Levy fica e segue 'trabalhando pelo futuro do País'

A nota oficial foi divulgada na noite de ontem, após rumores sobre a saída do ministro do governo

Escrito por Redação ,
Legenda: Na tarde de ontem, Levy esteve com a presidenta Dilma Rousseff para a reunião da Junta Orçamentária, da qual participaram também os ministros da Casa Civil, Jaques Wagner, e do Planejamento, Nelson Barbosa
Foto: FOTO: AGÊNCIA BRASIL

Brasília. O Ministério da Fazenda negou, na noite de ontem, que o titular da pasta, o ministro Joaquim Levy, tenha pedido demissão à presidente Dilma Rousseff. Por meio da assessoria de imprensa, o ministério informou, de forma oficial, que Levy jamais escreveu alguma carta pedindo dispensa do cargo, como chegou a ser noticiado por um veículo de imprensa.

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Segundo a assessoria, Levy continua "trabalhando pelo futuro do País". Ontem à noite, o ministro deixou o prédio do Ministério da Fazenda sem falar com a imprensa e seguiu para o aeroporto de Brasília, mas a assessoria não informou o destino.

Por volta das 18 horas, o ministro tinha chegado ao prédio, também sem falar com os jornalistas. Na tarde de ontem, Levy esteve com a presidente Dilma Rousseff para a reunião da Junta Orçamentária, da qual participaram também os ministros da Casa Civil, Jaques Wagner, e do Planejamento, Orçamento e Gestão, Nelson Barbosa.

Encontro

O encontro, ocorrido no Palácio da Alvorada, durou cerca de três horas. Mais cedo, um membro do primeiro escalão do governo também havia negado que o ministro da Fazenda tenha pedido um encontro reservado com Dilma Rousseff para entregar a carta de demissão.

Rumores

Durante todo o dia de ontem, circularam na imprensa nacional rumores de uma possível demissão do ministro Joaquim Levy. Um veículo chegou a noticiar que o ministro teria, inclusive, preparado sua carta de demissão. O motivo, segundo especularam, seria um descontentamento com declarações feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na última quinta-feira, Lula jantou com a presidente Dilma Rousseff e pediu mudanças na política econômica para sair da crise, defendeu o afrouxamento do ajuste fiscal e voltou a dizer que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem "prazo de validade". Levy e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, são alvos constantes do ex-presidente. O Diretório Nacional do PT vai se reunir no próximo dia 29, em Brasília, e cobrará, mais uma vez, a substituição do ministro da Fazenda, além de um "novo eixo" para a política econômica, com crescimento e distribuição de renda. Na avaliação de Lula, não adianta o PT brigar para derrubar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se o governo não arrumar sua base parlamentar de apoio no Congresso e promover mudanças na economia.

'Perto de zero'

Os rumores que circularam ontem sobre a possível saída de Joaquim Levy do governo não foram os primeiros. Há vários meses, circulam no mercado boatos sobre a demissão do ministro. No entanto, o governo tem desmentido as especulações e, para alguns analistas, as chances de saída são pequenas.

Essa é a opinião do diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI), Otaviano Canuto. Nesta semana, ele comentou que acredita ser "próxima de zero a probabilidade" de saída do ministro Joaquim Levy da Fazenda. "Ele não está fazendo um trabalho temporário. Não acredito nisso", ponderou.

Dificuldades

Ele ressaltou que é "muito difícil" o trabalho do ministro em um contexto de economia em recessão e com necessidade de realizar ajuste fiscal. Canuto disse que, mesmo que ocorresse uma mudança de governo com substituição de Joaquim Levy, seu sucessor "terá que assumir o mesmo caroço (nas contas públicas) que está aí".

O que eles pensam

Saída traria forte volatilidade

"Caso o ministro Levy deixe o cargo, teremos uma forte volatilidade no mercado de capitais. No caso do dólar, haja vista a variável incerteza, teremos uma forte pressão de elevação da cotação. As políticas econômicas de recuperação do nível de atividade deixariam de ser exclusivamente pela óptica fiscal. Surge a dúvida, se após a resolução fiscal, o crescimento econômico apresentaria elevação. A possibilidade de perda do grau de investimento por outras agências também ganharia força".

Allisson Martins
Economista

"As chances do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sair sempre foram grandes, por ele ser considerado 'um estranho no ninho', em relação a defender uma economia liberal, que tem matriz ideológica distinta a do Governo Federal. Se o ministro Levy sair, deve se colocar outro Levy (com posicionamento liberal) para que atenda as exigências do mercado. Um perfil diferente do Levy seria fatal para as agências de classificação de risco cortas as notas do Brasil. E tanto a inflação, como o dólar, subiriam".

Ricardo Eleutério
Economista

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