido, algumas das economias de Débora chegam a soar engraçadas, mas ele reconhece que aprendeu - e continua aprendendo - a fazer o uso consciente do dinheiro. "Principalmente no dia a dia, com essas despesas efêmeras, coisas que talvez você nem precise ter. Hoje, eu sempre me pergunto: 'Será que eu estou precisando disso agora?'. Mas foi uma coisa legal que eu consegui absorver, e isso se somou à minha ideia de viver confortável e conseguindo economizar", avalia, apesar de admitir que, algumas vezes, se permite alguns gastos.

Juan, o único filho do casal, é estudante de Engenharia Civil e procura estar no meio termo quando o assunto é finanças, entre a economia da mãe e a flexibilidade com algumas despesas autorizadas pelo pai.

Recém-chegado de uma temporada na Austrália, onde era bolsista do programa Ciência Sem Fronteiras, ele almeja a independência financeira. "Eu não gosto de estar dependendo dos meus pais. Assim que eu conseguir um estágio, pretendo deixar de receber a mesada", projeta o universitário.

O orçamento individual de Juan é complementado, ainda, por algumas apresentações musicais que ele faz, geralmente no fim de semana.

Voltando aos eixos

No ano passado, a compra do novo apartamento e as viagens para a Austrália para minimizar a saudade do filho foram fatores de peso que fizeram com que a família fugisse um pouco da organização financeira habitual. "Foi um ano que não deu para juntar nada, gastamos muito. A minha meta para 2015 é voltar ao normal e conseguir juntar de novo", estabelece Débora.

Outro projeto da família é uma nova viagem, experiência que eles procuram vivenciar todos os anos. Esse plano, entretanto, não tem ainda data definida, ou uma necessidade urgente de ser concretizado, garantem eles. "A gente estava pensando em ir para o Canadá, mas não tem nada ainda planejado", adianta o engenheiro civil.

O Canadá, aliás, faz parte dos projetos do casal a longo prazo, já que eles almejam estabelecer morada por lá, mas apenas daqui a alguns anos.

Despesas

Apesar de terem uma renda mais alta do que a grande maioria da população de Fortaleza, eles também sentem o impacto de contas sazonais. "Neste mês de janeiro, o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) vai ser algo bem pesado no orçamento, porque são três carros", contabiliza.

Além disso, eles já se preparam para os aumentos no combustível e na conta de energia, anunciados pelo governo. Tudo isso, sem deixar de desfrutar de alguns momentos de lazer juntos, tampouco fugir das metas e hábitos econômicos adotados pela família. (JC)

Educação para o consumo em foco

No ano em que o controle financeiro assume um papel ainda mais importante no orçamento das famílias devido às mudanças previstas para retomar o crescimento do País, a educação para o uso consciente do dinheiro é uma ferramenta estratégica para fugir do endividamento. Para contribuir com esse equilíbrio, a professora e economista doméstica Shandra Carmen de Aguiar vai ser a mentora do projeto "Educação Financeira como prevenção ao superendividamento e incentivo ao consumo consciente".

A ação foi contemplada em um edital do Ministério da Justiça, lançado no contexto da atualização do Código de Defesa do Consumidor, e consiste em aulas de educação financeira que serão ofertadas em Fortaleza e outras cinco cidades das regiões Norte e Nordeste, além de Porto Alegre. Com foco no público universitário, as aulas devem começar entre fevereiro e março e são gratuitas. "A intenção é contemplar também as mulheres, principalmente aquelas que são provedoras do lar", acrescenta Shandra Carmen.

Consciência

"A gente pensa numa educação em que as pessoas vão entender a publicidade, a sociedade de consumo. O consumidor precisa se emponderar do conhecimento, para consumir de forma consciente", explica Shandra.

A meta para este ano é passar essa formação para cerca de 210 pessoas nas cidades por onde o curso vai passar, acrescenta a mentora do projeto.

"Nós estamos começando o ano com um aumento absurdo de energia elétrica, além de IPTU, IPVA, matrícula e material escolar. O consumidor precisa de proteger", diz Shandra. (JC)

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