Ministra descarta inflação de alimentos devido à seca

Escrito por Redação ,
Legenda: Segundo Kátia Abreu, as perdas de produção nos estados mais afetados pela seca serão compensadas pela produção em regiões irrigadas
Foto: FOTO: MARÍLIA CAMELO

Brasília. A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, descartou ontem (11) risco de desabastecimento ou inflação de alimentos por causa da falta d'água que afeta o país. Ela explicou que, além das perspectivas de chuvas para os próximos dias, as perdas de produção nos estados mais afetados pela estiagem serão compensadas pela produção em regiões irrigadas.

"É um otimismo não exacerbado, é uma torcida bem realista, porque, de fato, foram anunciadas chuvas para todo o Brasil, especialmente no Sudeste. Ficamos otimista por períodos. Neste, estamos otimistas", disse Kátia, após reunião ministerial para discutir os impactos da seca. "Não estamos vendo caos diante dos nossos olhos", acrescentou a ministra, ao adiantar que os dados do levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) não trarão diferenças em relação às perspectivas apresentadas em janeiro. Os dados serão apresentados hoje (12) pela Conab.

Segundo Kátia Abreu, a produção de commodities (produtos primários com cotação internacional) não foi afetada, a de carne não depende de questões relacionadas à falta d'água neste momento, e a de leite também não sofrerá grandes impactos porque os produtores são preparados para a fase seca.

Em relação ao tomate e à cebola, batata e laranja, que, segundo a ministra, têm grande reflexo sobre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - que mede a inflação oficial - a produção em áreas irrigadas deve compensar as perdas em São Paulo e no Paraná.

"Estamos com a expectativa de que perímetros irrigados de Goiás e do Nordeste deverão produzir o suficiente para não termos problemas com estes produtos", disse ela, lembrando que há 1,2 milhão de hectares irrigados por 17 mil pivôs centrais nestas culturas.

Segundo Kátia Abreu, as medições de umidade do solo feitas por satélite pela Embrapa mostram que os primeiros dados de fevereiro serão mais favoráveis para os produtores. "Nossa expectativa é positiva porque houve chuva em vários lugares do país onde não choveu no veranico de janeiro. Estamos otimistas porque a leitura desse próximo decêndio fará diferença e melhorará a umidade do solo percebida pelo satélite", disse.

As previsões do Instituto Nacional de Meteorologia mostram que os estados do Ceará, Paraíba e Pernambuco terão estiagem grave, e Bahia, Alagoas e Rio Grande do Norte também serão afetados, em menor grau.

Estiagem grave no CE

Desde o agravamento da estiagem, oito ministros se reúnem com frequência para discutir os impactos da estiagem. Além de Kátia Abreu, participaram da reunião de ontem, no Palácio do Planalto, os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, da Integração Nacional, Gilberto Occhi, das Cidades, Gilberto Kassab, do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, de Minas e Energia, Eduardo Braga, da Defesa, Jaques Wagner, e do Planejamento, Nelson Barbosa.

Baixa renda sofre mais com reajustes

Rio. As famílias de baixa renda devem ser as mais atingidas pelos reajustes de preços administrados este ano. Tarifas de ônibus e de energia elétrica farão com que a inflação percebida por essas famílias passe o ano todo pressionada e encerre 2015 em torno de 7,5%, um patamar ainda mais elevado do que a alta média de preços prevista para este ano. Só em janeiro, o Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1) subiu 2,00%, o maior porcentual mensal de toda a série, iniciada em janeiro de 2004, informou nesta quarta-feira, 11, a Fundação Getulio Vargas (FGV).

"Eu acho que tem chance de ficar (acima da média) durante todo o ano", afirmou o economista André Braz, pesquisador da FGV. Segundo ele, itens como a energia elétrica, que deve registrar reajustes salgados nos próximos meses, consomem uma fatia maior da renda dessas famílias e, por isso, serão determinantes para essa diferença. "Como muitas dessas famílias ganham o salário mínimo, mesmo com a inflação eles têm ganho real, pois o último reajuste supera esta a inflação. Mas é indiscutível que a inflação atrasa a redução de desigualdade", disse.

A energia elétrica pesa 3,8% no orçamento da baixa renda, contra 2,8% na média das famílias. Só em janeiro, as tarifas mostraram alta de 8,88% no IPC-C1. O peso é bem menor do que o dos alimentos, que também dispararam no mês passado. "Mas apostamos em manutenção da alta de alimentos, num quadro muito parecido ao do ano passado. Então, as tarifas (de energia) devem pesar mais", explicou. A energia elétrica deve registrar aumentos significativos ao longo de todo o ano.

Nas tarifas de ônibus, a diferença é ainda maior. O peso do item no IPC-C1 é de 6,9%, contra 3,09% no IPC-Br, que retrata a inflação sentida por todas as famílias. Em janeiro deste ano, as tarifas de ônibus ficaram 8,88% mais caras.

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