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Em meio à inquietude da rotina, aplicativos de meditação podem ser aliados no desenvolvimento de práticas visando ao bem-estar físico e mental

Escrito por Diego Barbosa , diego.barbosa@diariodonordeste.com.br

A artista cearense Alessandra Castro começou a desenvolver transtorno de pânico devido ao acúmulo de atividades na rotina. Com o tempo, os sinais foram aparecendo das mais diversas formas, indo do constante mal-estar à dificuldade para dormir.

“Para me recuperar, comecei a fazer alguns acompanhamentos psicológicos e descobri a prática da meditação. Hoje, participo de um projeto no Instituto Federal do Ceará (IFCE) que está fazendo uma grande mudança na minha vida”, conta, mencionando a IFCE Saúde e Consciência, ação idealizada por João Bosco e Marcelo Teles, ambos professores da instituição e, desde julho de 2017, facilitadores de meditação.

Aliando aos encontros, Alessandra passou a usar o aplicativo Lojong para complementar os efeitos positivos da meditação, visto que não tem disponibilidade de frequentar as sessões diariamente. Disponível em português nas versões iOs e Android e com acesso gratuito para determinadas funções, a ferramenta oferece uma série de procedimentos baseando-se no programa Cultivating Emotional Balance, da Universidade de São Francisco (EUA).

Ela salienta, porém, que as diferenças entre o uso da plataforma e a participação presencial nos encontros são bem diferentes. “O suporte virtual é uma boa saída para não sair do caminho da meditação. Porém, nas sessões, sentimos a energia um do outro, conversamos… As duas coisas, então, se complementam”, avalia.

Flexibilidade

Opinião semelhante é compartilhada pela turismóloga Sulamita Lima, que desde março deste ano exercita a prática da yoga presencialmente como consequência da utilização do aplicativo Headspace, outra ferramenta virtual de otimização do equilíbrio corporal e emocional. “Antes de frequentar as aulas de yoga, já conversava com pessoas sobre o benefício da meditação, mas como não tinha tempo nem dinheiro, recorri ao suporte, que serviu como um teste”, lembra.  

Matheus Conde, praticante do Centro de Estudos Budistas Bodisatva (CEBB) e com formação em andamento na seara da yoga, avalia de forma positiva os aplicativos de meditação. Porém, recomenda a atenção na dinâmica de funcionamento de alguns deles.

“Eu utilizo o Insight Timer, que é bem completo. Mas, ao avançar no suporte, o usuário vai ganhando estrelinhas pela quantidade de tempo que passa na atividade, o que é ruim para a compreensão do que é a prática em si. A meditação, na verdade, não está buscando nada. Ela ajuda a pessoa a dar-se conta da respiração e do estar presente”, dimensiona.

João Bosco, idealizador do projeto de meditação do IFCE, reforça a visão de Matheus ao salientar que o hábito da meditação deve ser diário – seja praticado de forma individual, por meio de um aplicativo, ou coletiva. Para ele, que utiliza a plataforma Unplug e a considera um recurso criativo, os esforços para desacelerar a rotina devem ser contínuos.

Opinião de quem usa

Lojong

(disponível em iOs e Android) "Utilizei durante três meses de forma gratuita e estou há um mês pagando pelo pacote de informações e atividades. É bastante útil porque possui uma seção de meditações específicas, como para ansiedade e transtornos de pânico, além de ser totalmente em português e trazer informações interessantes, como uma introdução à meditação" Alessandra Castro, cantora

Headspace

(disponível em iOs e Android) "É de simples uso, além de ter uma interface atraente. Para quem deseja iniciar na área, é ideal porque possui sessões guiadas, em que se você escolhe quanto tempo, dia e tema para meditar. Depois do estágio inicial, que é gratuito, você pode desejar sessões mais longas, pagas. Para quem não quer custear as atividades, o aplicativo aos poucos começa a se tornar desinteressante, porém, e é inglês". Sulamita Lima, turismóloga

Insight Timer

(disponível em iOs e Android) "É bacana porque pode ser utilizado como uma espécie de rede social, facilitando que os usuários compartilhem suas experiências de meditação. Além disso, é bem completo, apresentando quantas meditações você já realizou, por exemplo. Porém, trabalha com um sistema de recompensas que pode deturpar a forma de visualizar a prática meditativa". Matheus Conde, praticante do Centro de Estudos Bodisatva

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