Gol terá voo para os EUA; Fortaleza pode ser base

Rota deve partir de São Paulo e será operada pelo Boeing B737 MAXs encomendado pela companhia aérea

Escrito por Yohanna Pinheiro - Repórter ,
Legenda: Aeroporto da Capital mostra-se competitivo para receber a parada do voo da Gol antes deste seguir para o destino final
Foto: FOTO: THIAGO GADELHA

A Gol voltará a operar rotas para o mercado americano no segundo semestre do próximo ano, quando receber os primeiros Boeing B737 MAXs das 120 aeronaves encomendadas pela companhia para a renovação da frota até 2028. A ideia é que o voo parta de São Paulo e faça uma parada antes de chegar ao sul da Flórida, nos Estados Unidos, já que a aeronave não tem autonomia para fazer todo o percurso direto - e as chances de ela passar por Fortaleza são grandes.

A informação foi repassada, ontem (12), pelo vice-presidente de Vendas e Marketing da Gol, Eduardo Bernardes, ao Mercado & Eventos. Sem revelar o ponto de parada, o executivo diz que o destino também não foi definido, mas que é certo a companhia voltar a operar no sul da Flórida. "Precisamos de algumas validações internas para fazer o anúncio, mas os voos não acontecerão antes de julho de 2018, pois serão operados por B737 MAX", destacou.

O executivo ressaltou ainda que a rota "será um produto diferente do que as companhias que operam esses destinos hoje com uma parada" e que foi discutida com a parceira Delta Airlines. Procurada pela reportagem, a Gol afirmou, em nota, que "como empresa competitiva, a companhia está sempre avaliando novas oportunidades para os novos voos, mas, no momento, não tem novidades sobre o assunto".

Parada

De acordo com o engenheiro aeronáutico Igor Pires, especula-se no mercado que duas cidades poderiam ser a base da nova rota: Fortaleza ou Brasília. A Capital cearense se destaca por, além de ser o novo hub da empresa, ter um banco de conexões ligando capitais do Norte e Nordeste pela manhã em horários que poderiam abastecer uma rota internacional, ainda não definida. Pesa a favor ainda a redução da alíquota de impostos sobre o combustível da aviação.

Por outro lado, ele pondera que Brasília também seria forte candidata para ser base de parada e abastecimento da rota por ser um hub natural, com voos para todo o País e ter um aeroporto de grande capacidade, também concedido à iniciativa privada, e com píer exclusivo da Gol. "Ainda assim, Fortaleza estava sendo cogitada desde o início e o banco de conexões da manhã é um indício muito forte", aponta o engenheiro.

Latam

Em relação aos novos voos anunciados no início da semana pela Latam partindo do Nordeste, dos quais uma nova rota para Orlando e uma segunda frequência para Miami a partir de Fortaleza, Pires comenta ser clara a reação à atividade da Gol e Air France-KLM no terminal. "Em um curto prazo, é bom para o passageiro, porque vai ter mais concorrência e a tendência é a de que os preços caiam", aponta.

Na avaliação do engenheiro, o aumento da oferta de assentos ao destino pela Latam não inviabiliza os voos operados pela Gol para o continente americano que vêm sendo cogitados desde o anúncio de Fortaleza como hub da companhia no Nordeste. "Se a Gol estava projetando fazer quatro voos semanais, por exemplo, pode tentar diminuir e colocá-los em dias que a Latam não opere, por exemplo", cogita Igor Pires.

Ele destaca ainda que os produtos das duas companhias aéreas se diferenciam. "Enquanto a Latam está com um avião maior, de dois corredores, com entretenimento abordo e mais conforto, a Gol tem tudo para fazer uma tarifa mais barata com um avião menor, que precisa de menos combustível", ressalta o engenheiro, explicitando a diferença que pode surgir no perfil dos passageiros.

O CEO da Latam Airlines Brasil, Jerome Cadier, chegou a dizer que "o Nordeste precisa ser mais do que um simples ponto de conexão com empresas parceiras de outros continentes" e que contaria "com voos diretos próprios" da companhia, em um claro recado à concorrente. "O que preocupa é, no futuro, se as ocupações não forem boas para as duas empresas, diminuírem as frequências ou até pararem de operar", alerta Pires.

Outras rotas

Conforme o Diário do Nordeste informou no fim do mês de novembro, a negociação do Estado com a Gol para operar voos de Fortaleza para Lisboa (Portugal) e Orlando (Estados Unidos) a partir de outubro do próximo ano prevê duas frequências semanais para cada destino, de acordo com informações do secretário do Turismo do Estado (Setur), Arialdo Pinho. Segundo ele, os voos para os Estados Unidos teriam a parceria da Delta, mas operados pela Gol.

Também foi levantada a possibilidade de um voo ligando Fortaleza ao continente americano pela Delta. Tanto o governador Camilo Santana quanto o prefeito Roberto Cláudio chegaram a mencionar as negociações, mas a operação não foi confirmada até agora.

Aeronave

Os novos B737 MAXs da Gol, que começarão a chegar no segundo semestre de 2018, serão configurados com 186 assentos, cerca de 5% a mais do que os 737 NG operados atualmente pela companhia aérea.

A autonomia desta aeronave também é 15% maior do que as da frota atual, além de contar com uma economia maior de combustível.

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