Falta de moeda no mercado torna o troco mais difícil

Apesar da quantidade de unidades deste formato de dinheiro ter crescido, problema persiste no comércio

Escrito por Redação ,
Legenda: O cofrinho dentro de casa mantém o dinheiro fora de circulação, mas ajuda a poupar dinheiro. Maria Misse, 78, mantém este costume
Foto: Foto: Lucas de Menezes

Quem nunca passou minutos e minutos esperando pelas moedinhas do troco? Embora a quantidade de unidades deste formato de dinheiro em circulação no Brasil tenha crescido cerca de 4,23 % entre 2014 e 2015, de acordo com dados do Banco Central (BC), o problema persiste, e os comerciantes têm de se desdobrar para evitar o mal estar na hora de fornecer a diferença pelo dinheiro pago pelos clientes.

A dificuldade de se ter moedas no varejo permanece em meio ao costume de muitos brasileiros em manter um cofrinho dentro de casa, o que na prática mantém o dinheiro fora de circulação, mas acaba sendo vantajoso para o consumidor que pretende poupar finanças. É o caso da dona de casa Maria Misse, 78, que resolveu utilizar latas de alimentos para começar a juntar dinheiro em janeiro do ano passado, diante das grandes despesas típico do início do ano.

"Dentro de seis meses eu consegui juntar R$ 870 e já troquei tudo (por cédulas). O que vai sobrando, eu vou juntando. E serviu muito pra mim: paguei umas contas, ajudei pessoas. Acabou um (cofre) e já estou começando de novo", afirma.

Necessidade

A prática de guardar esse tipo de dinheiro por longos períodos, porém, não é muito bem vista pelo mercado. "O comércio precisa de moedas diariamente. Se o consumidor resolve guardá-las por uma semana, isso já acaba nos prejudicando", defende o presidente do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas), Cid Alves.

O representante da entidade também defende que o problema da falta de moedas no momento de fornecer o troco foi agravado quando elas começaram a ser substituídas por cédulas de baixo valor, como de R$ 1,00. "O brasileiro não gosta de portar moedas. Essa história é secular. O brasileiro gosta de utilizar papel", acrescenta.

Atualmente, a quantidade de moedas no meio circulante do Brasil gira em torno de 23,22 bilhões, segundo dados do Banco Central. Em fevereiro do ano passado, o número de unidades em circulação era de 22,28 bilhões. Em 2014, aliás, foram distribuídas 1,04 bilhão de unidades de moedas, o que equivale a R$ 330 milhões, diz o BC.

Entretanto, uma pesquisa feita pela própria instituição financeira constatou que a cada dez moedas recebidas pelas pessoas, seis são usadas no dia a dia e o restante é deixado em casa ou no trabalho, armazenado em gavetas ou em cofres pessoais.

Mais afetados

De acordo com o presidente do Sindilojas, o problema da falta de moedas acaba prejudicando, principalmente, as lojas que vendem produtos de baixo valor agregado, como linhas, botões, agulhas, miudezas, artigos plásticos e produtos descartável.

O representante da entidade também destaca que as comercializações feitas por meio de cartão de crédito e débito acabam tornando os comerciantes menos dependentes de fornecer trocos com moedas, mas ressalta que a prática sai cara para o varejo, devido às taxas cobradas pelas administradoras. "Do cartão de débito, é cobrado cerca de 2%, 2,5% de cada transação feita, e, do cartão de crédito, por volta de 5%", afirma.

Práticas dos varejistas

Diante da necessidade de aliviar a falta de moedas, são cada vez mais frequentes atitudes de varejistas para consegui-las. "Na minha loja, por exemplo, os pedintes sabem que a gente precisa de moedas. Por isso, eles nos levam R$15, R$20 reais em moedas, e nós damos uns R$3 a mais em cédulas. Às vezes nos pagamos até lanches para eles", afirma o empresário Cid Alves, proprietário da loja Nova Alves.

As lojas Extra e Pão de Açúcar de Fortaleza, por exemplo, realizaram uma ação para incentivar os clientes a levarem moedas aos estabelecimentos para trocarem por cédulas. A partir de R$ 200 em moedas, os clientes receberam um brinde na hora da troca.

Prática ilegal

Diante da falta de moedas no mercado, não é difícil se deparar com diversos comerciantes propondo aos consumidores o troco em forma de balas ou chicletes. É importante destacar, contudo, que a prática é considerada ilegal, conforme o Código de Defesa do Consumidor.

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