Medidor eletrônico: sai regulamento

Escrito por Redação ,

Aneel aprovou, ontem, a regulamentação dos equipamentos, que darão início a uma nova era de consumo no País

Brasília/Fortaleza. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou, ontem, o regulamento dos medidores eletrônicos de consumo de energia, o que possibilitará aos consumidores pagar preços mais baixos pela eletricidade consumida fora dos horários de pico. No futuro, esses equipamentos também permitirão que as distribuidoras ofereçam novos serviços, como a energia pré-paga, ou ainda a venda e distribuição do excedente de energia gerada por meios solares ou eólicos domiciliares.


Medidores inteligentes serão disponibilizados em dois tipos. Um deles permitirá um nível maior de dados ao cliente, cabendo ao consumidor arcar com os custos. Outro menos complexo poderá ser pago pelas empresas FOTO: DIVULGAÇÃO

Essa regulação era o que faltava para uma sensível mudança no segmento de consumo de energia no País, que já ocorre em outros países e era esperada no Brasil. Vale lembrar que, para ter os medidores digitais, é preciso que a concessionária de energia tenha passado pelo 3º ciclo de revisão tarifária. No caso do Ceará, a Coelce, companhia local, já atravessou esse processo.

Na prática, os medidores digitais propiciam a formação da chamada rede inteligente (ou smart grid, no jargão da área), que funcionará como a "internet da energia", nas palavras do diretor relator do regulamento, André Pepitone.

"Essa tecnologia reduz a conta de luz do consumidor, diminui as perdas de energia no sistema e aumenta a qualidade dos serviços prestados", afirmou ele. "Os consumidores deixarão de receber informações apenas ao final de cada ciclo de faturamento e passarão a ter papel mais ativo no relacionamento com a distribuidora e o sistema elétrico", elogia.

Baixa renda fora

De acordo com a Aneel, a nova sistemática não inclui a chamada baixa renda. Os subgrupos que terão acesso à tecnologia são os consumidores residenciais (exceto baixa renda) e industriais. Conforme a Agência, os consumidores rurais devem ser incluídos, pois podem optar pela tarifa branca e apresentam cargas moduláveis, de forma que as informações trazidas pelos medidores podem ser importantes a esses usuários

O sistema de cobrança diferenciada de energia foi aprovado pela Aneel em novembro do ano passado, mas dependia dos medidores eletrônicos para que pudesse ser implementado.


Matéria do Diário do Nordeste antecipou, em julho, informações sobre a cobrança diferenciada de energia, chamada de tarifa branca FOTO: REPRODUÇÃO

Nesse modelo - que será opcional para os usuários - a eletricidade consumida nos horários de menor demanda na rede, batizada como "Tarifa Branca", custará cinco vezes menos que os preços cobrados no pico de consumo e três vezes menos que as praticadas nos horários intermediários. Por outro lado, nos momentos de pico, o custo será maior. Além da diferenciação por horário, os medidores inteligentes poderão comunicar quedas de energia às distribuidoras em tempo real, agilizando o processo de restabelecer a rede de força. O equipamento também permite o corte ou religamento remoto do serviço nas residências, sem precisar da presença de um técnico da companhia no local.

No prazo máximo de 18 meses, as distribuidoras brasileiras terão que oferecer o novo equipamento para os consumidores que o solicitarem.

Opções

Caso o pedido seja por um medidor com mais dados e informações disponíveis, o custo a princípio será do próprio solicitante. No entanto, no caso de o pedido ser apenas por um modelo que utilize a Tarifa Branca, o custo de instalação poderá ser pago também pelas companhias, que depois terão esses gastos remunerados nos reajustes anuais de tarifas.

Benefícios

Ainda assim, a agência considerou que os benefícios dos medidores eletrônicos para o sistema de distribuição do País superam esse custo que, além disso, deve ser diluído ao longo dos próximos anos. "Essa é uma etapa de um processo maior e de longo prazo", definiu Pepitone.

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