Lixões e o retrocesso para a saúde pública e o meio ambiente

As comunidades próximas a lixões estão mais expostas a doenças respiratórias, infecções cutâneas, problemas gastrointestinais e outras condições adversas

Escrito por Lucilvio Girão ,
Deputado estadual
Legenda: Deputado estadual

A persistência de lixões nas cidades constitui uma grave ameaça não apenas ao meio ambiente, mas também à saúde pública. Essas áreas, onde os resíduos são descartados sem qualquer tratamento adequado, representam grandes riscos diante das práticas insustentáveis que deveriam ter sido excluídas há tempos. A existência de lixões contribui significativamente para a degradação ambiental. Os despejos acumulados liberam substâncias tóxicas que contaminam o solo e as águas subterrâneas, comprometendo a qualidade dos recursos hídricos que podem ser usados para consumo humano e irrigação. Além disso, os lixões são fontes consideráveis de gases de efeito estufa, como o metano, que é liberado durante a decomposição.

Do ponto de vista da saúde pública, as consequências são igualmente alarmantes. As comunidades próximas a lixões estão mais expostas a doenças respiratórias, infecções cutâneas, problemas gastrointestinais e outras condições adversas, devido à proximidade com vetores de doenças como ratos, mosquitos e outros insetos que proliferam nesses ambientes. Torna-se um grande desafio para os órgãos fiscalizadores. 

No Brasil, por exemplo, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010) proíbe a existência de lixões, exigindo que os municípios implementem aterros sanitários que atendam a normas específicas para o tratamento e a disposição final adequada dos resíduos. A lei também incentiva práticas de reciclagem e compostagem, visando reduzir o volume destinados aos aterros. Em síntese, uma alternativa viável e sustentável para a substituição dos lixões seria o investimento em centrais de reciclagem, que poderiam ser usadas como fontes de emprego para aquelas pessoas que dependem dos lixões para sua subsistência.

Ao empregar catadores de materiais recicláveis, as empresas de reciclagem seriam responsáveis pela promoção da inclusão social. Sem dúvida, pensando não somente na sustentabilidade, a reciclagem contribui para a economia. É indispensável que medidas decisivas sejam adotadas para o fechamento dessas instalações irregulares. Devemos investir em alternativas que respeitem a legislação. Com a adequada implementação de políticas públicas e o compromisso com práticas sustentáveis, é possível vislumbrar um futuro onde os lixões se tornem apenas uma lembrança de um passado obscuro.

Alessandro Almeida é diretor comercial da MRV&CO
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