Apenas 47,9% das casas foram entregues no CE

Construtores contam que têm amargado dívidas com a falta de repasse do governo federal no Ceará

Escrito por Yohanna Pinheiro - Repórter ,
Legenda: Setor prevê demissão de 20 mil pessoas neste ano, caso dívidas do Governo Federal com as construtoras não sejam quitadas
Foto: Foto: Bruno Gomes

Antes visto como redenção do setor da construção civil, o programa federal Minha Casa, Minha Vida acumula obras inacabadas e é responsável pelo fechamento de milhares de postos de trabalho no País. Somente no Ceará, o atraso de repasses no montante de R$ 160 milhões às construtoras pelo Governo podem gerar 20 mil demissões nos próximos meses, de acordo com o Sindicato das Construtoras do Ceará (Sinduscon-CE).

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O não pagamento das dívidas no dia 15 de agosto, data prometida pelo Governo Federal para quitar os atrasos a construtoras de todo o País, aprofundou ainda mais a desconfiança do empresariado. De acordo com o Ministério das Cidades, a pasta tem se empenhado para regularizar a situação ainda neste mês, tendo aumentado o volume de liberações em agosto. "Espera-se que até o dia 31 se chegue a esse equilíbrio", informou em nota.

A sinalização, no entanto, não foi suficiente para acalmar os construtores. Segundo o presidente do Sinduscon-CE, André Montenegro, as empresas do setor só acreditam na quitação das dívidas quando virem o dinheiro cair nas contas. "As obras estão paralisando e só nos restam dívidas e a tentativa de contornar com fornecedores e diminuir quantidade de funcionários".

De acordo com o Ministério das Cidades, a pasta já investiu R$ 7,5 bilhões no Estado do Ceará na contratação de 117.088 unidades habitacionais por meio do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). Até hoje, o Governo entregou 47,9% das unidades, o que corresponde a 56.175 novas habitações. Apenas em 2015, conforme dados do Ministério, foram empregados R$ 792,145 milhões no Ceará através do programa.

Municípios

Somente em Fortaleza, o MCMV investiu R$ 2,9 bilhões na contratação de 43.324 novas moradias. Porém, foram entregues apenas 29,1% das unidades contratadas desde o início do programa, sendo 12.609 residências das 15.639 que foram construídas. Em 2015, o Ministério calcula ter investido R$ 144,244 milhões em novos contratos apenas para a Capital.

Já em relação a Caucaia, dados do Ministério dão conta que o Governo investiu R$ 555,326 milhões na contratação de 9.253 unidades habitacionais, das quais 4.560 das 6.718 residências concluídas foram entregues. Hoje, mais 480 serão entregues pela presidente em Caucaia, integrantes a um dos oito módulos do Residencial José Lino da Silveira, construído no bairro Jurema.

Empreendimentos

Eliana Gomes, titular da Fundação de Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza (Habitafor), observou que, mesmo com as dificuldades da crise econômica, a presidente Dilma Rousseff tem inaugurado diversos empreendimentos do MCMV em vários estados. "Além das unidades habitacionais de Caucaia, também serão entregues 300 casas do residencial Jardim I, em Fortaleza", apontou.

Ela lembrou que a presidente prometeu lançar, no próximo dia 10, a terceira etapa do programa. "Com isso, deve descer o pagamento das empresas. É muito mais caro parar, porque afeta o nível de empregos, a movimentação da economia. Com certeza, vamos poder dar um salto maior ainda dentro da perspectiva de aumentar as demandas", avaliou a secretária.

Eliana destacou ainda que o programa tem dado bons resultados. "A forma como está sendo trabalhado para as pessoas valorizarem o empreendimento, com escola, creche, tem feito a diferença. Gera emprego na construção, é um processo que tem que dar certo", afirmou, destacando que, até dezembro deste ano, mais 2.040 unidades serão entregues por meio de sorteio aos fortalezenses.

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