Desemprego na RMF cai; busca por vagas é menor

Para especialista, parte do público que migra para a inatividade procura qualificação e mais escolaridade

Escrito por Redação ,
Legenda: O setor de comércio e reparação de veículos e motocicletas se manteve estável em relação à geração de postos de trabalho
Foto: FOTO: CAMILA MARCELO

Pelo segundo mês consecutivo a taxa de desemprego tornou a cair na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) em maio, atingindo o índice de 7,5% da População Economicamente Ativa (PEA), que corresponde a menor taxa de desemprego para o período desde 2009. Em números absolutos, o contingente de desempregados foi de 136 mil pessoas - três mil a menos na comparação com o mês anterior (139 mil) e 19 mil abaixo do total de desempregados contabilizados em maio do ano passado (155 mil).

Em contrapartida, a RMF experimentou no mês declínio de 0,5% do nível ocupacional, com o fechamento de oito mil ocupações no mercado de trabalho local entre abril e maio (de 1,69 mil para 1,682 mil ocupados). No comparativo anual, Fortaleza e região metropolitana se mantém acima do patamar, com 36 mil ocupações além do volume verificado em maio de 2013 (1,646 mil ocupações). Já o rendimento médio real dos ocupados e assalariados apresentou queda de 1,1% em abril.

Os dados constam na Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) divulgada ontem pelo Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT) e Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS) do Estado do Ceará.

O estudo aponta para uma perda no dinamismo do mercado de trabalho da RMF, que continua com um quadro geral favorável, na avaliação dos técnicos e do governo.

Ocupação e desemprego

"O nível de ocupação está variando todos os meses, mas há uma estabilidade do nível ocupacional, embora em maio tenham sido eliminados oito mil postos na RMF.

Por outro lado, se formos comparar 2009 e 2012, veremos que há uma redução na taxa de desemprego em torno de cinco pontos percentuais, da casa dos 12% para os atuais 7,5%", detalha o analista de mercado do IDT, Mardônio Costa.

"Então como se explica isso ocorrer ao mesmo tempo? A justificativa está na saída de pessoas do mercado de trabalho. A PEA diminuiu em 11 mil pessoas em maio. Então o desemprego vem caindo, por um lado em função da maior oferta de postos de trabalho, mas também pelo crescimento da inatividade", avalia Costa.

Procura por qualificação

Para o especialista, a fatia da população que está migrando para a inatividade é formada principalmente por mulheres e jovens, que podem estar saindo temporariamente do mercado de trabalho para se qualificar ou retornando aos bancos escolares em busca de mais escolaridade.

O estudo revela que enquanto a taxa de participação total (proporção de pessoas a partir de 10 anos de idade incorporadas ao mercado de trabalho) se manteve estável em maio de 2014 (56,3%) face ao mesmo mês de 2009 (56,1%), a taxa de participação dos jovens entre 18 e 24 anos e das mulheres diminuiu, respectivamente, 1,9 ponto percentual (de 69,2% para 67,3%) e 1,5 ponto percentual (de 48,8% para 47,3%), no referido período em análise, revelando que esse grupo vem perdendo espaço no mercado da Região Metropolitana.

Setores

Em relação aos setores de atividade econômica analisados na PED, a queda do nível de ocupação entre abril e maio foi puxada por serviços e construção civil, que eliminaram seis mil e três mil postos de trabalho, respectivamente. A indústria de transformação criou mil vagas, enquanto o setor de comércio e reparação de veículos e motocicletas se manteve estável.

O número de assalariados registrou queda de três mil pessoas no mês devido ao fechamento de sete mil postos no setor público e da redução de nove mil pessoas entre os autônomos e de duas mil no emprego doméstico.

Já o setor privado gerou quatro mil postos de trabalho, sendo dois mil com carteira e dois mil sem carteira assinada.

Josbertini: 'quase pleno emprego'

Para o secretário Estadual do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), Josbertini Clementino, os números da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) de maio indicam um cenário positivo para o mercado de trabalho local. "É praticamente o pleno emprego. Embora essa pesquisa seja só na RMF (Região Metropolitana de Fortaleza) e não inclua todo o Estado, o Ceará vem apresentando também noutras regiões, como o Cariri e Sobral, bons números na geração de empregos. Então a taxa deve continuar a baixar", projeta o secretário.

"Acredito que o Ceará, por um bom tempo, ainda vai experimentar esse período positivo do emprego. Não é à toa que nos últimos anos o Estado vem se destacando no Nordeste. A cada quatro empregos gerados com carteira assinada na Região, um é aqui no Ceará", comemora.

O titular da STDS lembrou que na edição de maio da PED ainda não há reflexos da Copa do Mundo. "A Copa só vai ter impacto na pesquisa do mês de junho, mas a gente já percebe um saldo importante conversando com o setor produtivo da cidade", adianta Josbertini.

Pronatec Trabalhador

A diretora de Qualificação Profissional do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Mariângela Coelho, adiantou a perspectiva do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) para o Ceará no segundo semestre de 2014, a partir da criação do Pronatec Trabalhador, que amplia a possibilidade de acesso ao programa, a partir da inclusão do Sistema Nacional de Emprego (Sine) no processo de qualificação profissional.

Na prática, ela explica que o trabalhador vai poder buscar a rede de atendimento do Sine para se pré-matricular no Pronatec. Em seguida buscar uma ofertante dos cursos, seja no Sistema S ou na rede estadual de educação, para que possa efetivar sua matrícula e cursar o Pronatec. O governo federal irá monitorar o Programa por meio de mapa da demanda.

"O mapa da demanda (elaborado conjuntamente por vários ministérios) aponta, para o estado do Ceará, cerca de 40 mil vagas do Pronatec para o segundo semestre. Isso alcança mais de 170 municípios no Estado. Então, a gente pode dizer que 90% dos municípios cearenses serão atendidos pelo Pronatec".

Segundo Mariângela, o mapa da demanda reflete a busca do mercado de trabalho formal, para que os cursos ofertados pelo Pronatec sejam voltados às necessidades do mercado. "Isso vai permitir o alinhamento do perfil do trabalhador qualificado com o perfil da vaga de emprego. E o Sine tem um papel importante nisso, na intermediação e no encaminhamento do trabalhador para a vaga no mercado de trabalho", completa a diretora. (AC)

Ângela Cavalcante
Repórter

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