Pai e madrasta condenados por estuprar e espancar criança até a morte no Ceará têm pena reduzida

A soma das penas dos réus caiu de 114 anos de prisão para 69 anos. Crime ocorreu no ano de 2020

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Vítima tinha apenas 3 anos e era filha e enteada dos acusados
Legenda: Vítima tinha apenas 3 anos e era filha e enteada dos acusados

O pai e a madrasta de uma criança, estuprada e espancada até a morte aos 3 anos, em Russas, no Interior do Ceará, tiveram as penas reduzidas pelo Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE). O tempo de prisão dos réus caiu de 114 anos para 69 anos.

Em decisão unânime proferida no último dia 14 de fevereiro, a 1ª Câmara Criminal do TJCE acatou em parte o pedido da defesa para reduzir a pena de Nemézio Correia Galvão Neto de 45 anos de reclusão para 30 anos; e a pena de Eduarda Ferreira Luiz, de 69 anos de prisão para 39 anos.

Os desembargadores concordaram com a defesa dos réus que houve "o uso desproporcional da fração de aumento de pena para cada circunstância judicial, pugnando pela incidência da fração de 1/8 (um oitavo) para cada circunstância judicial valorada negativamente na primeira fase da dosimetria".

E ainda acolheram a tese de que a causa de aumento de pena dos réus em razão da vítima ser "menor de 14 anos de idade" se converteu em qualificadora (e, portanto, não houve condenação), com o advento da Lei n. 14.344/22 - conhecida como Lei Henry Borel, nome de um menino morto pela mãe e pelo padrasto no Rio de Janeiro.

Em contrapartida, os magistrados recusaram o pedido da defesa para anular o julgamento na Primeira Instância, no qual o Tribunal do Júri da Comarca de Russas condenou os réus, no dia 8 de dezembro de 2021.

Os advogados Abdias Carvalho e Márcio Oliveira, que representam a defesa de Nemézio Galvão Neto e Eduarda Ferreira, destacaram a redução de pena obtida no TJCE e prometeram levar o pedido de anulação do julgamento para Instâncias Superiores: "A defesa recorrerá ao Superior Tribunal de Justiça com o fito de anular o julgamento, posto que a condenação se deu contrária às provas dos autos e ainda tentará diminuir mais ainda a pena, pois a considera desproporcional".

Veja também

Como aconteceu o crime

Nemézio Correia Galvão Neto e a companheira Eduarda Ferreira Luiz foram condenados por matar uma menina de 3 anos - filha e enteada dos réus respectivamente - em Russas, no dia 20 de julho de 2020. O pai foi condenado pelo homicídio, enquanto a madrasta foi condenada por homicídio e também por estupro da vítima.

Conforme a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), a criança foi espancada até a morte pelo casal. Depois das agressões, pai e madrasta levaram a menina para o hospital, mas ela não resistiu aos ferimentos.

"O laudo cadavérico indicou claros sinais de tortura e crueldade na forma empregada pelos denunciados para assassinar a vítima, bem como apontou que a morte decorreu de politraumatismo, ou seja, o casal espancou a vítima até a morte", concluiu o MPCE.

Os suspeitos chegaram a fugir após a morte da criança, mas se apresentaram espontaneamente a uma delegacia da Polícia Civil de Parnamirim, na Região Metropolitana de Natal, no Rio Grande do Norte, para prestar esclarecimentos, no dia 22 de julho daquele ano. O casal não esperava que já havia um mandado de prisão temporária, expedido pela Justiça do Ceará, que foi cumprido pelos policiais civis do outro Estado.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados