Cuba quer atrair investimento de empresas do CE

As oportunidades de negócios entre o Estado e o país caribenho foram apresentadas ontem, em evento na Fiec

Escrito por Bruno Cabral - Repórter ,
Legenda: Presidente da Fiec, Beto Studart, recebeu ontem, a embaixadora de Cuba no Brasil, Marielena Ruiz Capote
Foto: FOTO: GIOVANNI SANTOS

As recentes medidas adotadas pelo governo cubano para atrair capital externo abrem oportunidades de investimentos em diversas áreas, sobretudo no setor de alimentos. Na manhã de ontem, a embaixadora de Cuba no Brasil, Marielena Ruiz Capote, participou do seminário "Oportunidades de Negócios e Investimentos em Cuba", realizado na Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), no qual apresentou aspectos da Lei de Investimento Estrangeiro de Cuba e os benefícios concedidos para as empresas que se instalarem na Zona de Desenvolvimento Especial (ZDE) do Porto de Mariel.

"O investimento estrangeiro é preciso para desenvolver determinadas áreas da economia cubana", disse a embaixadora, que vem participando de eventos semelhantes em outras federações industriais no País. "Mas eu insisto que o importante é estabelecer parcerias de sucesso, em que ambas as partes tenhamos proveito para os nossos países", disse.

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Aprovada em 2014, a Lei do Investimento Estrangeiro de Cuba oferece incentivos financeiros e fiscais para atrair capital externo em atividades de interesse para Cuba. A lei também dá garantias jurídicas para o investidor. Para o presidente da Fiec, Beto Studart, o empresário cearense pode buscar oportunidades nas áreas de alimentação humana e animal, além do setor calçadista, que hoje representa 84% das exportações cearenses para Cuba, de acordo com dados da Fiec.

Em 2014, o Ceará exportou US$ 2,5 milhões para o país, sendo US$ 2,2 milhões apenas pelo setor de calçados. Os valores, no entanto, ainda são pouco relevantes. Cuba é responsável por apenas 0,17% do volume das exportações cearenses. E, mesmo para o setor calçadista local, o valor representa apenas 0,69% das exportações do Estado.

Legislação

Antes de anunciar qualquer iniciativa, o presidente da Fiec disse que é preciso analisar a nova legislação cubana para os investimentos. "Nós temos que entender todo o marco legal. A obediência às leis que eles estão determinando. Se vão efetivamente seguir aquilo que está sendo explicado para nós. Acreditamos que sim. Isso tudo é um momento de convergência para a gente iniciar as conversas e despertar no cearense o desejo de ali investir".

Oportunidades

No setor de alimentos, o presidente do Conselho de Relações Internacionais da Fiec, Marcos Oliveira, vê oportunidades nos segmentos de criação de frango e camarão. "Eles estão trabalhando fortemente na pesquisa e desenvolvimento para soja e milho, o que pode gerar uma infraestrutura de abate de frango. É uma oportunidade muito grande para o Ceará", disse. Além disso, Oliveira acredita que surgirão oportunidades relacionadas à cadeia do Turismo, setor que também vem sendo estimulado pelo governo cubano.

Para a secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado, Nicolle Barbosa, a proximidade de Cuba com o Porto do Pecém pode fazer com que o Ceará atue como ponto de escoamento das exportações brasileiras para o país caribenho. "Acredito que a posição estratégica do Ceará vai nos colocar em vantagem perante os outros estados brasileiros. (...) A intenção é que a gente aumente as exportações cearenses com essa abertura de Cuba para o capital. É um novo mercado que vai se abrir ao mundo".

O investimento brasileiro na ZDE do Porto de Mariel pode representar também a chance de atingir outros mercados. "Algumas empresas da área industrial que possam investir em Cuba, ficarão muito mais próximas do mercado americano", disse o consultor internacional Alcântara Macêdo.

"A economia cubana está passando por uma metamorfose econômica muito forte. E algumas potencialidades poderão ser exploradas a partir do Brasil, e a partir do Ceará", disse. "Há 20 anos, eu exportei para Cuba. Foi através de uma empresa do Panamá, mas foi muito frutífero", completou.

Produtos

Além do setor de calçados, o restante das exportações cearenses para Cuba em 2014 foi referente a obras de ferro fundido, ferro ou aço, com US$ 334 mil. Em 2015, até agosto, o Ceará exportou US$ 1,02 milhão. Por outro lado, não houve registro de importações de Cuba para o Estado no período.

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