Espetáculo criado com Libras segue em cartaz em Fortaleza

“Felizes para Sempre” une a Língua Brasileira de Sinais e a dança. Segunda apresentação da temporada acontecerá nesta segunda (11)

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@diariodonordeste.com.br

Os bailarinos Clarissa Costa e Jhon Morais resolveram incorporar a Língua Brasileira de Sinais (Libras) para além do uso habitual. Normalmente usada como uma ferramenta de tradução - para a compreensão do público surdo, o recurso faz parte da composição cênica de “Felizes para sempre”, espetáculo de dança que entrou em cartaz desde a última quinta (7).  

Nesta segunda (11), às 9h, a dupla apresenta a peça no Instituto Cearense de Educação de Surdos (Aldeota), com acesso gratuito. A temporada de circulação do espetáculo integra um projeto aprovado no XIX Edital de Incentivo às Artes (categoria Dança) da Secretaria da Cultura do Estado (Secult/CE).  

Após a temporada de estreia em Fortaleza, o grupo segue para Natal (RN) e Recife (PE). Até então, “Felizes para sempre” já foi apresentado em Paracuru/CE (pela programação do Festival de Dança do Litoral Oeste), Pacatuba/CE (Bienal Internacional de Dança) e no Crato/CE (Semana da Dança do Cariri).  

O enredo de “Felizes para Sempre” envolve a euforia do início dos relacionamentos apaixonados. No palco, Clarissa, que também assina a direção do espetáculo, e Jhon alternam movimentos da dança e os gestos de Libras. É o segundo projeto dos bailarinos com essa concepção. O primeiro foi “Verdeouvir” (2018). Em entrevista ao Sistema Verdes Mares, a dupla contou detalhes sobre a criação da peça.

Como foi desenvolvida essa ideia de incorporar as Libras à composição de cena? 

Jhon - Olha, nosso espetáculo é um trabalho de dança. A gente tem as Libras como um recurso de composição. Ela está dentro do trabalho, ora misturado aos movimentos de dança, ora a gente faz os próprios sinais de Libras. Não há um texto a ser interpretado ou traduzido nas movimentações. A gente dança (com) a própria Libras.  

O espetáculo teve sua estreia em 2016. Como se desenvolveu a relação com o público? Vocês tiveram muitos ‘feedbacks’ dos espectadores que são surdos? 

Clarissa - A nossa pesquisa começou em 2014, mas de fato a gente começou a circular em 2016. Com o passar das apresentações, fomos percebendo que, por mais que a gente fizesse muitos convites a amigos surdos, a professores surdos também, a gente não tinha muito a presença deles na plateia. 

E foi aí que a gente percebeu que o nosso trabalho fazia um papel de aproximar as pessoas ouvintes da cultura surda. Principalmente de se aproximar das Libras. É um trabalho acessível para surdos e ouvintes, não importa se você sabe ou não Libras. Mas a gente percebeu como as pessoas ouvintes tinham vontade de aprender a língua depois de assistir o espetáculo e interagir com a gente.  

Serviço 
Felizes para Sempre 

Espetáculo de dança dos bailarinos Clarissa Costa e Jhon Morais. Nesta segunda (11), às 9h, no Instituto Cearense de Educação de Surdos (Av. Rui Barbosa, 1970, Aldeota). Entrada franca. Contato: (85) 3101.1391

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