Ceará tem 700 mil jovens que não estudam, nem trabalham

Cenário de 2016 mostrou piora em relação a 2014, quando eram 624 mil jovens nessa situação

Escrito por Redação ,

Cerca de 700 mil jovens cearenses não estavam ocupados e nem estudavam no ano passado, de acordo com a Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgada nessa sexta-feira (15), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número representa 32,4% das 2,1 milhões de pessoas entre 16 e 29 anos no Estado do Ceará.

O cenário de 2016 piorou em relação a 2014, quando este percentual era de 28,7% ou 624 mil jovens nessa faixa etária que não trabalhavam e nem estudavam. Segundo Mardônio Costa, analista de Mercado de Trabalho do Sistema Nacional de Empregos/Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (Sine/IDT), os números são reflexos da conjuntura econômica do ano passado, quando o País atravessou por uma forte recessão.

"A partir do segundo semestre de 2017, nós tivemos resultados mais favoráveis no mercado de trabalho. No ano passado, você teve um impacto muito forte do mercado em que muitos jovens perderam seus empregos. Eles inclusive são os mais penalizados", acrescenta o analista.

Segundo ele, foram quase 30 mil empregos a menos para os jovens entre 18 e 24 anos. "De acordo com a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), o status de emprego juvenil diminuiu. Somando 2015 e 2016 foram perdidos 87,9 mil empregos nessa faixa de idade", explica.

Desalento

Além do aspecto econômico, Mardônio também diz que a tradicional dificuldade de inserção dos jovens no mercado de trabalho é outro ponto que explica a situação. "No momento de retração, você também tem uma concorrência mais elevada e isso penaliza os mais jovens e menos escolarizados. Isso tudo gera um clima de desalento na camada mais pobre", afirma o analista do Sine/IDT.

Ele reforça que esse cenário tem um custo social enorme por causa da marginalização. "Há ainda a criminalidade que atinge os mais pobres que tendem a praticar atividades ilegais. Na falta de um emprego e de uma renda, eles vão ter que se virar".

Mardônio também reitera que os salários dos jovens são os mais baixos. "Segundo a Rais, o rendimento médio real dos jovens entre 16 e 24 anos, no terceiro trimestre foi de R$ 811, abaixo do salário mínimo. Também está abaixo da média dos ocupados no Ceará que era de R$ 1.347", afirma.

A crise econômica impactou mais fortemente o mercado de trabalho em 2016. Segundo o IBGE, no ano passado, a taxa de desocupação no Estado foi de 11,6%, enquanto que em 2014, antes da crise, esse índice estava em 7%.

"O impacto na recessão econômica foi mais sentido no ano de 2016. O Ceará começou a sentir os efeitos em 2015. Apesar disso, há uma série de sinalização positiva para o mercado de trabalho, tanto no Estado quanto no País", observa Mardônio.

Mais uma vez os jovens, entre 16 e 29 anos, foram os mais prejudicados. A taxa de desocupação nessa faixa de idade foi de 21,6% no Ceará, enquanto que em 2015 foi de 16,4%, e em 2014, 12,9%.

Brasil

Ao aumentar o desemprego entre os jovens, a recessão elevou o número de brasileiros entre 16 a 29 anos de idade que nem estudam nem trabalham. Segundo o IBGE, o porcentual de jovens nessa situação, que se manteve estável de 2012 a 2014, saltou em 2015 e 2016, com efeito maior entre as mulheres, por causa dos serviços domésticos.

Em 2014, 22,7% dos jovens de 16 a 29 anos nem estudavam nem trabalhavam. Em 2016, essa fatia ficou em 25,8%.

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