Indefinição ministerial ainda afeta o mercado

A expectativa é que a nova equipe econômica do governo federal seja anunciada ainda nesta semana

Escrito por Redação ,
Legenda: Ontem, a Bolsa caiu 1,21%. A tendência é que a volatilidade continue até que os ministros sejam confirmados
Foto: FOTO: FUTURA PRESS

Brasília. O vice-presidente Michel Temer (PMDB) afirmou ontem (24), que até meados de dezembro, o governo deve definir os nomes dos novos ministros. "(Devemos concluir) até 15, 16, 17 de dezembro", disse. "Vai verificar essa semana, se decide a questão da área econômica, e o restante fica para depois".

Sobre a possível indicação da senadora Kátia Abreu para a Agricultura, ele afirmou que ela é um "bom nome, não há a menor dúvida" e que as críticas ao nome dela são normais.

As especulações sobre a nova equipe econômica do governo federal e a reação aos nomes mais cotados até agora - como Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda; a manutenção de Alexandre Tombini no Banco Central; e Nelson Barbosa para o Ministério do Planejamento - continuam afetando o mercado.

Ontem, o Ibovespa caiu 1,21%, para 55.406 pontos. Falta de definição da equipe e econômica e realização de lucros após a forte alta de sexta-feira (21) foram os fatores apontados pelos analistas para o comportamento do índice. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu 1,15%, cotado em R$ 2,5476 no fechamento. O comercial, usado em transações do comércio exterior, encerrou valendo R$ 2,549, uma alta de 1,07%.

Volatilidade deve seguir

A avaliação do economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, é que a volatilidade observada nesta segunda, especialmente em Bolsa e juros, deve seguir até que sejam confirmados os nomes dos novos integrantes da equipe econômica.

Para ele, mais do que os números a serem divulgados nesta semana - como o resultado do PIB -, o que mais vai influenciar os mercados é essa definição.

"Os números a serem divulgados mostram o retrato do que já passou. A confirmação dos nomes da equipe econômica mostram se vamos começar a trilhar um caminho que possa reverter o quadro atual", diz o economista da Sul América Investimentos

Além da indefinição na equipe econômica, a avaliação de analistas é que os investidores aproveitaram o dia para realizar lucros, depois da forte alta do Ibovespa na sexta-feira (21), quando ele teve maior alta entre os índices de ações no mundo naquele dia (5%) devido ao vazamento do nome de Joaquim Levy como provável próximo ministro da Fazenda.

"Era esperado que houvesse realização (de ganhos com as ações) hoje (ontem), depois de um pregão como o de sexta-feira. Tanto que as ações que mais subiram naquele dia estão entre as que mais caíram", diz Raymundo Magliano Neto, presidente da Magliano Corretora.

Câmbio

Na visão de Mauriciano Cavalcante, diretor de operações de câmbio da Ourominas, não houve uma notícia tão impactante que justificasse uma alta de 1% no câmbio nesta segunda-feira.

Na sua avaliação, um somatório de notícias no dia - dados da China, balanço negativo de contas externas brasileiras e a falta de confirmação sobre os nomes da equipe econômica - acabaram contribuindo para essa valorização elevada.

No início do dia, a cotação chegou a cair, alcançando a mínima de R$ 2,504 no comercial. Depois, porém, inverteu a tendência e manteve a alta até o final do pregão.

Em relatório divulgado nesta segunda-feira, o banco Goldman Sachs diz que avalia o valor justo ("fair-value") para o dólar entre R$ 3,10 e R$ 3,20. O banco não deu data para a moeda americana atingir essa cotação.

Leilão ameniza

O BC deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, por meio do leilão de 4.000 contratos de swap cambial (operação que equivale a uma venda futura de dólares), pelo total de US$ 197,7 milhões.

A autoridade monetária também rolou o vencimento de 14 mil contratos de swap que venciam dia 1º de dezembro, numa operação que totalizou US$ 683,7 milhões, e conferiu mais liquidez ao mercado. "O leilão do Banco Central acabou contribuindo para amenizar um pouco a alta do dólar", avalia Newton Rosa, da Sul América Investimentos.

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