QUE NEM TU: Raimundinha, de Paulo Diógenes, inspirou protagonista do filme 'A Filha do Palhaço'

O longa que estreia nos cinemas no dia 30 de maio é protagonizado por Démick Lopes e dirigido por Pedro Diógenes, primo do humorista

Escrito por Redação ,

Quando o filme "A filha do Palhaço" começou a ser concebido, há mais de 12 anos, Pedro Diógenes tinha algumas certezas. A primeira era que o personagem principal, Renato, seria interpretado pelo ator cearense Démick Lopes. A segunda é que Silvanelly, a personagem que o humorista dá vida, teria as formas, tons e conceitos de Raimundinha, quase alter ego de Paulo Diógenes. Foi, em vida, uma homenagem ao seu trabalho e um retrato do humor cearense.

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Prestes a estrear nos cinemas do Brasil, o longa já foi aplaudido e premiado em vários festivais dentro e fora do país. Pedro e Démick- diretor e ator - contam sobre a produção, bastidores de gravações, o impacto do trabalho e as expectativas sobre como o público receberá em circuito comercial. A dupla é a entrevistada desta quinta-feira (9) do Que Nem Tu.

"O filme foi se concretizando, deixando de ser vontade pra virar um projeto, pra virar um filme. E a Raimundinha virou uma referência muito forte. O filme conta a história do Renato, humorista que se apresenta com uma personagem chamada Silvanelly. E a Silvanelly é muito inspirada na Raimundinha, o jeito, o jeito de se vestir, a maquiagem, o estilo do humor... é tudo muito inspirado na Raimundinha", entrega Pedro.

O filme acompanha uma semana na vida desse homem após receber a filha adolescente que ele "abandonou" anos atrás. Eles se conhecem aos mesmo tempo em que se reencontram. 

O filme é parte de muitas coisas e dentro dessas coisas essa relação com o humor. E eu como primo do Paulo Diógenes essa relação com o humor sempre foi mediada por ele, pelo trabalho dele, pela Raimundinha.
Pedro Diógenes
Diretor

Démick, por sua vez, conta a emoção de ver Paulo Diógenes se emocionar com Renato e Silvanelly. O comediante- que morreu em fevereiro deste ano- viu o filme na mostra For Rainbow. Démick conta que após a sessão, ator e humorista se abraçaram emocionados.

Importância da representatividade

Um ponto muito discutido durante o episódio foi sobre a importância da representatividade no cinema. Uma das assinaturas de Pedro Diógenes é ter Fortaleza como um personagem que se repete em suas obras. Para o cearense, é uma forma de reconhecimento com seu público e também uma oportunidade para mostrar o quanto nossa paisagem urbana é potente.

Démick Lopes e Pedro Diógenes, ator e diretor do filme A Filha do Palhaço
Legenda: Démick Lopes, Jesuíta Barbosa e Lis Sutter no filme A Filha do Palhaço
Foto: Ismael Soares

"Foi muito importante quando eu, de alguma forma, comecei a me reconhecer nos filmes ou nas músicas ou nas peças de teatro. Primeiro, antes de cearense ou fortalezense, como brasileiro. A primeira vez que eu vi um filme brasileiro que me tocou foi transformador. Quando eu pude ver Fortaleza em uma tela foi bom demais. Eu gosto muito de levar nosso cenário, nosso sotaque, nosso jeito de falar, nosso jeito de se vestir, nosso jeito de ver o mundo. Me atrai muito levar isso pro cinema. Mas tentando levar Fortaleza como um personagem profundo com suas qualidades e seus defeitos", aponta o cineasta.

"Uma coisa que eu comento com o Pedrinho (Diógenes) é que eu fui estudante de geografia. Eu brinco com ele que ele é um cineasta que tem um olhar de geógrafo. Isso é coisa do homem nesse lugar. Um certo recorte que me mostra Fortaleza muito interessante. 
Démick Lopes
ator

A força do cinema cearense em 2024

"A filha do Palhaço" estreia com outras produções cearense em destaque. "Vermelho Monet", filme de Halder Gomes, também estreia no circuito. "Motel Destino", novo filme do cearense Karim Aïnouz é anunciado em principal seleção do Festival de Cannes. Conjunções que colocam o cinema feito por cearenses na luz.

Démick lembra que em 2009, quando começou a fazer cinema, existia uma dificuldade das produções serem feitas por falta de equipamentos e equipe técnica disponíveis aqui. " Ainda era uma época em que se pra fazer dois longas, os diretores tinham que combinar as datas porque só tinha equipe técnica e equipamento pra fazer só um filme. Hoje tem simultâneo três longas rodando. E outros em produção. É outro momento da cena cearense! E filmes com força e qualidade", compara o ator.

"É um momento muito especial do cinema cearense. Eu sei de pelo menos 5 longas-metragens que serão distribuídos esse ano. Tem o "Vermelho Monet", tem o nosso, depois tem o "Quando eu me encontrar", da Amanda Pontes e Micheline Helena. Vai ter "Estranho Caminho", do Guto Parente. Sei de filmes que estão ficando pontos que vão estrear em festivais. Mas, como eu digo, o cinema tem seu tempo e suas particularidades. 2024 é fruto de muitos anos anteriores. Tem filme que é furto de lei emergencial da cultura. Tem filme que nasceu com projetos dentro de escola de formação. São muitos processos e processos muito longos", pontua Pedro Diógenes.

 

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