144 mil estão na fila do desemprego na RMF

A redução do nível ocupacional foi puxada pela indústria de transformação, que eliminou 14 mil vagas

Escrito por Redação ,
Foto: FOTO: MARÍLIA CAMELO

O desemprego voltou a crescer na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) no último mês de julho. Depois de três meses consecutivos de queda, a taxa de desemprego tornou a subir no sétimo mês de 2014, passando para 7,8% - 0,4 pontos percentuais (p.P.) além da taxa verificada em junho (7,4%). Em números absolutos, o contingente de desempregados foi de 144 mil pessoas, significando oito mil a mais na fila do desemprego.

O aumento decorre da eliminação de seis mil postos de trabalho no mês associada a entrada de duas mil pessoas na População Economicamente Ativa, que totalizou 1,84 milhão de pessoas pressionando por uma vaga no mercado de trabalho local.

A redução do nível ocupacional na RMF foi puxada pela indústria de transformação e pela construção civil, que eliminaram 14 mil e 12 mil vagas, respectivamente, experimentando retração de 4,5% e de 8,4%, nessa mesma ordem. A redução nas ocupações só não foi maior devido a criação de 24 mil vagas no setor de serviços, que teve alta de 2,9% entre junho e julho de 2014. Já o setor de comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas manteve o mesmo número de ocupados do mês anterior.

As informações são da Pesquisa de Emprego e Desemprego na RMF desenvolvida mensalmente pelo Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), órgão vinculado à Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS) do governo do Estado.

Para o titular da STDS, Josbertini Clementino, mesmo com a queda no comparativo mensal, os resultados ainda são favoráveis. "Em relação ao ano passado, nós tivemos uma situação de decréscimo. Em julho de 2013 tínhamos uma taxa de 8,4% enquanto esse ano estamos em 7,8%. Então, apesar da alta entre junho e julho, de 7,4% para 7,8%, ainda estamos numa situação de quase pleno emprego e essa ainda é a nossa melhor taxa da série histórica para o mês de julho, desde 2009", afirma o secretário, que atribui a elevação da taxa ao fato de julho ser considerado um "mês atípico", em função da realização da Copa.

Influências

Na avaliação do analista do mercado de trabalho do IDT, Mardônio Costa, o fechamento de postos de trabalho na indústria de transformação e na construção civil, em julho, refletem mais do que o efeito Copa, mas também reforçam o que vem acontecendo no cenário econômico local. "Claro que a Copa interferiu, mas não foi só ela. No caso da indústria, já vinha caindo a produção e a utilização da capacidade instalada. E, em julho, esse processo continuou e até se intensificou devido ao número de dias parados. Já o setor do comércio, apesar de estar com melhor desempenho do que a média nacional, não contratou. E a construção civil, que está bem no Ceará, também registrou redução no nível ocupacional", analisa.

Mulheres foram  as mais apenadas

Para o analista do mercado de trabalho do IDT, Mardônio Costa, a retração no nível ocupacional foi geral, atingindo a maioria das categorias profissionais. "Se for reparar, caiu o emprego com carteira, o emprego sem carteira, e também o trabalho autônomo. Então não é só o emprego formal. É como se as pessoas tivessem se dado férias coletivas. O autônomo que trabalha na reforma de casa, por exemplo, pode ter parado de trabalhar por vontade própria nesse período para voltar suas atenções para a Copa", aposta.

Em relação às demissões, o analista aponta os extratos da população mais penalizados. "Em julho houve crescimento do desemprego entre as mulheres e entre pessoas com idade entre 25 a 39 anos", afirma. Segundo ele, o aumento da taxa de desemprego aberto, de 5,8% para 6,1%, confirma a pressão mais forte sobre o mercado de trabalho em julho. "O desemprego aberto é um componente que mostra uma retomada da procura por trabalho. Ou seja parte da PEA voltou a pressionar o mercado de trabalho e isso fez que o desemprego crescesse em oito mil pessoas", explica.

Renda

Um dado positivo revelado na pesquisa é que a renda dos trabalhadores e a massa salarial cresceram em junho em relação a maio. O rendimento médio real dos ocupados e assalariados cresceu 0,6%, passando a valer, respectivamente, R$ 1.216,00 e R$ 1.239,00 no mês junino. Já a massa de rendimentos reais cresceu pelo segundo mês consecutivo, tanto para os ocupados (2%) como para os assalariados (2,4%). "Esse crescimento da massa salarial pelos segundo mês consecutivo mostra que houve apenas 'um soluço', como reflexo do impacto sofrido pelo mercado de trabalho no mês", diz Mardônio Costa, que aposta em perspectivas mais otimistas para os próximos meses.

"Para o fim do ano, esperamos melhora por dois fatores. Primeiro, teremos as eleições, que, apesar dos baixos salários, vai elevar o nível ocupacional. Outro ponto positivo é a própria sazonalidade do período, pois, normalmente, a economia aquece no segundo semestre gerando mais postos de trabalho", completa o analista. (AC)

Ângela Cavalcante
Repórter

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