Construção: venda de material começa a reagir

Lojistas relatam melhora significativa nos últimos dois meses e projetam segundo semestre com otimismo

Escrito por Levi de Freitas - Repórter ,
Legenda: Comércio de materiais de construção vem sentindo melhora no fluxo de clientes neste mês e tem perspectiva otimista para o segundo semestre deste ano, com a tendência de acréscimo na demanda típica do período

A crise econômica tem diversos vieses. Se, por um lado, o momento delicado vivenciado no Brasil freou a quantidade de empreendimentos de grande porte na construção civil, por outro, incentivou pequenas obras e reparos nos imóveis já construídos. Com este pensamento, as lojas de materiais de construção avaliam que conseguiram sobreviver à crise e, agora, comemoram até crescimento no volume de vendas, projetando um segundo semestre ainda melhor.

A percepção dos lojistas é que, desde a Copa do Mundo de 2014, houve retração no setor como um todo, agravado pelas crises política e econômica. Entretanto, neste ano, a chave começou a ser girada em sentido diferente, oferecendo perspectivas otimistas.

O gerente-geral de vendas das lojas Acal, Cabral Neto, destacou que 2017 tem sido, até este mês de junho, um ano de retomada após sucessivas quedas. "Os clientes que antes tinham grandes construções, ou aqueles que utilizavam o 'Minha Casa Minha Vida', se retraíram. Isso aumentou, consequentemente, as reformas. As pessoas, ao invés de comprar uma casa nova, preferiram fazer reformas. Constatamos em pesquisas internas, identificamos um pouco essa mudança. Nesse ano, existiu esse sentimento. No caso da Acal, não crescemos tanto quanto gostaríamos, mas ficamos num ritmo pelo menos igual ao ano anterior", disse.

Neto explica que os quatro primeiros meses do ano foram mais difíceis. Devido ao período de chuvas, especialmente na Capital, o interesse da clientela por reformar caiu. "Agora em junho a gente sentiu uma grande melhora no fluxo de clientes. Pegando o quadrimestre janeiro-abril como referência, sentimos uma queda. Em abril houve feriados, e tudo isso influenciou a cair. Mas em maio e junho tivemos uma retomada, uma confiança maior do consumidor e tivemos uma melhoria", avaliou.

Demanda

O presidente do Sindicato dos Comerciantes de Material de Construção, Cid Alves, ressaltou que há um acréscimo natural da demanda para o setor no segundo semestre. Desta forma, alimenta otimismo para as vendas do setor até o fim do ano.

"O período chuvoso parou em maio e o que estamos tendo agora é uma retomada nas vendas. Como está havendo estabilidade na economia, estamos sentindo uma retomada. A expectativa é 'positivíssima' para o segundo semestre, a não ser que ocorra um fato novo na política. E me refiro em relação ao ano passado e anos anteriores. Desde a Copa do Mundo a gente vem sofrendo quedas ininterruptas", disse.

Alves relacionou a crise econômica e política com a queda no volume de vendas das empresas do setor. "Houve interferência acentuada. O desemprego foi fatal para o setor. A paralisação por parte da Caixa Econômica da liberação de verba para novas construções, especialmente do 'Minha Casa Minha Vida', foi fundamental para que houvesse uma desaceleração do setor. Agora, com o controle da inflação e o dólar alinhado a três reais e pouco, a gente está sentindo que há menos receio por parte do lojista e dos consumidores em fazer aquisições".

Cabral Neto elege o período que antecedeu o torneio de futebol no Brasil, ainda na primeira metade do primeiro governo de Dilma Rousseff, como referência para comparar com as possibilidades de reaquecimento do setor previstas para 2017.

"Nos anos anteriores, devido ao momento econômico mais conturbado, foram momentos atípicos. Se puxarmos para anos pré-crise, como 2011 e 2012, o primeiro semestre não era tão bom, mas o segundo era, pois as pessoas finalizavam as dívidas no começo do ano, enquanto ainda estava chovendo, e no segundo semestre construíam e reformavam, já pensando nas festas de fim de ano. E é isso que a gente sente nesse ano, confiantes que o segundo semestre vai ser melhor", apontou.

Cid Alves citou o que enxerga como potenciais obras a serem realizadas a partir de julho, que oxigenarão as vendas das lojas de materiais de construção.

"As grandes construções não têm sido o segmento que mais fornecemos materiais ultimamente, por conta da paralisação dos financiamentos. Mas esse período de férias escolares é geralmente mais usado para reparos em escolas, por exemplo. Isso também acontece com bares, restaurantes, hoteis e, de um modo geral, as residências, pois é nesse período sem chuva que os proprietários fazem suas reformas".

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