Ventos do Ceará geram 41% a mais de energia neste ano

Considerando todas as fontes, a geração de energia no Estado registrou incremento de 9% de janeiro a outubro

Escrito por Redação ,

Com a crise hídrica do País e com o desenvolvimento tecnológico, a participação da energia eólica cresceu consideravelmente em 2015, se tornando viável economicamente a produção desta energia renovável. No acumulado de janeiro a outubro deste ano, a geração de energia do Ceará foi de 1.700,8 MW, registrando alta de 9%, em comparação a igual período do ano passado. Deste total, 468,15 MW - equivalente a 27,54% - foram produzidos pelas usinas eólicas, o que corresponde a um acréscimo de 41,2% na produção energética, ante 2014. É o que mostra o levantamento da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

> Estado é o 4º em projetos inscritos, com 92 eólicas

> Energia solar pode ser produzida pelo próprio consumidor em casa

 

d

No País, a geração total de energia no acumulado do ano foi de 61.042 MW, ante 61.514,02 MW no ano passado, um recuo de 0,8% na variação. O Ceará se posiciona assim na contramão do cenário brasileiro, registrando um crescimento tanto na produção como no consumo de energia, enquanto que o País apresentou recuo nos dois índices. O Estado também teve alta de 2,9% no consumo, enquanto o Brasil apresentou uma retração de 0,8%.

O coordenador do Núcleo de Energia da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Jurandir Picanço, explica que antes o custo das energias hidráulica e térmica era bem mais acessível do que o da eólica, por isso não era explorado todo o potencial energético desta fonte.

s

Explorar o potencial

"O que é importante é que esse potencial sempre existiu, hoje em dia, a energia eólica é mais barata do que a térmica. Essa é a oportunidade que o Estado tem de explorar o seu potencial, de desenvolver toda uma cadeia positiva", afirma.

Picanço ressalta que, se não houvesse a crise hídrica e o desenvolvimento tecnológico da região em relação às fontes renováveis, toda a energia do Estado seria suprida pela energia hidráulica, sendo apenas complementada pela eólica. Outro fator que promete implementar na geração é a produção de energia solar. "Foram feitos dois leilões, viabilizando dois parques no município de Icó, com capacidade de 30MW cada um", conta.

Novos parques

O gerente-executivo de Regulamentação, Capacitação e Preços da CCEE, Jean Albino, esclarece que a participação da energia hidrelétrica do País está caindo, entretanto a eólica está em ascensão, apresentando um aumento de 90,2% no acumulado do ano, no Brasil. "A gente está vendo um crescimento, porque estão entrando em operação muitos parques eólicos, principalmente no Nordeste", afirma.

Outro fator para o aumento desta produção são os incentivos dados pelo governo federal, como leilões exclusivos e incentivos tributários.

Albino ressalta que o principal fator do recuo do consumo do País é o atual cenário de crise econômica, e pelas dificuldades climáticas, que vem resultando na diminuição da geração das hidrelétricas. O setor automotivo, o de mineração e o de siderúrgica apresentaram as maiores variações negativas. "A questão do cenário econômico está fazendo com que as indústrias produzam menos". A estimativa para os próximos meses é incerta, porque "o setor elétrico caminha junto com o cenário econômico".

Outras matrizes

Apesar da produção de energia eólica ter apresentado a maior alta neste ano no Ceará, a térmica a carvão mineral é a que produziu mais: até outubro, cerca de 780,94 MW foram gerados, aumento de 9,6% em relação ao ano de 2014. A marca representou 45,91% dos 1,7 mil MW gerados nos dez primeiros meses deste ano. A térmica a óleo foi responsável por 7,49% da geração do Estado, com 127,51MW - 3% a mais que em 2014.

Já a térmica fotovoltaica teve um acréscimo de 4,5% na geração, passando de 0,17MW a 0,18MW - 0,01% do total gerado no Ceará. A única matriz que apresentou recuo na produção de energia foi a térmica a gás, com -17,2%. Mesmo assim, os 324,10 MW gerados a partir desta fonte representaram 19,05% da matriz cearense.

No Brasil, a térmica fotovoltaica foi a que teve o maior acréscimo, de 147,7%, seguido por eólica, hidráulica CGH e térmica a biomassa, com 90,2%, 13,8% e 11,8%, respectivamente. O maior recuo apresentado foi na térmica reação exotérmica, com queda de 94,7%.

Sistema de transmissão

O Ceará passa atualmente por empecilhos para permitir a ampliação de novas usinas eólicas na região, devido ao sistema de transmissão não comportar mais a cobertura de novas usinas. "O sistema atende perfeitamente o que já existe, mas não pode atender novas usinas, assim nós não conseguimos explorar toda a capacidade do Estado", explica Jurandir Picanço.

O Plano de Desenvolvimento Energético estabelece previamente o período em que irão ocorrer as ampliações no setor elétrico, mas Picanço questiona o prazo estabelecido para o início das obras de expansão do sistema de transmissão, alegando que o projeto é urgente.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.