Brasil possui 2ª maior taxa de juros do mundo

Aumento joga sobre o consumidor uma carga maior na hora de quitar as dívidas e tomar novos empréstimos

Escrito por Redação ,

Ao retomar o patamar de 12,75% para a Selic - não visto no País há seis anos -, o Banco Central (BC) levou o Brasil à segunda colocação mundial quando a comparação é a taxa de juros ao ano - atrás apenas da Rússia, que possui 15%, segundo o portal FX Street - e impôs uma realidade bem mais drástica aos consumidores endividados ou àqueles que pensavam em realizar compras/financiamentos em curto prazo.

Entre as américas, nenhum dos pesquisados pelo portal chega próximo à taxa de dois dígitos anunciada pelo BC. Nas nações asiáticas banhadas pelo Pacífico, da mesma forma. Se não fosse pela Rússia, a Selic emplacaria a liderança isolada no globo. E é bom ponderar que o país europeu vive conflitos em suas fronteiras, sofre embargos dos Estados Unidos e de alguns governos do mesmo continente.

"Esta (a alta da Selic) é mais uma pressão para a redução da atividade econômica. Já existem várias e isto está precificado em uma recessão para este ano", analisa o economista Ênio Arêa Leão, lembrando o crescimento da inflação e também o do dólar, os quais colaboram para o chamado pelo especialista de "fenômeno de incertezas" da economia brasileira.

Na prática, segundo explica, o cenário é formado porque o mercado não tem segurança a respeito do que deve acontecer neste ano e "o governo não tem dado o recado claro". "Todo mundo fica sem norte, quem dá crédito - que fica muito mais seleto - e quem toma também", reforça o economista.

Impacto sobre o consumidor

Já sobre o reflexo de uma taxa de juros dessa magnitude sobre o consumidor, Arêa Leão aponta, principalmente, para a diminuição das linhas de crédito: "mesmo que o cliente diga que tem como pagar, os critérios são bem mais exigentes".

Levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) constata o descrito pelo economista, ao demonstrar que os 12,75% da Selic impõem taxas de juros mais altas em operações comuns do cotidiano de consumo do brasileiro.

Um dos mais comuns contratados pelo cidadão na aquisição, o juro do comércio, chega a 4,99%, de acordo com o exemplo dado pela Associação. Na compra de uma geladeira cujo preço é R$ 1,5 mil, ao parcelar em 12 vezes, o consumidor passou a pagar R$ 4,58 a mais.

A simulação elaborada pela Anefac ainda constata que o empréstimo pessoal teve as taxas alteradas para 3,79% (bancos) e 7,44% (financeiras); e 11,26% para o cartão de crédito rotativo, todos aumentando ainda mais a quantia paga pelo contratante ao término do período.

Novos ajustes

Apesar de todo o drama vivido pelos endividados e os que precisam efetuar alguma compra, Ênio Arêa Leão ainda aposta em um novo reajuste, para cima, da Selic na próxima reunião do Banco do Central.

"Nós precisamos controlar a inflação e o fluxo de capitais no Brasil. Pelo menos, teremos mais um aumento de 0,25 ou 05 pontos percentuais e eu acredito no cenário mais pessimista", declara o economista sobre o futuro da economia no País.

Armando de Oliveira Lima
Repórter

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