Transnordestina: Ceará incluído em trecho prioritário

Com parceiro comercial garantido, segundo afirma o presidente da TLSA, representantes da ferrovia aguardam a sinalização do novo governo federal nos próximos 30 dias para consagrar acordo que já havia sido fechado

Escrito por Hugo Renan do Nascimento e Yohanna Pinheiro , negocios@verdesmares.com.br

Os próximos 30 dias serão cruciais para o prosseguimento do projeto econômico da Transnordestina. É o tempo que a equipe de transição do futuro presidente Jair Bolsonaro se reúne com representantes da ferrovia para validar o que foi acordado com o atual governo de Michel Temer. Segundo o presidente da Transnordestina Logística (TLSA), Jorge Luiz de Mello, a expectativa é ele ser chamado a qualquer momento para discutir a temática. 

“Todas as fases já foram discutidas com o governo que está saindo. Precisa ser validado com o governo que está entrando. Estamos nessa fase de validação com o governo que vai assumir. Já estamos com um parceiro estratégico que foi mapeado. Estamos para assinar um documento tripartite entre a gente, governo federal e este agente econômico”.

De acordo com ele, foi acertada a conclusão da Transnordestina em quatro fases, e o Ceará foi contemplado na primeira fase, com previsão de término para 2022. “A primeira fase é um projeto de exportação de minério que é produzido no interior do Piauí no trecho da ferrovia que já está pronta e que vem até o Porto do Pecém. Logo em seguida a gente parte para a segunda fase que é atingir a região de Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), região de grande produção de grãos”.

Mello acrescentou que a terceira e quarta fases agregam a chegada a uma região entre Pernambuco e Paraíba e a finalização até o Porto de Suape. “Em 2022 é a conclusão da primeira fase, 2023 a segunda, 2025 a terceira e 2027 a quarta”. 

Obras

Com as obras ainda em andamento, a Transnordestina é um importante projeto de integração do modal ferroviário para o Nordeste. A ferrovia que deveria ter sido entregue ainda em 2010 liga vários pontos da Região. Atualmente, de acordo com a TLSA, há 600 km prontos, o que representa 52% do total. Porém, no Ceará, há apenas 50 km de ferrovia construídos de um total de 527 km. A empresa ressalta que estão sendo realizadas obras de sondagem de solo, para reconhecer as características do terreno por onde a ferrovia irá trafegar. 

“Nos últimos meses, Governo e TLSA realinharam a estratégia de implantação da Ferrovia Transnordestina, com um novo plano de negócios. A análise integral da utilização da ferrovia concluiu ser a mesma viável, permitindo um grande desenvolvimento econômico e social de uma região bastante carente do Nordeste. Poderão ser transportados minério de ferro, grãos, combustíveis, fertilizantes, gesso e diversos outros produtos. Assim, os Ministérios do Planejamento, dos Transportes e a Casa Civil estão reorganizando o projeto, juntamente com a TLSA, permitindo sua continuidade, tendo como um dos pontos principais a entrada de novos parceiros estratégicos”, informou em nota a TLSA.

“Todo o desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) e a atração de novos investimentos passam diretamente pela conclusão da Transnordestina. Ela é quem vai dar competitividade e vai somar aos impactos que já foram conseguidos para o Ceará, como o acordo com o Porto de Roterdã e os hubs aéreo e tecnológico”, afirma Heitor Studart, presidente da Câmara Setorial de Logística. 

Para o professor do departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), Bruno Bertoncini, há grandes expectativas em torno da ferrovia. “É um projeto muito grande e que não vai trazer só benefícios para o Ceará, mas também alavancar o desenvolvimento para toda a região, sendo um canal de escoamento podendo trazer grãos para o Porto do Pecém e levar combustível do Ceará até Pernambuco e Piauí”. 

“Eu acho que quando ela já estiver em funcionamento e se houver a possibilidade dela ser interligada com a Norte-Sul isso vai trazer um benefício muito grande. Hoje ela está vocacionada no primeiro momento ao escoamento de commodities do que a produtos industrializados”. 

Soluções

Para o Studart, para destravar a Transnordestina o ideal é proporcionar novas modelagens para o projeto. Ele cita como exemplo as short lines (linhas curtas). 

"A Transnordestina está sendo feita do meio para as pontas. Hoje ela está solta, tem pedaços conclusos soltos. Essa short line podia ser feita com transbordos para interligar com o Porto do Pecém. Elas são linhas curtas ligando os polos economicamente viáveis. De Missão Velha (CE) poderia ser licitado uma short line até o Pecém. O Ministério dos Transportes ficou de apresentar até o fim do ano essa modelagem jurídica".

Studart acredita que polos como o Porto do Pecém, Missão Velha, Quixadá e Iguatu possuem fortes potenciais para a implementação das short lines. De acordo com ele, a ideia é ter um trecho com ferrovia interligando com o modal rodoviário até o Pecém.

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