Entre Nerds & Otakus: carreira internacional

Trabalhando desde 2002 no ramo, Luciano Monteiro começou a dublar com 8 anos na saudosa Herbert Richers. Desde então, tem colecionado papéis em filmes, séries e animações. Agora atua na sede da The Kitchen, em Miami, na qual dirige as dublagens, além de ajudar no recrutamento e na capacitação profissional de novos talentos.

Mesmo trabalhando em outro país e em séries de canais de TV como AMC e BBC, Luciano será conhecido no Brasil ainda por muito tempo por interpretar a voz de Finn, o protagonista humano da série animada 'Hora de Aventura', do Cartoon Network.

O dublador disse que a primeira experiência com a profissão foi nas mãos da diretora Angela Bonatti. Apesar de já ter feito trabalhos como ator de TV e teatro, além de cursos na área de dublagem, as técnicas e dicas dadas pela diretora foram preciosas e o ajudaram a crescer no ramo.

Em sua carreira, além do Finn, Luciano destaca outros personagens marcantes: Linus, de 'As Aventuras de Sharkboy e Lavagirl'; Lewis, de 'A Família do Futuro'; Christopher (Jaden Smith), de 'À Procura da Felicidade'; Charlie, de 'A Fantástica Fábrica de Chocolate', e os irmãos de 'Zack & Cody: Gêmeos em Ação'.

"Uma coisa que eu sempre tentava fazer era tirar mensagens positivas de cada personagem e como eu podia usá-las, aproveitá-las na minha vida. O Charlie sempre falava na importância da família, o Lewis sempre dizia pra seguirmos em frente independente dos obstáculos, o Finn tem a mensagem da amizade dele com o Jake. Sempre gostei de fazer produções que acrescentam alguma coisa na gente, que nos faz melhores, sabe? Hoje em dia tem muita coisa ruim passando e podendo afetar a gente de maneira negativa", enfatiza o ator.

Finn e Jake

'Hora de Aventura' é considerado pelo artista como o maior presente de sua vida. "O desenho possibilitou que eu tivesse um contato muito maior com meus fãs e com o público. Passei a fazer diversos eventos de dublagem, conhecer fãs de diversos lugares do País. Fiquei muito feliz em ver o quanto as pessoas amam a dublagem e esse desenho. Saber que eu faço parte disso é muito gratificante pra mim".

Ainda sobre o desenho, ele diz que no início não o entendeu bem, mas quando analisou mais profundamente, percebeu o quão incrível era. "Um mundo pós-apocalíptico em que Finn é o 'único' ser humano que restou, ele sempre anda com seu capuz pois sabe que não pode mostrar quem realmente é. Enquanto isso, Jake desenvolve uma amizade com ele e mostra que estão juntos, independente do que aconteça. Essa mensagem do amor deles um pelo outro é muito legal, ainda mais na sociedade que vivemos hoje em que falta compaixão, educação e amor ao próximo", afirma.

A decisão de ir para Miami foi cuidadosa, deixar o que havia conquistado por aqui não foi fácil, mas ele resolveu se desafiar. "O mercado aqui tem crescido bastante e a qualidade está melhorando cada vez mais e mais. É impressionante ver como é possível trabalhar o potencial nas pessoas, ainda mais quando se tem interesse".

Luciano completa dizendo que muitos criticam negativamente Miami quando falam de dublagem, mas enfatiza que, assim como existem estúdios bons e ruins em São Paulo e Rio de Janeiro, em Miami isso não é diferente, "é importante analisar o cenário".