Setor de roupas infantis passa longe da crise

Empresa quer dobrar a participação do Ceará em seu faturamento com o lançamento de loja virtual

Escrito por Carol Kossling* - Repórter ,
Legenda: Para o superintendente da Brascol, o Ceará é um centro de confecções que investe cada vez mais em qualidade e moda, além de ser um centro atacadista importante

São Paulo. O Ceará está nos planos de negócios da Brascol, empresa especializada em atacado de moda bebê infantojuvenil instalada em São Paulo. Com 15 clientes no Estado hoje, a intenção da marca é dobrar a participação atual do Ceará no faturamento da empresa, de 0,5%, com o lançamento da loja virtual em agosto. As informações são do superintendente da Brascol, Antonio Almeida. "Este é um mercado que não tem crise. É o mercado da vez, está todo mundo entrando. Em 2015, em relação ao ano anterior, ele se manteve estável", apontou.

>Mercado espera crescer 7,2%

A empresa, há 28 anos no mercado e que dispõe de mais de 35 mil artigos, também deseja ampliar o leque de fornecedores locais que, atualmente, produzem lingerie e bermudas para as marcas próprias da Brascol, o que representa 2% do total fornecido. "Pretendemos aumentar (os fornecedores) por meio de um showroom para atender todo Brasil", destacou. Para o superintendente, o Ceará é um centro de confecções que investe cada vez mais em qualidade e moda, além de ser um centro atacadista importante. "Está no nosso radar para futura expansão, dependendo da evolução econômica dos próximos anos".

Almeida considera que o segundo semestre é sempre melhor que o primeiro no ano e assegura que a empresa está mais confiante em virtude do aniversário da marca em setembro, do Dia das Crianças, em outubro, e, em novembro, uma prévia do Natal. "O primeiro semestre deste ano ficou zero a zero com 2015. Acredito numa recuperação no segundo semestre", afirmou. Em maio, a empresa registrou crescimento de 3% já deflacionado. E, em junho, de quase 10%, quando comparado aos mesmos meses do ano passado. Atualmente, possui 25 mil clientes ativos e uma média de oito mil clientes por mês.

Novas regiões

Além de receber os clientes com ações diferenciadas de marketing em duas lojas instaladas no bairro do Brás, em São Paulo, a empresa utiliza telemarketing para efetuar vendas com os clientes de todas as regiões do País. São cerca de 2 mil ligações por dia. "Neste ano, focamos as regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Pela distância, pegar um avião é mais complicado, mas temos guias e representantes neste locais", destacou. Além disso, outros canais de vendas são utilizados, como o site e o serviço de atendimento ao consumidor (SAC).

Hoje, as vendas no Nordeste representam menos de 10% no negócio da empresa atacadista. "É muito aquém do que temos de potencial", confessou Almeida, destacando que a intenção é dobrar em um ano e meio. "Temos que ir aos poucos, pois tem que ter uma estrutura de centro de distribuição. Nosso primeiro foco é entrar em Goiânia. Mas tem o e-commerce que será lançado para atender estas regiões", explicou. No e-commerce, estarão disponíveis cerca de 10% do total de itens oferecidos pelas lojas, o que corresponde a 3.500 produtos para venda online.

Especificamente para o Nordeste, em virtude da diferença climática em relação aos demais estados brasileiros, a Brascol fez investimentos em coleções especiais e em uma campanha.

Negócios

Neste momento de crise que o Brasil passa, a principal atitude da empresa foi negociar com os fornecedores. "Como por exemplo, viajamos para o Sul, que é forte em malharia e fizemos bons negócios. E ofertamos, como atrativo para o cliente, produto que chegaram a ser até 40% abaixo do preço normal", comentou. Isso auxiliou o cliente do atacadista a ter alternativas e produtos com preços competitivos. Outra medida foi a retomada da importação de peças, mesmo com a alta do dólar.

O segmento principal da empresa é o de 0 a 3 anos, mas trabalham com produtos para até 18. No mix de ofertas, mais de 250 categorias divididas entre confecção, enxoval e puericultura, higiene e segurança, calçados e decoração de quarto para bebê de marcas próprias e multimarcas. "O mercado infantil é muito querido. As pessoas têm vontade de dar presentes além da necessidade. É uma compra por impulso", explicou.

Para criação e desenvolvimento das coleções, quatro vezes durante o ano, são realizadas pesquisas de tendência em feiras de moda no Brasil e no exterior, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. A marca também se preocupa em investir no marketing das marcas próprias.

Interligado à mega store Brascol, com cinco andares, existe um shopping com lojas de fábrica focado no setor atacadista. O empreendimento possibilita aos clientes comprar diretamente da fábrica, aumentando o mix de produtos, a competitividade dos preços e a negociação nas formas de pagamento.

"Fazem parte desse projeto somente marcas de fabricantes que já fornecem para a Brascol e que agora têm um espaço exclusivo para divulgação e venda de seus produtos. Alguns desses fabricantes terão pela primeira vez uma loja de fábrica, então, a exclusividade desse tipo de negócio é ainda maior e melhor para o lojista, seja ele pequeno, médio, ou que faça parte das grandes cadeias varejistas de produtos bebê infantojuvenil em todo o Brasil", afirma o superintendente da Brascol.

Inovação

Nesse novo empreendimento, que aproxima as fábricas dos lojistas, a empresa continua investindo em inovação e traz a tecnologia Radio Frequency Identification (RFID) para o atacado, otimizando a logística da compra. Segundo Almeida, o RFID agiliza a movimentação de entrada e saída de bens e inventário dos estoques, além de trazer rapidez na venda, verificação da identidade dos produtos comprados e a garantia da entrega dos itens adquiridos. Antes da tecnologia, eram lidos 35 mil itens diariamente. Hoje, é o dobro.

*A jornalista viajou a convite da Brascol

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