Desemprego no Ceará recua pelo 2º trimestre

Ante igual período do ano passado (13,1%), a taxa de desemprego no Estado teve queda de 1,3 ponto percentual

Escrito por Yohanna Pinheiro - Repórter ,
Legenda: Apesar da retração, 466 mil pessoas ainda estão na fila do desemprego no Estado, de acordo com a pesquisa realizada pelo IBGE
Foto: FOTO: HELENE SANTOS

Os primeiros sinais de recuperação da atividade econômica parecem começar a refletir no mercado de trabalho. Após atingir o índice de 14,3% no primeiro trimestre do ano, a taxa de desemprego no Ceará recuou para 11,8% no terceiro, conforme os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nessa sexta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o segundo trimestre seguido de queda, uma vez que, entre abril e junho, a taxa estava em 13,2%.

A redução do desemprego no Ceará no terceiro trimestre deste ano mostra-se ainda mais positiva quando analisada no contexto nacional. Isso porque, conforme o IBGE, somente sete estados brasileiros tiveram recuo na taxa de desemprego no período: Ceará, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Goiás, Alagoas, Rio Grande do Norte e Roraima.

No comparativo com igual período do ano passado (13,1%), a taxa de desemprego no Estado apresentou uma queda de 1,3 ponto percentual (p.P.). Já em relação ao trimestre imediatamente anterior, que compreende os meses de abril, maio e junho deste ano, a taxa referente aos meses de julho, agosto e setembro apresentou uma redução levemente mais alta, de 1,5 ponto percentual.

Sem carteira

Ainda assim, são 466 mil pessoas na fila do desemprego no Estado. Na passagem do segundo para o terceiro trimestre, 54 mil deixaram a fila, sendo a maioria por empregos por conta própria e sem carteira assinada.

"São modos de inserção no mercado em que o trabalhador fica desprotegido, sem assistência social, direito a férias", aponta Mardônio Costa, analista de Mercado de Trabalho do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT).

No terceiro trimestre, havia 671 mil empregados na iniciativa privada sem carteira assinada no Ceará, 45 mil a mais que no trimestre anterior. "Hoje, o trabalho e o emprego sem carteira representam quase 19% do total de ocupados. Esse aspecto negativo mostra a lenta recuperação do mercado, onde há uma melhora do nível de ocupação e uma redução da taxa de desemprego, mas o setor privado com carteira ainda não está contratando", explica.

O analista destaca ainda que a redução da taxa de desemprego foi maior entre as mulheres, que caiu de 14,6% no segundo trimestre para 11,7% no terceiro (-2,9 p.P.). O índice também recuou 2,8 p.P. Ante o mesmo período do ano anterior. "Dos homens (11,9%), teve uma pequena variação, que basicamente repetiu a taxa do ano anterior. Normalmente, a taxa de desemprego feminino costuma ser maior".

Ele ainda alerta para o alto nível de desemprego juvenil no Estado, cuja taxa chegou a 26,4% entre pessoas de 18 a 24 anos. "Houve duas quedas consecutivas neste ano, passando de 31,6%, no primeiro trimestre, para 28,1% no segundo e 26,4%, no terceiro. Mas ainda é uma taxa muito elevada, em que mais de um quarto da população dessa faixa etária está desempregada. Essa problemática merece uma atenção especial".

Rendimentos

Ao mesmo tempo em que o nível de desemprego começa a recuar, o rendimento médio real habitual de todos os trabalhos aumentou em 6,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, passando de R$ 1.297 no terceiro trimestre de 2016 a R$ 1.383 no mesmo período deste ano. Já em relação ao trimestre anterior, não houve variação estatisticamente significativa.

Na avaliação de Costa, os números mostram um quadro geral de estabilidade e um sintoma de que, embora o desemprego tenha parado de cair, a recuperação econômica ainda está muito leta. "Um dos fatores que influencia esse resultado é que a economia está em um processo de desinflação, que impacta o ganho real do rendimento no País como um todo", explica.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.