Luh Lívia, ex-Mafalda Morfina, lança primeiro disco solo

Ex-vocalista da banda Mafalda Morfina (CE), a cantora reuniu sete faixas para o EP “Madre da Peste”. O material foi lançado pela Sony Music

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@diariodonordeste.com.br

Em quase 15 anos de estrada, a banda cearense Mafalda Morfina manteve um pé no underground e outro no cenário pop. A trajetória dos músicos Thiago Arena (guitarra), Renato Manteiga (bateria), Carla Keyse (baixo) e Luciana Lívia (voz) teve espaço na programação de casas alternativas como o Hey Ho Rock Bar (Praia de Iracema) e, em outra direção, seguiu pelos palcos do extinto festival Ceará Music de música pop, além de apresentações grandiosas como as do Fifa Fan Fest em São Paulo (SP) e em Fortaleza (CE), durante a Copa do Mundo de 2014.  

Preparada para ocupar o cenário pop, “sem medo de ser feliz”, segundo ela, a vocalista Luciana Lívia - a “Luh Lívia” - realinha seu foco no meio artístico e agora toca sua carreira solo. Nesta sexta (15), a artista lançou seu primeiro EP, intitulado “Madre da Peste”. O disco tem distribuição digital da gravadora Sony Music e está disponível nas plataformas digitais.      

Em dezembro passado, a cantora lançou o videoclipe de “Cansa”, primeiro single do trabalho. Com a letra escrita por Gabi Albuquerque, a canção traz um recado feminista. Em entrevista ao Sistema Verdes Mares, Luh Lívia comentou a repercussão do single.  

“Foi bem legal perceber que várias pessoas se identificam com a música. É uma chamada para mulheres, homens e todos os seres ficarem atentos ao que queremos construir nesse momento de evolução, social e espiritual. O single foi e está sendo usado em alguns manifestos feministas”, situa a cantora cearense. 

O single e as demais músicas do EP foram gravadas em São Paulo. Na produção do trabalho, Luh teve o suporte de Edu Recife. O produtor já trabalhou com bandas de vertentes mais pesadas do rock, como o Krisiun (SP), e agora busca acertar o ponto de transição da sonoridade da cearense, entre a identidade dela com a Mafalda Morfina e a nova referência solo.   

“É uma busca por essa transição, mas com muitos elementos pop. Ele (Edu) não queria que eu mudasse de uma vez”, sinaliza Luh Lívia.  

Retorno 

Após nove anos, a cantora voltou a morar em Fortaleza. Em 2009, ela se mudou para São Paulo e conta, agora, o que mudou em sua carreira artística depois desse deslocamento. “Ao longo desse tempo, fiz vários contatos artísticos, contactei produtores renomados, conheci artistas como a Pitty, o Bruno Gouveia, do Biquíni Cavadão”, lembra Luh. O vocalista gravou, ao lado dela, a faixa “Poderosa Imperfeição”, uma das músicas de “Carrossel Estático” (2014), segundo álbum da Mafalda Morfina.  

O lançamento do disco dá um passo para alcançar o público do grupo cearense, já extinto. “Até hoje pessoas me perguntam da banda. Sinto que ainda não cheguei em todo o público que acompanhava a Mafalda Morfina. Após a pausa da banda tivemos um momento de hiato. E demorou dois anos para eu lançar a carreira solo”, recapitula Luh.   

O conceito de “Madre da Peste” traz a ideia de ser mulher e do poder pessoal feminino. No vídeo teaser do álbum, Luh Lívia se transforma “de três maneiras. Primeiro, há o renascimento, o embrião, uma mulher ‘terra’, que tem a ver com meu signo (Virgem); o segundo seria o momento do caos, numa transição representada pela figura da Frida Kahlo; e o terceiro seria a própria Madre da Peste, uma mulher que pode ser o que ela quiser”, observa a cantora.  

Futuro 

A capa do álbum traz arte assinada pela artista plástica cearense Maiara Capistrano. “Ela concebeu à medida que ouvia as faixas que eu cantava. Tudo muito orgânico na musicalidade e imagem. Há uma parte importante de mim nesse EP. Mas confesso que quero mostrar mais partes (risos)”, antecipa Luh. 

Ela conta que, por ela, lançaria um disco todo mês. No entanto, a artista lembra que precisa seguir um planejamento e, por enquanto, explora o conceito do álbum e cumpre sua agenda de divulgação. 

“Como artista, sempre priorizo um conceito. Nesse eu trabalho em cima do movimento interno, do que está entre o antes e o depois, entre a lagarta e a borboleta. É o processo do novo surgindo no horizonte, que todos estamos constantemente envolvidos e seduzidos, mas nem sempre partimos no disco voador”, reflete a cantora cearense.  

Madre da Peste 
Luh Lívia 

Sony Music 
2019, 7 faixas 
Disponível nas plataformas digitais 

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