Índices melhoram, mas consumidor mantém receio

Escrito por Redação ,
Legenda: Expectativa do comércio é de um Natal melhor do que no ano passado. Segundo a CNC, a data deve movimentar R$ 34,9 bilhões neste ano
Foto: André Costa

São Paulo. Embora os indicadores econômicos mostrem uma retomada gradual da economia, os brasileiros ainda não sentiram grande diferença no bolso. Neste fim de ano, os consumidores se empenham em pesquisas de preço e o amigo oculto vira uma saída para reduzir os gastos com presentes no Natal.

Na família da aposentada Anaeli da Costa, 62 anos, a brincadeira já virou tradição. "Como sempre, a gente não dá presente. Se der para comprar alguma lembrancinha, a gente compra, senão, só participa mesmo das festas e do amigo oculto, que a gente faz todo ano", diz.

Nesta semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). De janeiro a novembro deste ano, o índice registrou um acumulado de 2,5% no País, o menor resultado nos primeiros 11 meses desde 1998, quando a taxa ficou em 1,32%.

Essa redução, contudo, ainda não é sentida pelo consumidor. "Mas nós ainda não vimos nenhuma melhora. Os preços não estão diminuindo. O preço acompanha a gasolina, se a gasolina sobe todo dia, os preços também vão subir, porque o nosso transporte é todo terrestre", diz Anaeli da Costa.

Pesquisa

A insegurança faz com que a dona de casa Maísa Flores, 50 anos, invista mais nas pesquisas de preço. "A gente não sabe o que vai acontecer, o desemprego é grande demais, as coisas estão caras demais, você precisa pesquisar e andar muito, senão não compra. É diferente dos outros anos, que você podia comprar porque sabia que lá na frente ia ter um retorno", diz.

"Depois dessa crise toda, lógico que todo mundo dá uma pisadinha no freio. Mas o Natal é sempre uma data que as pessoas se abrem mais", diz o empresário Antônio Carlos Navarro, 65 anos. "Ainda estamos segurando os gastos. Até porque, no meu caso, que estou no setor privado, trabalhando com gestão de empresas, fica mais complexo, não é a mesma coisa de ter salário fixo. O nosso salário oscila muito, ninguém conta com o futuro, por enquanto".

Preço

Mesmo com os consumidores receosos, o comércio está otimista. Após dois anos de queda, a expectativa é que 2017 tenha um aumento nas vendas de 5,2% em relação ao ano passado, a maior variação desde 2013, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Ao todo, o Natal deverá movimentar R$ 34,9 bilhões. Para estimular as compras, os vendedores têm feito o possível para não repassar os custos para os consumidores.

Segundo o professor de Finanças da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas (IBMEC-DF), Marcos Melo, provavelmente este Natal será melhor que o do ano passado. "Acredito que deverá haver mais contratação de vaga temporária, aumento da massa de renda, mas nada extraordinário. De modo geral, devemos ter um pouco mais de esperança para a população, mas não é de forma rápida, ainda é preciso ter cautela", diz.

A dica de Melo para as compras é pesquisar preços e controlar os gastos. "Vamos ter que gastar, porque isso emprega as pessoas. Mas não pode ser desmedidamente, tem que ter controle, buscar artigos mais baratos", aconselha o professor.

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