Denúncia torna indefinida a permanência de Bebianno no Governo

Alvo de investigação, ministro da Secretaria-Geral da Presidência enfrenta desgaste e cria pressão para Bolsonaro

Escrito por Redação ,

A permanência do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, na função se torna, a cada dia, mais incerta, criando pressão para o Governo Bolsonaro. O ex-presidente nacional do PSL virou alvo de uma investigação sobre supostas irregularidades na aplicação do dinheiro do Fundo Partidário nas últimas eleições.

Um dia após voltar a Brasília, depois da cirurgia em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro aguarda o resultado da apuração da denúncia. Nesta quinta, Bebianno negou um complô para derrubá-lo. "Não sou moleque, e o presidente sabe. O presidente está com medo de receber algum respingo", disse à revista Crusoé.

A situação delicada de Bebianno mobilizou as conversas no meio político,que especulam sobre os desdobramentos de uma eventual saída do ministro. Durante a campanha, Bebianno chegou a ser cotado para o Ministério da Justiça, cargo que acabou com o ex-juiz Sérgio Moro. Advogado, o ex-presidente nacional do PSL era responsável pelas decisões jurídicas da campanha.

Maia

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse que não quer envolver o Legislativo com o Executivo. "Essa é uma crise do Executivo, das relações entre o presidente, a família e o ministro Bebianno", disse Maia.

Nesta quinta, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou à agência britânica de notícias Reuters que Bolsonaro vai tomar uma decisão sobre Bebianno. "Acho que ele está aguardando o momento para conversar com o ministro e acertarem os ponteiros".

Os opositores aproveitam para pressionar o Governo. O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que os partidos vão tentar convocar Bebianno para dar explicações no Senado.

"O presidente tem uma caneta, que ele a utilize ou num processo de investigação ou para demitir o ministro".

Já a deputada governista Joice Hasselmann (PSL-SP) disse que o constrangimento em torno da situação afeta não só o ministro como a bancada do partido no Congresso e o próprio presidente. "Não dá para continuar com essa instabilidade. Estamos respirando um ar tão denso que daria para cortá-lo com uma tesoura".

Em nota, Bebianno negou acusações. "Reitero meu condicional compromisso com meu país, com a ética, com o combate à corrupção e com a verdade acima de tudo".