Ceará tem caso suspeito de varíola dos macacos, diz Ministério da Saúde
A pasta afirmou que investiga, ao todo, dois casos no País, mas nenhum ainda foi confirmado
Dois casos suspeitos de varíola dos macacos são monitorados no Brasil, sendo um deles no Ceará. O outro foi registrado em Santa Catarina. A informação confirmada pelo Ministério da Saúde (MS), nesta segunda-feira(30).
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Em nota, o órgão afirma que está "em contato com estados para apoiar no monitoramento e ações de vigilância em saúde". Segundo a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), o paciente é residente de Fortaleza e não viajou para locais onde a doença foi identificada. A pessoa segue em isolamento social.
A pasta frisou que foram aplicadas todas a medidas recomendadas, incluindo a busca de contatos e a coleta de material para exames, que está em processamento.
"Salientamos que, após investigação epidemiológica do caso, não foi identificado nenhum deslocamento para áreas em que foram confirmados casos e nem contato com pessoas com a doença. A principal suspeita diagnóstica é varicela", afirmou, em nota.
Na sexta-feira (27), a Sesa havia lançado nota para orientar que os municípios cearenses comuniquem casos suspeitos em até 24 horas. O documento recomendou, ainda, o reforço das medidas de vigilância e monitoramento de possíveis casos.
Apesar do surto de infecções na América do Norte e na Europa, a doença ainda não chegou oficialmente ao Brasil. Na sexta, o primeiro caso da América Latina foi constatado na Argentina.
Na última terça-feira (24), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pediu reforço de medidas não farmacológicas, como distanciamento, uso de máscara e higienização frequente de mãos, em aeroportos e aeronaves, para evitar a entrada do vírus no País.
Caso no Rio Grande do Sul
Em relação ao caso de Santa Catarina, a Secretaria Estadual de Saúde afirmou ao G1 que está investigando "um indivíduo com história de viagem", mas ainda está sendo discutido com o Ministério da Saúde porque o paciente já teria outro diagnóstico confirmado.
"Isso a princípio descartaria o caso. Então, não temos a definição se vai entrar como caso suspeito, pois ainda está em investigação", disse, em nota, ao portal.
Um terceiro caso está sob análise, mas ainda não foi considerado como suspeito, no Rio Grande do Sul.
O que é a varíola dos macacos?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) explica que a doença recebeu esse nome porque foi identificada pela primeira vez em colônias de macacos mantidas para pesquisa, em 1958. Somente em 1970, foi detectada em humanos. A varíola dos macacos é causada pelo vírus monkeypox.
Apesar de ser da mesma família da varíola humana, o patógeno causador da doença dos macacos tem menor risco de complicações. Segundo a OMS, a enfermidade é encontrada na África Central e Ocidental, onde há florestas tropicais e os animais que podem transportar a doença.
Ocasionalmente, pessoas com varíola são identificadas em outros países, após viagens de regiões onde a varíola é endêmica.
Quais os sintomas?
Segundo a OMS, os sintomas duram entre duas e quatro semanas, mas desaparecem por conta própria sem tratamento. A orientação é que as pessoas com os sinais descritos abaixo procurem orientação médica e comuniquem possível contato com alguém infectado. Veja os sintomas:
- Febre;
- Dores de cabeça intensa, musculares e/ ou nas costas;
- Baixa energia;
- Linfonodos inchados;
- Erupções cutâneas ou lesões.
Geralmente, a erupção se apresenta de um a três dias após o início da febre. As lesões podem ser planas ou levemente elevadas, cheias de líquido claro ou amarelado, podendo formar crostas, secar e cair.
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Segundo o órgão, o número de lesões em uma pessoa pode variar de alguns a milhares. A erupção tende a se concentrar no rosto, palmas das mãos e solas dos pés. Eles também podem ser encontrados na boca, genitais e olhos.
Como se transmite?
A doença não se espalha facilmente, mas a transmissão ocorre através do contato com animais ou com a pessoas infectadas. No caso dos seres humanos, estudos apontam que o vírus é transmitido quando há interação física com pessoas que ainda estejam apresentando sintomas (entre duas e quatro semanas).
Até o momento, não está claro se assintomáticos podem espalhar o vírus. De acordo com a OMS, a erupção cutânea, os fluidos corporais (pus ou sangue de lesões na pele) e as crostas são infecciosos. Por isso, é necessário evitar o compartilhamento dos seguintes itens com os infectados:
- Roupas;
- Roupas de cama;
- Toalhas;
- Objetos como utensílios/pratos.
Além disso, úlceras, lesões ou feridas na boca podem ser infecciosas, o que significa que a doença pode se espalhar pela saliva. As pessoas que interagem de perto com alguém que é infeccioso, incluindo profissionais de saúde, membros da família e parceiros sexuais, correm maior risco de infecção.
O vírus também pode se espalhar de uma pessoa grávida para o feto ou de um pai infectado para o filho durante ou após o nascimento por meio do contato de pele.
Varíola dos macacos mata?
Segundo a OMS, os sintomas das pessoas contaminadas desaparecem por conta própria em algumas semanas. Entretanto, há casos mais graves que podem levar a complicações médicas e até a morte. O risco é maior para recém-nascidos, crianças e pessoas com deficiências imunológicas subjacentes.
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As complicações de casos graves podem ser infecções de pele, pneumonia, confusão e infecções oculares que podem levar à perda de visão. Nos últimos tempos, a taxa de mortalidade de casos foi de cerca de 3 a 6%.
Vacina contra varíola protege da doença dos macacos?
A OMS informou que as pessoas vacinadas contra a varíola no passado também terão alguma proteção contra a maioria dos casos da doença dos macacos. Portanto, a vacinação prévia contra a varíola pode resultar em uma doença mais leve.