Cearenses buscam referências em polo de inovação de Israel

Comitiva liderada pelo BNB foi à universidade de Beer-Sheva, tida como uma das mais inovadoras do mundo

Escrito por Bruno Cabral* - Repórter ,
Legenda: "A necessidade nos fez ser inovadores", disse Yossef Shavit, gerente de projeto do Centro de Empreendedorismo e Inovação da Universidade de Ben-Gurion

Beer-Sheva (Israel). Conhecida internacionalmente como a nação das startups, Israel é um dos principais destinos de jovens de todo o mundo que buscam desenvolver ideias em um ambiente voltado não só para a inovação, mas para o empreendedorismo e a sustentabilidade de startups. E, entre as universidades israelenses, a de Ben-Gurion, em Beer-Sheva, no sul de Israel, é considerada uma das mais inovadoras do mundo.

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"A necessidade nos fez ser inovadores, seja pela aridez da terra ou pelas constantes ameaças externas", diz Yossef Shavit, gerente de projeto e consultor de negócios do Centro de Empreendedorismo e Inovação da Universidade de Ben-Gurion, parceira da Universidade de Fortaleza (Unifor) e do Hub de Inovação do Nordeste (Hubine).

Inspirados pelo modelo israelense de unir universidades, iniciativa privada e governo com foco para promover o desenvolvimento tecnológico focado na solução de demandas específicas de cada região, o presidente do Banco do Nordeste, Marcos Holanda, o secretário do Planejamento e Gestão do Estado, Maia Júnior, e representantes de cinco universidades do Estado visitaram, ontem (26), a Universidade de Ben-Gurion. Um dos propósitos da comitiva cearense em Israel é levar para o Estado a cultura de empreendedorismo da universidade israelense, intimamente relacionada com as principais empresas de tecnologia em atividade.

"Essa é uma universidade focada em gerar negócio, em resolver problemas da sociedade. Eles têm essa lógica de que a universidade existe para servir, mas muitas vezes, a nossa lógica, é de que ela precisa ser servida. É uma lógica inversa", disse Marcos Holanda.

Segundo Maia Júnior, o Governo do Ceará pretende melhorar o desenvolvimento do Estado por meio das universidades, com projetos de inovação e tecnologia, mas, para isso, é preciso mudar a mentalidade das instituições. "O papel da nossa vinda a Israel é buscar experiências exitosas nessa relação entre universidade, indústria e governo", disse. "Estamos aqui dialogando com universidades não só de Israel, mas da China, da Holanda, da Inglaterra, e dos Estados Unidos, para que a gente possa levar às universidades do Estado um projeto novo de transformação do Ceará", acrescentou.

Startups

Para os três representantes de startups selecionados pelo Hubine para participar da missão a Israel, a visita ao Centro Tecnológico deu a dimensão das possibilidades de desenvolver um grande negócio, com viabilidade financeira. "A maneira como eles lidam com as startups aqui é muito interessante para o nosso ecossistema. E isso, com certeza, nós podemos aplicar no Brasil", disse Lucas Teixeira, da AgroWet - tecnologia em irrigação, de Montes Claros (MG). Já Mauro Fernando, da QNQ - especializada em nanotecnologia em produtos de limpeza com uso eficiente de água, destacou a objetividade dos israelenses, sempre com foco nos negócios. "Estamos voltando para Fortaleza com um novo foco, para aplicar esses processos que estamos vendo aqui e fazer o nosso ecossistema crescer cada vez mais". Para Victor Hugo, da Selletiva - Soluções em Logística Reversa, a visita é uma grande inspiração para empresas que estão começando "Vimos exemplos de pequenas empresas, empresas de garagem, que hoje são multinacionais".

Ideias e negócios

O presidente do Banco do Nordeste, Marcos Holanda, destaca que o empreendedorismo tem que transformar uma ideia em negócio, e a combinação de parques tecnológicos com universidades têm de gerar riqueza e empregos.

"O próprio BNB pode trabalhar algum tipo de parceria com a Universidade de Ben-Gurion. Eles comentam que é preciso criar uma ponte entre o mundo empresarial e a universidade. E o papel do Hubine é gerar essa ponte entre a inovação com a universidade, aproximando as duas partes e eventualmente financiando projetos que surjam", defende Holanda.

Viabilidade

Integrante da missão, a pró-reitora de extensão da Universidade Federal do Ceará (UFC), Márcia Tavares, disse que o encontro serviu para as instituições cearenses descobrirem como viabilizar projetos que integram as universidades e o governo.

"Vimos exemplos de alunos com currículos, desde a sua formação, integrados a empresas", ressaltou a acadêmica.

O encontro também contou com a participação do reitor da Universidade do Vale do Acaraú (UVA), Fabiano Cavalcante, do vice-reitor da Universidade Regional do Cariri (Urca), Francisco Lima Júnior, do reitor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), do pró-reitor de pesquisa, pós-graduação e inovação do Instituto Federal do Ceará (IFCE) José Wally Mendonça, e do secretário adjunto da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Ceará (Secitece), Francisco Carvalho Coelho.

*O jornalista viajou a convite do Banco do Nordeste

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