Austrália quer saber sobre trabalho no Ceará

Gold Coast (Austrália). Como primeiro passo do que poderá vir a ser "uma parceria duradoura", conforme sua reitora Yvonne Brunetto, a Southern Cross University encaminhou às 98 empresas associadas da Cooperativa da Construção Civil do Ceará (Coopercon), um questionário que, entre outras coisas, pergunta: "como os seus funcionários veem sua empresa e como esta os vê?". Trata-se da etapa inicial da aproximação das partes. A Universidade australiana, que tem 30 anos de atividades, está interessada em conhecer o que chama de "case de sucesso", mas antes quer estudar a Coopercon como sua futura parceira.

Ontem, empresários e executivos da Missão Coopercon, que já passaram pelo Japão e agora estão em visita a Austrália, participaram, no "campus" da Southern Cross University, nesta cidade, de um seminário que abordou desde o meio ambiente à segurança na engenharia de construção. O primeiro a falar foi o professor doutor David Hood, uma das maiores autoridades mundiais em sustentabilidade. Membro da equipe de ambientalistas liderada pelo ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, o professor Hood traçou um quadro do planeta: "A Terra precisou de 3,8 bilhões de anos para desenvolver um sistema de vida sustentável. O homem predador vem, nos últimos 40 anos, destruindo tudo isso" - afirmou, sugerindo que os empresários da construção civil devem reciclar seu resíduos sólidos e usar tecnologias sustentáveis.

O professor doutor Scott Smith alertou e questionou: "A sociedade está mais exigente, quer mais conforto. Como atendê-la sem agredir o meio ambiente?" Ele mesmo respondeu, dizendo que há novos materiais em uso pela indústria, como a fibra de carbono, já utilizado na fabricação de componentes de aviões, reduzindo o peso das aeronaves.

Orçamento à risca

Em seguida, foi a vez do professor doutor, Scott Kruegel, responsável pelas obras de infraestrutura dos Jogos da Commonwealth (comunidade de países do Reino Unido), que serão realizados em Gold Coast, em 2018. O orçamento desse evento é o equivalente a R$ 339,5 milhões. Detalhe: parte dos estádios e ginásios já foi construída e será testada no fim deste ano. "Nossos políticos são muito preocupados com os custos e por esta razão o orçamento tem de ser cumprido à risca", diz Kruegel. Por sua vez, o professor doutor Joe Mathew, CEO do Instituto de Gerenciamento de Ativos na Engenharia da Queensland University (QUT), resumiu o objetivo de sua organização: "Transformar comunidades". Para isso, investe nos ativos intangíveis como o conhecimento, a sustentabilidade, a marca e o respeito da empresa às pessoas.

Também falaram os professores doutores Darren Wilson, sobre a atração de investimentos estrangeiros, e Jeremy Novak, que prendeu a atenção do grupo da Coopercon ao afirmar, e provar, que grandes desastres ultimamente registrados, como o acidente nuclear no Japão e o desaparecimento de um avião da Malasya Airlines, aconteceram por descaso e falha na análise das informações. O fundador e primeiro presidente da Coopercon, João Carlos Lima, que reside na Austrália, e o atual presidente da cooperativa, Marcos Novaes, expuseram os objetivos da entidade, que hoje tem 98 empresas associadas com VGV superior a R$ 3 bilhões e mais de 300 canteiros de obras em sete estados brasileiros.

Egídio Serpa*
Colunista

*O jornalista viajou a convite da Coopercon-CE