Ceará de portas abertas para investimentos do mundo

Aproximação do governo com a iniciativa privada e com investidores de outros países é estratégia para buscar alternativas para retomada do crescimento

Escrito por Redação ,

As parcerias dos governos com a iniciativa privada, notadamente em áreas ligadas à infraestrutura, vêm sendo apontadas como uma das principais alternativas para o Brasil retomar o tão esperado crescimento econômico numa época de pouco dinheiro nos cofres públicos. Com a recessão diminuindo a capacidade de investimento de empresas nacionais, prefeituras, estados e União miram no mercado estrangeiro. No Ceará, um novo ambiente de negócios com a participação de companhias internacionais começa a ser desenhado, abrindo as portas do Estado para o mundo. Entre os atuais e potenciais parceiros, ganham destaque alemães, chineses, sul-coreanos, holandeses, italianos, israelenses, iranianos, entre outros.

LEIA MAIS

.Concessão pioneira foi em 1998 com a Coelce

.Água e saneamento devem passar à iniciativa privada

.Modelo é visto como forma de melhorar gestão

.Benefícios refletem na cadeia produtiva

Seja por meio da concessão de equipamentos ou de Parcerias Público-Privadas (PPPs), o governo estadual vê no investidor estrangeiro uma grande oportunidade para colocar o Ceará, definitivamente, na rota mundial dos grandes negócios. Gerar emprego e renda, aumentar a arrecadação, melhorar a situação fiscal e incrementar o Produto Interno Bruto (PIB) local estão entre os objetivos do Estado na busca dessas alianças com o mercado externo. 

Para o economista e consultor internacional Alcântara Macedo, as atuais e futuras parcerias do Ceará com empresas estrangeiras são necessárias à economia local, principalmente, para aumentar as receitas do Estado e garantir uma situação fiscal confortável no futuro. 

“Temos que aplaudir e apoiar essas alianças do governo que, consequentemente, vão atrair outros players internacionais e dar uma nova fisionomia econômica ao Ceará, impactando não só a indústria, mas também comércio, serviços e turismo”, observa Macedo.

Porto

Para ele, das atuais parcerias do governo estadual, a mais importante é com o Porto de Roterdã, um dos mais importantes do mundo e o maior da Europa. Nessa quarta-feira (22), autoridades cearenses e holandesas assinaram memorando de entendimento visando à gestão compartilhada do Porto do Pecém. A expectativa é que, a partir da sociedade, 51% do capital fique com a Cearáportos e 49% com o Porto de Roterdã.

“Será uma gestão de primeiro mundo que trará inúmeros benefícios ao Estado. Nosso porto está numa posição geográfica muito boa, se comunicando facilmente com a Europa, África, além da América Central e América do Norte”, destaca Alcântara Macedo, afirmando que o ambiente de negócios no Ceará, também com foco no mercado estrangeiro, começou a ser pensado ainda na primeira gestão do ex-governador Virgílio Távora (1963-1966). 

Na época, ele implantou o 1º Plano de Metas Governamentais (Plameg), cujo principal objetivo era desenvolver a atividade industrial do Ceará. 

O consultor internacional lembra, ainda, da importância do segundo mandato do ex-governador Tasso Jereissati (1995-1998) para tornar o Estado mais atrativo a empresas internacionais, quando começaram as obras do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), no município de São Gonçalo do Amarante, e foi inaugurado o Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza.

Aeroporto

No último dia 16, a empresa alemã Fraport venceu o leilão realizado na BM&FBovespa, em São Paulo, para a concessão do terminal cearense, arrematando o equipamento por R$ 1,5 bilhão. A expectativa é que a companhia passe a administrar o aeroporto no dia 28 de julho deste ano, retomando as obras de ampliação e modernização do empreendimento no início de 2018. Embora a concessão seja federal, as negociações do governo cearense com a União para incluir o ativo no leilão foram intensas. 

Macedo também destaca o começo da construção da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) no governo Cid Gomes (2007-2014) e a inauguração do equipamento em meados de 2016, na gestão do governador Camilo Santana. Atualmente, a brasileira Vale detém 50% das ações da empresa e as sul-coreanas Dongkuk Steel e Posco têm 30% e 20%, respectivamente.

Novos e antigos planos

Apesar das atuais alianças, o Governo do Ceará busca ampliar suas relações com empresas internacionais, tentando, por exemplo, tirar do papel antigos planos que foram frustrados, como a refinaria de petróleo. Em janeiro de 2015, a Petrobras desistiu do projeto da Premium II. Hoje, o Estado busca atrair investidores chineses e iranianos para tirar a refinaria do papel.

Por outro lado, tenta conceder ativos estaduais por meio Programa de Concessões e Parcerias Público-Privadas do Governo do Estado do Ceará, como o Centro e Eventos, o Sistema Metroviário e o Acquario. E ainda aposta em outros projetos sob o modelo de PPP, a exemplo da usina de dessalinização que deverá ser implantada em Fortaleza ou na Região Metropolitana. 

Distribuição de renda

Mesmo reconhecendo a importância das parcerias com a iniciativa privada para o desenvolvimento econômico do Brasil e do Ceará, seja com empresas nacionais ou estrangeiras, Alcântara Macedo diz que esses negócios precisam ser revertidos em benefícios para a população, a partir de uma maior distribuição de renda. “Não podemos ter pouquíssimos muito ricos e uma grande maioria muito pobre. Como o Brasil não tem poupança e precisa voltar a crescer, essas parcerias ajudam os governos concentrar seus investimentos em áreas prioritárias, como Educação, Saúde, Habitação e Segurança”, acrescenta o consultor internacional.

Newsletter

Escolha suas newsletters favoritas e mantenha-se informado