Legislativo Judiciário Executivo

Governo Lula repudia ataques a Marina Silva no Senado

A primeira-dama Janja Lula Silva se referiu aos senadores como 'um bando de misóginos'

Escrito por
Raísa Azevedo raisa.azevedo@svm.com.br
(Atualizado às 20:08, em 03 de Junho de 2025)
foto da ministra Marina Silva durante discussão em sessão no Senado
Legenda: Durante uma sessão no Senado, Marina Silva foi alvo de ofensas e se retirou da audiência
Foto: Divulgação/Lula Marques/Agência Brasil

O governo Lula se pronunciou, nesta terça-feira (27), repudiando os ataques de senadores contra a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Durante uma sessão da Comissão de Infraestrutura no Senado, a parlamentar foi alvo de ofensas por Marcos Rogério (PL-RO) e Plínio Valério (PSDB-AM), e se retirou da audiência.

Marina Silva estava na comissão como convidada para tratar da criação de quatro unidades de conservação marítimas no Amapá. Na ocasião, houve diversos embates sobre temas como a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, o Projeto de Lei do Licenciamento Ambiental e a extensão da BR-319. 

A discussão iniciou quando o senador Marcos Rogério cortou seu microfone e a impediu de falar. Marina, então, disse que "não era uma mulher submissa". Logo depois, Marcos Rogério rebateu a fala: "Me respeite, ministra, se ponha no seu lugar".

Minutos depois, o senador Plínio Valério declarou que como ministra ela não merecia respeito. Marina pediu que o parlamentar se desculpasse, caso contrário, deixaria a sessão. Como o pedido não foi acatado, a ministra abandonou a sessão.

"Após mais uma agressão do senador Plínio Valério, lhe dei a opção de pedir desculpas, mas ele se negou. Por isso me retirei da sessão. Não posso aceitar ser agredida e não posso me calar quando atribuem a mim responsabilidades que não são minhas", afirmou Marina Silva.

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Apoio de parlamentares

Diante da repercussão dos ataques a Marina Silva, diversos parlamentares repudiaram as ofensas e prestaram apoio à titular do Ministério do Meio Ambiente.

Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais, divulgou nota manifestando "total solidariedade" do governo do presidente Lula.

"Inadmissível o comportamento do presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado, Marcos Rogério, e do senador Plínio Valério, na audiência de hoje com Marina Silva. Totalmente ofensivos e desrespeitosos com a ministra, a mulher e a cidadã. Manifestamos repúdio aos agressores e total solidariedade do governo do presidente Lula à ministra Marina Silva", disse Gleisi.

A primeira-dama Janja Lula Silva se referiu aos senadores como "um bando de misóginos" e argumentou que Marina "implantou políticas que contribuíram significativamente para o combate ao desmatamento em nosso país, e seu dedicado trabalho torna o Brasil cada vez mais referência nas ações de combate às mudanças climáticas".

"Sua bravura nos inspira e sua trajetória nos orgulha imensamente. Uma mulher reconhecida mundialmente por sua atuação com relação à preservação ambiental jamais se curvará a um bando de misóginos que não têm a decência de encarar uma Ministra da sua grandeza", ressaltou Janja.

A ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, também se pronunciou: "Como mulher negra, como ministra, como companheira de esplanada, sinto profundamente cada gesto de desrespeito como se fosse comigo. Porque é com todas nós. A violência política de gênero e raça tenta nos calar todos os dias, mas seguimos em pé, de mãos dadas, reafirmando que não seremos interrompidas. Toda minha solidariedade, Marina. Seguimos juntas", escreveu ela.

Já o ministro Fernando Haddad destacou o trabalho de Marina Silva em defesa do meio ambiente e da justiça social e como "uma liderança reconhecida mundialmente por sua trajetória de luta pelo bem-estar do planeta e do povo brasileiro. Todo meu respeito e solidariedade a ela", disse.

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