45 mil toneladas de camarão são esperadas

Volume representa um incremento de 7% sobre a produção cearense registrada no ano passado, segundo ACCC

Escrito por Redação ,
Legenda: Com mais de 1,2 mil empregos diretos e cerca de quatro mil indiretos, a Maris investe em um projeto de ampliação para aumentar em 50% a área de produção

Outro cultivo que segue de "vento em popa", no Ceará, é a produção de camarões. Dados da Associação Cearense dos Criadores de Camarão (ACCC) apontam para um incremento de 7% na produção do Estado entre 2013 e 2014, passando de 42 mil toneladas para aproximadamente 45 mil toneladas este ano.

Segundo a entidade, em todo o Ceará existem cerca de 428 fazendas de camarão, sendo que a maioria são de micro e pequeno portes, menores do que cinco e dez hectares, respectivamente, que juntas representam 75% das fazendas. Outras 20% são fazendas de médio porte, com menos de 50 hectares de área, e 5% são grandes, a partir da criação em 50 hectares. Os principais polos produtores estão localizados em Coreaú, Acaráu, Curú, Baixo e Médio Jaguaribe.

Exemplo de sucesso do segmento no Estado, a Maris é destaque na produção de camarões em cativeiro no Estado. Na fazenda da marca, localizada no município de Aracati, no litoral leste do Ceará, são produzidas 4.650 toneladas/ano de camarão. Esta produção atende a demanda nacional de varejo da marca. Na indústria, a produção é de 60 toneladas/dia. E esse número deverá ser duplicado no primeiro semestre de 2015, com a implantação do novo laboratório e novos viveiros.

Foco no mercado interno

De acordo com o diretor comercial da Maris, Ricardo Pedroza, o crescimento da empresa acompanha a tendência do setor no Estado. "Nos últimos anos a carcinicultura do Ceará assumiu a liderança do País, antes mesmo do Rio Grande do Norte, que já foi líder nacional na produção de camarão", comemora.

Segundo Pedroza, de cinco anos para cá, não só a Maris, como todo o mercado, precisou passar por grande transformação, com a mudança de foco das exportações para o abastecimento do mercado interno.

"O câmbio desfavorável, entre outros fatores, tornou inviável a exportação de camarão a partir de 2007. Foi então que todo mundo voltou o olhar para o mercado nacional", recorda.

Nesse contexto, a Maris vem ocupando o mercado de camarões processados, comercializados em embalagens a partir de 200 gramas. "Estamos presentes em mais de dois mil pontos de venda. Nos dois últimos anos, nossa participação no varejo nacional dobrou e com a ampliação vamos crescer mais", diz o diretor comercial da Maris.

Alcance e impacto

A marca cearense de pescados foi lançada em 2012 e atualmente está presente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, no Distrito Federal, além de todos os nove do Nordeste. Conforme Pedroza, a linha de produtos da marca é comercializada nas maiores redes de supermercados do Brasil, como Pão de Açúcar, Walmart, Carrefour, G. Barbosa, a gaúcha Zaffari, bem como por grandes distribuidores, que abastecem pequenos e médios varejistas.

Com mais de 1.200 empregos diretos - divididos entre fazenda, laboratório, indústria e departamento comercial - e gerando cerca de quatro mil indiretos, a empresa investe atualmente em um projeto de ampliação que deverá aumentar em 50% a área de produção na fazenda.

Segundo o diretor comercial, os investimentos incluem também a modernização do parque industrial, onde os camarões são processados e embalados para seguirem às gôndolas dos supermercados. "Queremos ser mais eficientes para aumentar nossa produção porque ainda há muito espaço para crescer no mercado nacional", afirma. (AC)

'Falta de segurança hídrica põe em risco a fruticultura'

A falta de segurança hídrica no Estado põe em risco a sobrevivência da fruticultura cearense. Sem chuvas, as plantações do Estado pedem uma ação imediata do governo para garantir o suprimento de água nas lavouras, sob pena de parar a produção de frutas no Ceará. O alerta é do empresário Carlos Prado, sócio e diretor da Itaueira Agropecuária, uma das duas maiores produtoras e exportadoras brasileiras de melão cearense.

"Por enquanto a fruticultura do Ceará está bem. Até agora o abastecimento tem atendido quase 100% das necessidades. Mas á vai começar a suspensão de novos plantios ao longo do Canal da Integração e, principalmente, no Tabuleiro de Russas, devido a limitações de suprimento de água", informa.

Na avaliação de Carlos Prado, a escassez hídrica só prejudicou mais fortemente até o momento os perímetros irrigados de Curu-Paraipaba e do Baixo Acaraú, que não representam grande percentual na produção frutífera do Estado.

Exportação sem problemas

Quanto à fruticultura de exportação, o empresário afirma que, por enquanto, ela segue sem problemas de abastecimento.

"A água que irriga essas plantações vêm do Banabuiú e do Castanhão. Por esse ponto de vista, a próxima safra estaria garantida, já que o Banabuiú tem promessa de suprimento até 1º de fevereiro do próximo ano", diz.

Porém, segundo Prado, a grande interrogação do setor produtivo diz respeito realmente à próxima safra.

"Precisamos de garantia de suprimento de água para a próxima safra. Senão seremos todos prejudicados, tanto quem planta atualmente, como também deixaremos de atrair novos investimentos para o Estado", afirma. Segundo ele, o Ceará corre sério risco de ficar sem produzir por falta de suprimento hídrico.

Solução

Para mudar essa perspectiva, Carlos Prado aponta duas soluções. "A primeira seria termos chuvas normais. A segunda é a implantação de sifões de bombeamento, que não foram implantados antes, para permitir o uso de 100% do Canal da Integração, que hoje trabalha com pouco menos de 50% de sua capacidade. Ou seja, há água, mas não pode ser utilizada por falta de transporte", analisa.

Perspectivas

Mesmo no caso da vinda de chuvas, as expectativas não são muito animadoras para o analista de mercado da Central de Abastecimento do Ceará S.A (Ceasa), Odálio Girão.

De acordo com ele, com a capacidade muito abaixo do limite, os açudes cearenses terão uma reposição muito lenta mesmo se ocorrerem precipitações chuvosas no próximo período.

Para Odálio, é necessário apelar também para a construção de mais poços cartesianos no Interior visando manter o cultivo em alta atividade. "Até dezembro, pelo menos, esperamos um quadro chuvoso melhor para mudar essa perspectiva negativa diante do atual quadro climático do Nordeste", diz. (AC)

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