Exportações do produto caíram mais da metade

Recuo fez com que as peças em jeans deixassem de figurar na lista dos principais produtos exportados

Escrito por Redação ,
Legenda: Peso dos impostos ampliou a importação de jeans de outros países e estados
Foto: FOTO: NEYSLA ROCHA

Tradicional produtor de confecções, o Ceará vem amargando nos últimos anos a perda de competitividade tanto no cenário externo, como no mercado interno. Entre 2011 e 2013 as exportações cearenses do setor despencaram de US$ 11,2 milhões para US$ 5,35 milhões. No mesmo período o saldo da balança comercial ficou ainda mais negativo. De - US$ 2,33 milhões passou a -US$ 16,01 milhões.

A queda expressiva nas vendas externas fez com que peças de vestuário em jeans - um dos destaques dentre os artigos fabricados no Estado - deixassem de figurar na lista dos principais produtos exportados pelo setor de confecção no Ceará.

Dos cinco primeiros NCMs (Nomenclatura Comum do Mercosul) listados, as peças íntimas respondem por quatro deles. São sutiãs e bustiês, espartilhos e calcinhas de malha de algodão e de fibra sintética. A outra nomenclatura diz respeito a artigos para acampamento.

De acordo como Marcus Venicius Rocha Silva, presidente do Sindconfecções - entidade que representa as indústrias de confecção do estado do Ceará, "o jeans não aparece no ranking (dos principais produtos exportados pelo estado) porque a produção cearense de roupas jeans é baseada hoje no consumo interno". Segundo ele, "a influência do câmbio e o avanço da concorrência chinesa impossibilitou a exportação de jeans do estado".

"No momento estamos é importando peças jeans do exterior e até de outros estados, como São Paulo, Pernambuco e Goiás. Isso porque a nossa carga tributária é muito mais pesada do que nesses outros estados".

Recuo no faturamento

O titular do Sindconfecções informa que de 2011 para 2012 o faturamento do segmento caiu 22%. "E devemos ter queda também em 2013 em relação à 2012, mas ainda estamos aguardando o balanço da Sefaz. Então a confecção do Ceará está perdendo mercado aqui e lá fora. Já fomos o segundo polo produtor do Brasil e hoje somos o quinto", lamenta o empresário e líder classista.

1º bimestre

Entre janeiro e fevereiro desse ano as confecções exportadas pelo Ceará totalizaram US$ 545,05 mil, correspondendo a uma retração de 40,5% em comparação a igual período de 2013, quando as vendas externas das confecções cearenses somaram US$ 915,58 mil.

Destinos

O destino das roupas cearenses no exterior em 2014 foram principalmente o Paraguai (US$ 149,1 mil) e a Bolívia (US$ 118.6 mil), seguidas do Uruguai (US$ 76,7 mil), dos Estados Unidos (US$ 60,4 mil), da Espanha (US$ 31,5 mil) e demais países (US$ 108,4 mil).

Importações

Em contrapartida, as importações cearenses do setor de confecção cresceram 128,2% nos dois primeiros meses de 2014 em relação ao ano passado, passando de US$ 3,3 milhões para US$ 7,5 milhões. A China lidera o ranking dos países-origem das importações cearenses de confecção, com mais da metade do valor total importado no primeiro bimestre de 2014, com US$ 4,8 milhões. Em seguida estão Bangladesh (US$ 1,1 milhão), Índia (US$ 453,9 mil), Vietnã (US$ 319,8 mil), Camboja (US$ 297,6 mil) e demais países, com os US$ 514,9 mil restantes. (AC)

Couro é inovação com tecido

Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas pela indústria têxtil e de confecções de jeans, o material continua tendo destaque no guarda-roupas da maioria das pessoas. Tamanho sucesso do tecido índigo faz até com que outras matérias-primas sejam incorporadas nessas tendências, assumindo outras cores e texturas.

Unindo a criatividade e a tecnologia têxtil genuinamente cearense, o empresário e engenheiro químico Cândido Couto Filho, que já foi considerado o rei do couro no Brasil, desenvolveu, na própria fábrica, artigos em couro que simulam o jeans para sua marca de couro, a CCF.

A coleção possui 25 peças, entre jaquetas, camisas, shorts, bermudas e bolsas, voltadas para o público jovem, e foi lançada em janeiro deste ano, durante a Couromoda, realizada São Paulo. O couro utilizado nas criações de Cândido é proveniente de rebanhos de carneiros e cabras da região Nordeste.

O foco das peças é o mercado exterior, em países de baixa temperatura, mas as regiões tropicais também podem aderir ao novo "tecido", tanto em épocas mais frias quanto nas estações mais quentes, garante o engenheiro.

Devido ao couro ter poros, ele mantém a temperatura do corpo ao mesmo tempo em que interage com o ambiente externo, evitando a retenção de calor ou frio. A exibição de umas das peças da coleção de Cândido durante a feira de moda em Milão, na Itália, foi seguida de aceitação imediata dos estilistas devido à ousadia do material, de acordo com o empresário.

Produção

Logo que foi lançado, o produto já tinha contrato fechado para a confecção de mais de quatro mil peças, entre shorts e minissaias, para o mercado das regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, com previsão de entrega para este mês. Para suprir a demanda, empresário contratou um confecção na Barra do Ceará, equipada de maquinário para trabalhar com couro.

Os pedidos de peças, à época do lançamento, incluíam também demandas internacionais, segundo o empresário. A especificação, entretanto, era pela compra da matéria-prima que imita o jeans, e não de peças já prontas, como é o foco da linha de produção de Cândido. (JC)

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