Suape investe R$ 2,2 bi e quer posto de hub port

Principal concorrente do Pecém já planeja ser redistribuidor de cargas do NE desde que o canal iniciou as obras

Escrito por Redação ,
Legenda: Dentre as ações realizadas em Suape, foram feitas dragagem e aprofundamento de canais, bacias de manobra, cais e pátios de carga geral, reformas das estruturas portuárias e construção ou duplicação de rodovias

Principal competidor do Porto do Pecém para o posto de concentrador de cargas no Nordeste, o Porto de Suape, em Pernambuco, já planeja sua infraestrutura para as oportunidades com o Canal do Panamá desde 2007, ano em que as obras de expansão do istmo foram iniciadas. Daquele ano até 2014, foram aplicados mais de R$ 2,2 bilhões, com recursos públicos, em obras de infraestrutura rodoviária e portuária. E mais investimentos já estão projetados.

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Os investimentos realizados no porto foram programados por meio do Plano de Desenvolvimento e Zoneamento Portuário, onde estão previstos terminais e novos berços para absorver essa demanda futura, já observando as possibilidades de negócios com o Canal do Panamá.

Dentre as ações realizadas, foram feitas dragagem e aprofundamento de canais, bacias de manobra, cais e pátios de carga geral, reformas das estruturas portuárias e construção ou duplicação de rodovias.

"Suape é um dos poucos portos públicos brasileiros que nasceu planejado. Isso nos permite desenvolver o Complexo Industrial Portuário de maneira ordenada, evitando as dificuldades antes que estas venham a ocorrer", afirma o diretor de Gestão Portuária do Complexo Industrial Portuário de Suape, Paulo Coimbra.

Os objetivos do porto já estão bem traçados, de acordo com o diretor. "Com a ampliação do Canal do Panamá, teremos condições de ser um hub port para parte das cargas oriundas daquele canal e destinadas às regiões Norte e Nordeste, pois já possuímos infraestrutura aquaviária dimensionada e planejada para recepcionar a frota de navios New Panamax. Além disso, já possuímos sete linhas de cabotagem com escalas semanais para os principais portos nacionais, de forma que o Canal do Panamá irá reforçar a já estabelecida vocação de Suape em servir como porto concentrador de cargas", defende.

Movimentação

O Porto de Suape movimenta hoje uma média de 418 mil TEUs (unidade equivalente a vinte pés) por ano, volume que, segundo o diretor, representa a maior movimentação de contêineres do Norte e Nordeste. São recebidos no terminal pernambucano, regularmente, navios de 5.000 TEUs, já operando com linhas de embarcações de 7.000 TEUs.

Novo terminal aguardado

Conforme Coimbra, o atual terminal de contêineres ainda possui capacidade para expansão sem necessidade de grandes investimentos. "Afora isso, aguardamos a licitação do novo terminal de contêineres, que será realizada pela Secretaria Especial de Portos da Presidência da República. O novo terminal foi planejado para servir de ponto de transbordo para toda a costa leste da América do Sul, com índices de produtividade exigidos em níveis internacionais", defende o diretor.

Ele afirma que o projeto do novo terminal considerou todas as questões referentes a equipamentos, eficiência, produtividade e tarifas. "O novo terminal estará, portanto, adequado às necessidades para atendimento das cargas como hub port", diz. O diretor destaca que, além de investimentos diretos, também foram realizadas ações no entorno que geram ganhos indiretos, permitindo resultados mais satisfatórios para o terminal.

"Nos últimos anos, realizamos melhorias na infraestrutura e manutenção portuária de Suape, o que ampliou nossos níveis de atendimento e trouxe maior eficiência para as operações, acarretando um aumento constante nas movimentações. Também concluímos as obras de duplicação das principais malhas rodoviárias do Complexo, permitindo uma melhor interligação da zona portuária e industrial com o resto do País", garantiu o diretor.

Melhor localizado entre as zonas de maior economia

Se o Porto do Pecém tem a seu favor o fato de ser o porto brasileiro com infraestrutura para receber grandes embarcações mais próximo das linhas de navegação que passam pelo Canal do Panamá, o Porto de Suape defende sua característica de estar em posicionamento estratégico dentro das principais zonas de desenvolvimento econômico da região. Este fator, de acordo com a administração do porto, faz dele mais propício para caracterizar-se como concentrador de cargas do Nordeste.

"Suape é um dos portos públicos mais estratégicos do Nordeste, tendo em vista que 90% do PIB (Produto Interno Bruto) da Região encontram-se em um raio de 800 quilômetros do complexo. Estamos localizados estrategicamente em relação às principais rotas marítimas de navegação nacionais e internacionais e conectados a mais de 160 portos em todo o mundo", defende o diretor de Gestão Portuária do Complexo Industrial Portuário de Suape, Paulo Coimbra.

Ele acrescenta que as características naturais do porto também favorecem a operação portuária, uma vez que se trata de um porto abrigado, com águas calmas e profundidade que varia de 15,5 a 20 metros. "Isso permite realizar operações durante os 365 dias do ano, sem restrições de marés, horários e condições climáticas", defende.

Mais competitividade

O diretor comenta que o Canal do Panamá trará mais competitividade para as exportações nordestinas com destino ao continente asiático, através da criação de linhas diretas para os principais mercados orientais. Ele destaca que Pernambuco tem focado o seu desenvolvimento econômico na industrialização e na vocação logística de distribuição de cargas na Região Nordeste.

A matriz econômica pernambucana foi alterada fortemente nos últimos anos, o que influenciou diretamente na pauta de exportações, que passou a contar como principal item os produtos petroquímicos, e não mais o açúcar e outros produtos básicos. Desta forma, ele ressalta que o crescimento das exportações do Estado terá por base produtos de maior valor agregado.

"Uma vez que Suape já possui todos os pré-requisitos e infraestrutura tanto aquaviária, quanto terrestre, para atender com excelência às necessidades presentes, investimos no planejamento de médio e longo prazo, em processos de melhoria contínua para evitarmos futuras restrições decorrentes de um rápido aquecimento ou demandas concentradas pontuais", conclui. 

Sérgio de Sousa
Repórter

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