'Fortaleza tem potencial igual ao do Panamá antes de hub aéreo'

Diretor executivo da Associação de Transporte Aéreo da América Latina diz que benefícios do centro de conexões de voos poderão ser notados após seis meses de operação

Escrito por Hugo Renan do Nascimento - Repórter ,

Com o início hoje (3) das operações do hub aéreo da Air France-KLM e Gol Linhas Aéreas, Fortaleza se torna oficialmente ponto de conexão entre a Europa, Estados Unidos e América do Sul. É o pontapé inicial para a expansão de rotas intercontinentais e, consequentemente, aumento de passageiros. Para o diretor executivo da Associação de Transporte Aéreo da América Latina e Caribe (Alta), Luis Felipe Oliveira, o potencial de Fortaleza é comparado ao do Panamá.

"O Panamá há 15 anos era o canal do Panamá. Hoje 22% da economia deles está ligada à aviação, com o hub das Américas. O potencial de Fortaleza de gerar um hub como o do Panamá é muito grande por conta da localização geográfica. E esse potencial pode ser alcançado se houver investimentos em infraestrutura e, principalmente, políticas de redução de custos para o setor". Além disso, Oliveira afirma que, no prazo de seis meses, a Capital deverá começar a sentir os efeitos dos novos voos. "A partir de hoje você já vai notar um aumento na movimentação de passageiros circulando, vão ser perceptíveis os benefícios econômicos, principalmente no turismo da cidade".

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O diretor executivo da Alta ressalta que o modelo de hub adotado em Fortaleza vai fortalecer a aviação civil do Nordeste. "É de extrema importância para a Região e para o Brasil e faz com que a cidade se conecte com centenas de destinos da Air France e da KLM. Nós não vamos ligar Fortaleza apenas a Paris e Amsterdã, mas a todo o mundo, a todos os destinos que as companhias oferecem. É a abertura de Fortaleza para o mundo".

Oliveira também projeta um incremento no número de empregos com a chegada do hub. "O aumento de frequências trará mais passageiros. Basicamente cada passageiro vai gerar 3 ou 4 empregos adicionais na cidade. Muitos viajantes vão para aqui para fazer conexão e isso tudo gera desenvolvimento econômico importante", acrescenta.

Competitividade

Em relação ao aumento de centro de conexões no Brasil, o diretor executivo da Alta diz que há espaço para todos. "A América Latina e Caribe movimentam apenas 1/3 do que é movimentado na aviação da Europa e 1/4 dos Estados Unidos. Há muito o que crescer ainda. Dessa forma, eu considero que a gente tem muito para voar", garante.

Segundo ele, um ponto que precisa ser melhor administrado é a questão da infraestrutura aeroportuária. "O único viés negativo é que a infraestrutura precisa ser melhorada para conseguir dar um serviço que os passageiros merecem. O aeroporto precisa tomar cuidado com este crescimento e gerenciar isso de forma a adequar melhor as necessidades dos viajantes".

Além disso, o custo da aviação no Brasil também precisa ser revisto. "O País tem um dos custos de combustível mais elevados do mundo e isso é um fator extremamente importante. Praticamente o custo operacional do combustível representa até 25% de todo o custo da companhia. Nós teríamos que ter custos mais baixos".

Hubs regionais

De acordo com Oliveira, Fortaleza sai na frente por ser o primeiro ponto de conexão oficial do Nordeste entre a Europa e o Brasil. "A Gol receberá a alimentação destes voos e conectará Fortaleza com vários outros aeroportos da Região. Nada impede o surgimento de outros hubs regionais como em Recife ou em Salvador, pois se analisarmos que o Nordeste do Brasil é o mais próximo entre Europa e América do Sul poderia ser desenvolvido um hub Latino Americano".

Entretanto, para ele, para que isso ocorra, são necessários investimentos em infraestrutura e preços adequados ao tipo de operação. "Além de uma revisão da fórmula de preços de combustíveis aplicada hoje pela Petrobras que onera o desenvolvimento do transporte aéreo doméstico e internacional", completa.

Oportunidades

Com o aumento no número de passageiros há um crescimento de negócios em diversos setores da economia, na opinião do diretor da Alta. "O crescimento do aeroporto e do número de passageiros que circulam diretamente dentro do terminal irá gerar um aumento considerável de negócios na área de serviços, restaurantes, lojas, cafeterias, entre outras. Para a cidade e o Estado o aumento de turistas internacionais afeta positivamente na área de serviços, principalmente hotéis e restaurantes".

Fraport

Conforme Oliveira, a Fraport possui um papel decisivo para que o hub de Fortaleza seja um sucesso. "A Fraport é uma das maiores operadores de aeroportos do mundo, com aeroportos na Alemanha, Turquia, China, Peru, entre outros, e tem todas as condições de fazer uma excelente operação do terminal, além de atrair empresas e negócios para o aeroporto".

Porém, de acordo com ele, a companhia alemã não pode cair nos mesmos erros de infraestrutura adequada que protagonizou no Peru. "Lá por anos foi o melhor terminal da América Latina e hoje pela falta de investimentos em expansão criou um gargalo ao crescimento da indústria em Lima, fato que somente será solucionado com a construção do novo terminal que está prevista para ser concluída somente em 2021. A indústria de aviação necessita de um plano de longo prazo, e o investimento na infraestrutura adequada com custos de operação justos melhorariam consideravelmente o desenvolvimento ainda maior na Região", diz o diretor.

Novos voos

Com as novas operações domésticas da Gol, Fortaleza passa a ter 51 entradas diárias no Norte e Nordeste. Com isso, a aérea projeta ampliação de 35% na oferta de assentos a partir da Capital.

Agenda

Dia 3

17h20: Avião da KLM chega de Amsterdã e será batizado

17h35: Avião da Joon chega de Paris com comitiva do governador Camilo Santana e é batizado

19h50: Avião da KLM retorna para Amsterdã na primeira operação do hub em Fortaleza

20h30: Governador oferece jantar a representantes do Grupo Air France/KLM e demais autoridades

Dia 4

9h: Coletiva com representantes do Grupo Air France/KLM, o prefeito de Fortaleza e o governador, no hotel Gran Marquise

19h35: Avião da Joon retorna para Paris na primeira operação do hub

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