Afetada pela seca, economia do NE recua 1%

A expectativa é que em 2017 a safra seja melhor e beneficie o desempenho econômico da Região

Escrito por Redação ,
Legenda: O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, explicou que a recuperação do Nordeste será gradual
Foto: Foto: HELENE SANTOS

Salvador. A atividade econômica do Nordeste recuou 1% no trimestre encerrado em agosto, de acordo com o Boletim Regional do Banco Central (BC), divulgado nessa sexta-feira (2). O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, destacou que a região Norte foi a que registrou o melhor desempeno País, apresentando alta de 1% na atividade econômica, neste intervalo de tempo.

Enquanto o Norte registra avanço da atividade no trimestre encerrado em agosto, depois de já ter visto a economia crescer 1,1% no trimestre encerrado em maio, as demais regiões do País mostram dificuldades. No Centro-Oeste, cedeu 2,1%; no Sul, recuou 1,1%; e no Sudeste, subiu apenas 0,5%.

Problemas climáticos

Especificamente sobre o Nordeste, Maciel lembrou que os problemas climáticos prejudicaram o desempenho econômico da região. Ao mesmo tempo, existe a expectativa de que, em 2017, a safra seja melhor, favorecendo a economia da Região. Por outro lado, Maciel evitou dizer se a recuperação no Nordeste será mais rápida ou mais lenta que em outras regiões do País. Ele lembrou que a região possui uma fatia grande da renda ligada à administração pública. Em momentos de crise, isso contribui para que a queda econômica ocorra de forma mais lenta que em regiões como o Sudeste. Mas em tempos de recuperação, acaba sendo um problema. "A recuperação do Nordeste será gradual", disse Maciel, durante entrevista coletiva.

Crise

Maciel fez uma comparação entre os impactos, nas diferentes regiões do País, da crise global de 2008 e a crise mais recente da economia brasileira. Segundo ele, as regiões Sudeste e Sul tiveram uma queda muito intensa da atividade em 2009, após a crise global. O movimento foi mais acentuado que o visto nas demais regiões. Por outro lado, a crise recente "atingiu igualmente todas as regiões". "A crise atual tem cara distinta da de 2008", afirmou.

O chefe de departamento destacou ainda a queda pronunciada do volume de serviços nos últimos dois anos, assim como o recuo do comércio. Segundo ele, o movimento visto nas diferentes regiões do País está ligado a fatores como a falta de confiança na economia, os impactos negativos da crise no mercado de trabalho e a maior dificuldade na obtenção de crédito. "Observamos queda este ano no saldo de crédito que abrange todas as regiões", pontuou Maciel.

Importações

Maciel comentou que, em todas as regiões do País, houve retração das importações de produtos nos últimos anos. Isso ocorreu, segundo ele, em função do câmbio menos favorável (dólar em nível mais alto ante o real nos últimos anos) e da atividade fraca no País, que limita a compra de produtos de outros países.

Ao abordar o arrefecimento mais recente da inflação no País, Maciel disse que os alimentos voltaram a ter um comportamento "mais benigno" e destacou, ao mostrar um gráfico com índice de difusão, que a queda da inflação não está concentrada "em um ou dois produtos". Ao contrário, de acordo com Maciel, é resultado de preços mais contidos em vários produtos.

O chefe do Departamento Econômico do BC concedeu entrevista coletiva em Salvador, na Bahia, sobre o Boletim Regional do Banco Central do Brasil.

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