Momento é propício para o consumidor negociar o preço

Construtoras devem oferecer aos clientes descontos maiores para compensar a alta dos juros da Caixa

Escrito por Redação ,
Legenda: Tamanho do desconto que pode ser obtido pelos consumidores depende de cada negociação, que leva muitos fatores em questão
Foto: Rafa Eleutério

Com juros reajustados, o consumidor acabará tendo que pagar mais nas parcelas do financiamento imobiliário, mas também ganha uma grande possibilidade de conseguir desconto no preço dos imóvel, para compensar a alta nas taxas. A afirmação é do diretor-tesoureiro do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci), Armando Cavalcante, que diz acreditar em uma elevação no poder de barganha dos interessados no negócio.

"É o momento de negociar, não tenha dúvida. As construtoras ficarão mais abertas a darem descontos para compensar os juros maiores, e o consumidor pode se aproveitar disso. Se tiver uma boa quantidade para a entrada, o poder de barganha fica ainda maior", diz Cavalcante.

O diretor do Cofeci, porém, não estimou qual o tamanho do desconto que pode ser obtido pelos consumidores, ressaltando que cada negociação é diferente e leva muitos fatores em questão, como a necessidade do vendedor, a condição de pagamento, dentre outros. "Em São Paulo, é possível conseguir abatimento de até 30% no valor da entrada, mas isso não quer dizer que no País inteiro será assim. No Ceará, por exemplo, o mercado é bem diferenciado", conta.

Sem desistências

Para Armando Cavalcante, apesar da medida da Caixa "logicamente afetar o mercado como um todo", os consumidores que estão decididos a comprar um imóvel dificilmente desistirão de levar o negócio adiante.

"O que muda é que aquela pessoa que já tinha feito seus cálculos baseados nos juros antigos terá que rever os gastos, pois a mudança afeta as prestações. Não acredito, porém, que as vendas caiam muito no mercado cearense. Os consumidores terão essa parada para reflexão, mas voltarão para o mercado", analisa.

O diretor-tesoureiro do Cofeci também disse que não sabe o que esperar dos próximos meses, no que diz respeito a novas elevações nos juros. "Com esse governo, ninguém sabe o que vai acontecer. O ministro da Fazenda vem tomando medidas muito rigorosas, de contensão de despesas, mas ele certamente não vai querer falir o País", ressalta Cavalcante. Para ele, apenas medidas "suportáveis" pela população serão adotadas.

Valores devem cair

Outra consequência da alta dos juros da Caixa deve ser uma queda generalizada no preço dos imóveis. De acordo com o Índice FipeZap, que acompanha o preço de venda dos imóveis em 20 cidades brasileiras, aliás, o valor do metro quadrado (m²) de Fortaleza já apresentou recuo de 0,28% em março, após também ter apresentado retração de 0,26%, em fevereiro. Com o resultado anotado no período, o valor médio do m² na Capital ficou em R$ 5.319.

"O mercado já sinalizava que baixaria os preços neste início de ano. Agora, com a Caixa aumentando os juros nos contratos dentro do SFH, fica ainda mais lógico isso acontecer, para compensar a alta nas parcelas do financiamento", afirma Daniele Akamine, sócia-diretora da Akamines Negócios Imobiliários. "Nos últimos meses, o valor dos imóvel têm aumentado menos que a inflação. É uma desaceleração bastante evidente", completa.

Akamine também acredita que esse é o momento perfeito para que o consumidor negocie o valor dos imóveis. Ela ainda diz não acreditar que a procura por imóveis para aluguel vá disparar com o aumento dos juros da Caixa. "Temos uma cultura no País de que é necessário ter seu imóvel próprio. Além disso, o preço do aluguel ainda é considerado alto no Brasil", diz. (AL)

 

Crédito já sinaliza que esfriou no Estado

Mesmo com representantes do setor afirmando que o novo aumento dos juros da Caixa não vai impactar muito no mercado imobiliário cearense, o financiamento de unidades já dá sinais de que esfriou no Ceará. Para se ter uma ideia, o mesmo recuou 54% em fevereiro ante igual mês do ano passado, quando o volume de crédito contratado passou de R$ 267,42 (2014) milhões para 120,73 milhões (2015). Os dados são da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

Em números absolutos, as unidades financiadas no Estado, em fevereiro deste ano, foram apenas 526, contra um total de 1,5 mil em fevereiro de 2014. Apesar de ruim, a Abecip, porém, afirmou que "esse resultado foi o quinto melhor entre os meses de fevereiro na série histórica".

No mesmo texto, divulgado em abril, a Abecip pondera sobre o aspecto negativo que os dados sinalizaram para o setor - não só no Ceará, mas em todo o território brasileiro -, afirmando que, "em valores nominais, registrou-se o segundo melhor mês do crédito imobiliário entre os meses de fevereiro da série histórica iniciada em 1995".

Na época, o menor número de dias úteis devido ao Carnaval, a desaceleração da atividade imobiliária decorrente do menor dinamismo da economia doméstica e a tendência de evolução lenta do crédito foram apontados como grandes vilões. (AL)

Áquila Leite
Repórter

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