Fortaleza é a 5ª em população

Escrito por Redação ,
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Pela segunda estimativa populacional consecutiva, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), Fortaleza é apontada como o quinto município mais populoso do Brasil. Em primeiro de julho deste ano, um total de 2.473.614 pessoas habitavam a Capital, conforme os números da publicação divulgada ontem, no site do órgão.

Os dados das estimativas populacionais de 2007 indicavam que o município possuía um total de 2.431.415 habitantes, o que representa um crescimento de cerca de 1,73%.

Contudo, estar entre os cinco municípios mais populosos não significa que, necessariamente, uma infra-estrutura adequada esteja sendo criada para suportar tamanha quantidade de habitantes. Como conseqüência, há o aumento na demanda de serviços básicos e primários. Estes, por sinal, chegam ao cidadão com a qualidade comprometida.

Na opinião do cientista político Francisco Moreira Ribeiro, mestre em História Social e professor da Universidade de Fortaleza (Unifor), quanto maior a quantidade de pessoas, mais problemas são gerados pela aglomeração. No caso de Fortaleza, por exemplo, desde o final da década de 1950, o êxodo rural trouxe mais pessoas para a metrópole, ocasionando o inchaço da cidade.

Além disso, por ser uma capital turística, hoje Fortaleza é um pólo atrativo de imigrantes estrangeiros, o que contribui para agravar o problema, sobretudo os do trânsito, já que eles procuram as áreas nobres.

Essa migração, conforme avalia, provoca crescimento desordenado na Capital, sem que haja um controle por parte do poder público. Por conta disso, a infra-estrutura não se adequou. “A gestão municipal está sempre correndo a reboque. O poder público nunca está à frente. Tudo é feito depois da ocupação do solo”.

Os mais prejudicados com isso são os representantes da população de baixa renda. “Ocorrem certas demandas específicas como saúde, educação, lazer, emprego. Assim, nunca a satisfação é plena”, explica.

Diante dessa configuração, o poder público tem que concentrar esforços em três diretrizes, de acordo com José Meneleu Neto, secretário de Planejamento e Orçamento do Município. A primeira é pensar num planejamento de inclusão para a população num prazo de cerca de 15 anos. Após esse período, os fortalezenses vão ter envelhecido e haverá uma inversão da pirâmide demográfica. Em virtude dessa mudança, certas demandas futuras precisam ser pensadas hoje, como a questão do transporte, com ações de acessibilidade, e assistência médica especializada.

É preciso, também, elaborar um novo modelo de desenvolvimento econômico, cujos resultados sejam tanto o crescimento financeiro quanto a divisão igualitária da renda. Por fim, Meneleu Neto diz que é necessário instituir um planejamento que envolva a participação popular, ponto que, para ele, encontra-se mais “avançado” que os demais. Aliás, para o cientista político Ribeiro, esse fator vai ser o principal causador de mudanças para a cidade. Afinal, “ninguém pode esperar pelo poder público. É preciso envolvimento da sociedade por meio da política”.

INCHAÇO DAS CIDADES
Excesso gera falta de estrutura física e social

As conseqüências do crescimento desordenado na vida das pessoas interferem mais no dia-a-dia do que se pode imaginar. Para se ter uma noção, até mesmo o lazer é comprometido pelo excesso de pessoas e sua irregular ocupação do espaço público. Segundo a mestre em administração, Ione Chaves, coordenadora do curso de Gestão Desportiva e do Lazer do Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará (Cefet-CE), já há estudos científicos mostrando que há retração em áreas verdes na cidade.

“A expansão imobiliária tomou tudo. Fortaleza tem poucos locais de lazer existentes. Preocupação com o espaço público não é prioridade”. O Parque Adahil Barreto, por exemplo, existe porque é área de preservação, mas não foi pensado especificamente para isso, critica a professora. “É uma problemática séria. Falta opções para a população como um todo. É comum vermos pessoas se exercitando em áreas inadequadas como avenidas, sujeitas à poluição, riscos de acidentes e assaltos”, diz.

No sentido de evitar que as áreas verdes sejam descaracterizadas, para a arquiteta Nájila Cabral, doutora em Engenharia Ambiental e professora do Cefet, “deve-se implementar uma política ambiental municipal comprometida com a sustentabilidade, que encoraje ou impulsione ações que favoreçam o ambiente saudável e o uso adequado dos espaços territoriais”. O papel do poder público, na sua opinião, é fundamental no trato das questões ambientais. No entanto, a sociedade civil é importante no processo de readequação urbana, pois a ela cabe exercer pressão sobre o poder público, para fazê-lo cumprir a garantia dos padrões de qualidade ambiental. “A realidade cearense, não diferente da brasileira, mostra dificuldades na implementação de uma política municipal comprometida com a sustentabilidade”.

De acordo com a economista Cleide Bernal, doutora em Planejamento Urbano, a não ordenação dessa ocupação do solo gera insuficiência de infra-estrutura física e social. Isto significa, segundo ela, a falta de escolas públicas, hospitais e postos de saúde, moradia em condições de habitabilidade. “Fortaleza precisa de um plano diretor que dê lei à cidade, maior fiscalização do comércio informal, investimentos em infra-estrutura viária, uma campanha de educação dos motoristas e investimentos macivos em transporte coletivo”.

LEVANTAMENTO

2.473.614
milhões é a população estimada para Fortaleza pelo IBGE em 1º de julho de 2008
1,73% foi o aumento populacional da Capital cearense em relação a 2007
lugar é a posição de Fortaleza na lista dos dez municípios mais populosos do País, desde 2000
8.450.527 é a população residente estimada para o Ceará na publicação do IBGE
10.990.249 milhões é a estimativa para a cidade de São Paulo, município mais populoso da lista

JANINE MAIA E RENATA BENEVIDES
Repórteres

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