Bandas cearenses, como a instrumental Lilt, lançam trabalhos autorais

"Solis" é o primeiro disco do grupo de rock Lilt; banda George Belasco & O Cão Andaluz é outro destaque na cena local

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@diariodonordeste.com.br
Legenda: O Lilt começou a produzir há três anos, após lançar o EP "Spacelapse"
Foto: Foto: Paulo Victor Ferreira

Antes dos tempos de comunicação digital, um artista independente produzir com o ídolo era algo incomum. Agora, o trio de rock instrumental Lilt (CE) lança seu álbum de estreia e conta, nos créditos da mixagem, com a assinatura de Billy Grazadei, do Biozahard (EUA), uma referência do hardcore no mundo inteiro.

A parceria começou a fazer sentido quando o Biohazard fez seu primeiro (e único) show em Fortaleza, há seis anos. "Ele ficou curioso em ouvir (a Lilt). O Paulinho então mandou, despretensiosamente, uma demo pra ele. E, num domingo de gravação, fomos surpreendidos por uma ligação internacional, e era ele. A gente ficou de cara total", recapitula o baixista Jones Vasconcelos.

O Lilt ainda traz Paulo T (guitarras, synths e samplers) e Leonardo Mamede (bateria) na formação. "Solis" traz 10 faixas instrumentais e conta com a chancela do selo Sinewave (CE). "Andromeda", a faixa de abertura, já tinha saído como single desde maio do ano passado.

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A banda local combina o DNA do hardcore e vertentes do rock mais vigorosas, à leveza do dub e de outros gêneros musicais. Na ativa há três anos na cena fortalezense, a banda conseguiu viabilizar o primeiro disco mobilizada pela disposição do ídolo Grazadei e pelo apoio dos amigos.

"O Billy tinha uma turnê pra fazer com o Powerflo (sua nova banda) e nos deu 10 dias pra terminarmos tudo da gravação e levantar os custos necessários. Ele cobrou um valor camarada, disse que não praticava esse tipo de preço, fez porque gostou mesmo. Daí corremos feito doido", lembra Jones.

Com a arrecadação, a banda encaminhou a gravação para Billy Grazadei mixar o repertório no Firewater Studios, em Los Angeles (EUA).

Composição

Firme na proposta de produzir uma música instrumental contemporânea, o trio compõe deixando um campo "aberto" para vários recursos além da voz.

"Justamente por compor as faixas com muitos inserts de efeitos, camadas, sintetizadores, isso ambienta bem o som e preenche com o que consideramos necessário", sintetiza Jones Vasconcelos.

O baixista observa que essa liberdade só amplia o apelo dos temas, e ajuda a formação a transitar por diversos gêneros musicais - sem perder a essência da música instrumental.

"Podemos ter fragmentos de rock, post-rock, hardcore, reggae, dub, hip hop. Ou de repente misturar isso tudo. O que vier na telha. Nossa mensagem está embutida na experiência sensorial que as músicas provocam", reflete Jones.

Como quase toda formação instrumental, o Lilt traz "outra cara" para as músicas ao vivo, embora, segundo o baixista, se mantenha fiel ao que prepara em estúdio. "Tocamos em cima das bases, com todos os elementos e sintetizadores programados, o legal é que podemos improvisar em cima disso", sugere.

 

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