Economia cearense só deve melhorar no 4º tri

A projeção se baseia em fatores como a redução da receita tributária, repasses federais e exportações

Escrito por Redação ,
Legenda: O turismo aparece como possibilidade de reduzir os efeitos da crise no Estado
Foto: Foto: Cid Barbosa

Mantendo-se em patamar acima da média nacional, mas em processo de desaceleração, a economia cearense deverá continuar perdendo força nos próximos meses, com previsão de apresentar recuperação apenas no último trimestre deste ano ou início do próximo, segundo expectativa do Instituto de Pesquisa e Estratégica Econômica do Estado do Ceará (Ipece).

A projeção é feita diante de um cenário de menor ritmo do Produto Interno Bruto (PIB), paralelo a um aumento do número de desempregados e de queda na receita tributária, nos repasses federais e nas exportações.

"A previsão no Brasil, e o Ceará deve acompanhar isso, é que esse trimestre mantenha e talvez até aprofunde a crise, para no quarto trimestre a gente ter uma recuperação, dependendo (do comportamento) dos agentes econômicos, tanto os empresários quanto os consumidores", ressalta o coordenador de conjuntura econômica do Ipece, Daniel Suliano.

Conforme o boletim de conjuntura econômica referente ao primeiro semestre deste ano, divulgado ontem pelo Ipece, as receitas correntes do Estado - entre as quais se incluem a arrecadação de impostos e os repasses federais - apresentou queda de 3,5% nos três primeiros meses deste ano, comparado a igual período do ano passado. O impacto maior foi nas transferências, que tiveram recuo de 4%.

ICMS

Principal tributo cobrado pelo Estado, o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) registrou, nesse intervalo, redução de 3,8%. Em relação ao trimestre imediatamente anterior - outubro, novembro e dezembro de 2014 -, a queda foi de 12,3%. "Essa questão fiscal vai ser um limitante para o Estado nesses próximos seis meses, porque nós estamos com um problema de receita", salienta o analista de políticas públicas do instituto, Paulo Pontes.

Para o diretor de Estudos Econômicos do Ipece, Adriano Sarquis, o Estado deverá perseguir, para um maior equilíbrio fiscal, não só um aumento da receita, mas uma otimização do uso de recursos disponíveis, desde áreas como a infraestrutura até aquelas que envolvem diretamente serviços básicos, como a área de saúde.

Concessões

Ele ressalta que ações recentes tomadas pelo governo estadual, como a intenção de conceder projetos rodoviários para a iniciativa privada, tendem a fazer o Ceará se recuperar mais rapidamente da crise e retomar o ritmo de crescimento - o que já deve acontecer nos próximos anos. "O cenário não é tão pessimista. O Brasil está numa posição melhor que os países desenvolvidos da Europa, por exemplo. A crise da bolha imobiliária praticamente não nos atingiu e nós temos muita oportunidade de investimento, que é a infraestrutura por fazer", aponta.

Sarquis acrescenta que é mais vantajoso fazer um ajuste rigoroso da economia, no curto prazo, "e então retomar a política macroeconômica mais séria e, pra a partir daí, crescer em novas bases, com mais produtividade".

Turismo

Por sua vez, o coordenador de contas regionais do Ipece, Nicolino Trompieri, destaca que o Estado tem no turismo uma possibilidade de reduzir os efeitos da crise, sobretudo em um momento no qual a alta do dólar frente o real tem motivado turistas brasileiros a optar pelos destinos nacionais, o que coloca o Ceará em uma posição de mais destaque.

João Moura
Repórter

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