Entenda protestos nas universidades dos EUA contra guerra em Gaza que resultou em milhares de presos

Nesta quinta-feira (2), a polícia desmantelou um protesto pró-palestina na universidade de Los Angeles, na California

Escrito por Diário do Nordeste / AFP ,
Universidade da Califórnia
Legenda: Polícia libera acampamento pró-palestino no campus da Universidade da Califórnia
Foto: ETIENNE LAURENT / AFP

Estudantes da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA), entraram em confronto com a polícia, nesta quinta-feira (2), durante a remoção de barricadas montadas por manifestantes contra a guerra em Gaza, após um dia de intervenções em outras universidades dos EUA que resultou em várias prisões.

Policiais com equipamento antimotim derrubaram uma barricada de madeira que protegia o acampamento no campus e arrastaram as barracas. Usando capacetes brancos, os manifestantes deram as mãos e se alinharam em frente à polícia, que levou vários deles sob custódia. 

Os policiais uniformizados usaram bombas sonoras para dispersar os manifestantes, que gritavam "Deixem-os em paz" em frente ao acampamento. Helicópteros sobrevoaram o local.

Essas manifestações se espalharam por pelo menos 30 universidades dos EUA desde o mês passado para protestar contra o grande número de mortes na Faixa de Gaza na guerra entre Israel e o movimento islamista Hamas. 

As autoridades universitárias estão tentando equilibrar os direitos de liberdade de expressão com as queixas de que as manifestações levaram ao antissemitismo e ao ódio. "Este é um protesto pacífico. Não há contramanifestantes esta noite, chamar a polícia é desprezível. A cidade deveria apoiá-los", disse à AFP Jack Bedrosian, morador de Los Angeles que foi ao local para expressar seu apoio aos estudantes. 

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A forte presença da polícia nos arredores da UCLA ocorreu depois que as forças de segurança foram criticadas por intervir tardiamente diante dos violentos confrontos ocorridos na noite de terça-feira (30), quando grupos de contraprotestantes atacaram o acampamento de estudantes pró-palestinos. 

A UCLA anunciou que as aulas serão remotas nesta quinta (2) e na sexta-feira (3) devido à "emergência no campus" e pediu aos alunos que evitem a área dos protestos.

Protestos em série

As manifestações pró-palestinas começaram há duas semanas na Universidade de Columbia, em Nova York, e se espalharam por dezenas de instituições educacionais nos EUA. 

Na quarta-feira (1º), a polícia realizou despejos na Universidade do Texas, no sul do país, onde desmantelou um acampamento de protesto e prendeu pelo menos 17 pessoas. Os policiais também limparam um acampamento montado dentro de um dos prédios da Fordham Jesuit University, em Nova York. 

Do outro lado da cidade, as forças policiais ainda estavam presentes na Universidade de Columbia, após um violenta desocupação na noite anterior. Cerca de 300 manifestantes foram presos na Columbia e no City College (CUNY). 

Alguns estudantes lamentaram a "brutalidade e a agressividade" da polícia. "Eles nos agrediram, nos prenderam com brutalidade. E me mantiveram preso por até seis horas antes de me soltarem, me bateram muito, me pisotearam, me cortaram", disse à AFP um estudante da Columbia, que deu seu nome como José. 

Mais ao norte, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), os manifestantes se entrincheiraram e bloquearam uma avenida próxima ao campus de Cambridge no auge da hora do rush na tarde de quarta-feira (1º). 

O prefeito da cidade de Nova York, Eric Adams, culpou "agitadores de fora da Universidade de Columbia" pela escalada do conflito, o que os estudantes negam. A reitora da Columbia, Nemat "Minouche" Shafik, que chamou a polícia duas vezes em menos de duas semanas para acabar com os protestos, disse em um comunicado que estava "profundamente triste". 

O governo do presidente Joe Biden - cujo apoio a Israel indignou muitos manifestantes - está tentando manter o equilíbrio. "Acreditamos que é um pequeno número de estudantes que está causando essa perturbação e, se eles vão protestar, os americanos têm o direito de fazê-lo pacificamente dentro da lei", disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre. 

O ataque sem precedentes do Hamas em Israel em 7 de outubro, que deixou 1.170 pessoas mortas - a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP dos números oficiais israelenses - desencadeou uma ofensiva militar israelense que matou pelo menos 34.596 pessoas, de acordo com o movimento islamista dominante no território.

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