Duas em cada três cidades do Ceará têm pacientes à espera de leitos para tratar Covid -19

Dos 184 municípios do Estado, 122 têm pacientes aguardando transferência

Escrito por Natali Carvalho , natali.carvalho@svm.com.br
Enfermeiras cuidam de paciente em leito
Legenda: Ao todo, 67 municípios solicitaram novos leitos de UTI ou enfermaria, contabilizando 224 solicitações totais. Destes, foram confirmadas 154 unidade, em 49 municípios
Foto: Antonio Rodrigues

Atualmente, há 920 pessoas, espalhadas em 122 (66,30%) cidades do Ceará, que esperam por uma vaga em leitos de hospitais reservados para os pacientes com Covid-19. São cerca de duas em cada três cidades do Estado nesta situação. Os dados são do IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), na atualização no domingo (28), às 19h07.

Além disso, quase todo o Ceará encontra-se no nível altíssimo na métrica de alerta da Sesa. São 174 dos 184 municípios nesta situação, o que corresponde a 94,56% de todo o Estado e se reflete na alta demanda por leitos.

Fortaleza é a cidade onde há mais espera por leitos. São 238 pacientes aguardando, 165 para serem encaminhados para as Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e outros 73 para enfermarias.

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11 dias de espera

Em Horizonte, na Região Metropolitana, há menos pessoas na fila (16 para as UTIs e 12 para enfermarias). Mas nem por isso a situação é menos delicada. Nesta lista está Lucimar Pereira, de 72 anos, avô de Ana Deborah.

O idoso foi internado no dia 16 de março na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município. No dia 18 ele foi intubado devido o agravamento da doença. Conforme relata Ana, Lucimar está "todo inchado” e com diabetes alta, sendo necessária sua transferência para uma UTI, o que aguarda há 11 dias.

Há quase duas semanas a família busca por um leito na UTI. "O médico resolveu internar ele, pois seu pulmão estava comprometido. A gravidade da doença avançou rapidamente e o médico pediu para procurarmos uma UTI. Já batemos em várias portas, mas todos os hospitais estão lotados! Estamos desesperados”, afirma.

A última coisa que a neta ouviu de seu avô foi o pedido de socorro dele, em meio a incapacidade de respirar. Desde então Ana não vê Lucimar. “Não podemos visitá-lo. Sabemos as informações na recepção da UPA por uma enfermeira. Quando existe piora, eles ligam e conversamos com uma assistente social ou o médico que acompanha ele. A maioria das informações sobre ele é passada por telefone”, explica.

Novos leitos

Ao todo, 67 municípios solicitaram novos leitos de UTI ou enfermaria, contabilizando 224 solicitações totais. Destes, foram confirmadas 154 unidade, em 49 municípios. Ontem (28), o governador Camilo Santana anunciou a construção de mais 300 leitos para pacientes com Covid, que serão anexados aos hospitais da rede Sesa.

Serão três unidades de campanha em Fortaleza, nos hospitais de Messejana, Waldemar Alcântara e Hospital Geral de Fortaleza; e três no interior, em Sobral (Hospital Regional Norte), Juazeiro do Norte (Hospital Regional do Cariri) e Quixeramobim (Hospital Regional do Sertão Central).

Atualmente existem 4.646 leitos exclusivos para Covid na rede estadual e em hospitais conveniados, sendo 1.218 de UTI e 3.428 de enfermaria.

O Governo do Estado já adquiriu dois hospitais para o atendimento de pacientes covid, e segundo Camilo, um terceiro já está sendo negociado, pois embora o Ceará tenha 60% de leitos a mais, a demanda está sendo maior devido o grande número de pacientes aguardando transferência, “o que nos alerta ao nível de gravidade em que estamos no Ceará”, explicou durante uma transmissão em redes sociais.

 

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