Brasil entra na lista do FMI de maiores déficits

Em 2013, o déficit brasileiro na conta corrente atingiu 3,6% do PIB, maior porcentual desde 2001

Escrito por Redação ,
Legenda: O Brasil teve déficit recorde de US$ 81 bilhões na conta de transações correntes em 2013, o terceiro maior do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, conhecido por ser o maior devedor global, e do Reino Unido

Nova York. A piora dos números das contas externas levou o Brasil a entrar na lista dos maiores déficits do mundo, segundo estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado nesta terça-feira, 30, e que compara os indicadores de 2013 com os de 2006. Naquele ano, o País não fazia parte da lista dos dez maiores saldos de transações correntes do planeta

O Brasil teve déficit recorde de US$ 81 bilhões na conta de transações correntes em 2013, o terceiro maior do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, conhecido por ser o maior devedor global, e do Reino Unido. Mas o déficit dos Estados Unidos caiu pela metade entre o ano passado e 2006, de US$ 807 bilhões para quase US$ 400 bilhões. A balança de transações correntes é o saldo das operações de um país com o exterior, incluindo o resultado das exportações e importações, transferências unilaterais, pagamento de juros e remessas de dividendos.

Em 2013, o déficit brasileiro na conta corrente atingiu 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB), maior porcentual desde 2001, e em nível acima de outros países que têm os dez maiores déficits do mundo, como os EUA (2,4%), Índia (1,7%) e França (1,3%), mas melhor que certos mercados, como Turquia (7,9%) e o Reino Unido (4,5%).

O estudo do FMI conclui que os desequilíbrios mundiais, medidos pelos déficits de transações correntes, se reduziram em mais de um terço desde 2006, quando atingiram o pico e suscitaram preocupações sobre a estabilidade de algumas economias. Desequilíbrios importantes, como o enorme déficit dos EUA e os grandes superávits de China e Japão, tiveram quedas significativas. Na média, a soma dos dez países mais endividados caiu de 2,3% do PIB global para 1,2%. A dos mais superavitários baixou de 2,1% para 1,5%.

Motivos

As razões para a redução dos desequilíbrios globais estão ligadas, principalmente, à queda da demanda em países como os EUA, um dos maiores importadores. Outro fator é o crescimento diferente do PIB em cada país, com alguns emergentes avançando de forma mais intensa, principalmente, após a crise de 2008. A contribuição do movimento de moedas para a redução dos desequilíbrios foi modesta, destaca o relatório.

A expectativa dos economistas do FMI é que a redução dos desequilíbrios globais seja duradoura. Uma das razões é que a expansão da demanda doméstica nos países mais deficitários permanece abaixo da tendência verificada antes da crise de 2008

"Os riscos de um ajustamento danoso nas contas de transações correntes se reduziram, mas o rebalanceamento da demanda global permanece uma prioridade dos governos", diz o documento. Em países deficitários, como o Brasil, uma demanda externa mais forte pelos produtos ajudaria a reaquecer a atividade, ao mesmo tempo em que melhora o passivo externo.

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